Trace, comunicação em primeira pessoa, singular e plural
Primeiro canal voltado à cultura afro-urbana no Brasil tem equipe quase toda formada por negros
por Douglas Vieira fotos Divulgação
TELEVISÃO
Estamos acostumados a ver intelectuais, profissionais e influenciadores negros emergi- rem como vozes importantes na mídia, quase sempre chama- dos para falar de temas ligados à negritude e o racismo
Trabalhando nos meios de comunicação em si, há ainda poucos profissio- nais de ascendência africana, principal- mente se olharmos para a proporção da sociedade. Para mudar isso, a Trace chegou ao Brasil
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Na Trace, a gente fala sobre proporcionalidade, não sobre repre-sentatividade. Somos muitos, 54% da população, tinha que ter 54% de nós em cada comercial que vemos na TV”
Tenho 34 anos hoje, já trabalho há 17 anos, e é a primeira vez na minha vida que estou em um lugar profissional em que somos maioria, inclusive comandando a empresa”
O franco- martinicano Olivier Laouchez, fundador da Trace, tentava entrar no Brasil há 15 anos, sempre sem sucesso. Até fevereiro de 2019, quando conheceu o empresário brasileiro José Papa Neto
A primeira chegada ao time foi AD Júnior, que ganhou grande notoriedade em vídeos no YouTube e posts em diferentes redes sociais, sempre falando sobre a crueldade do racismo estrutural brasileiro
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Outros canais negros de televisão, para acontecerem no mundo, precisaram de uma parceria com pessoas brancas. Eu nunca olhei para isso como algo louco”
Sabe qual é a parte mais legal? A gente não fala sobre racismo, porque não precisa. Estamos entre os nossos, não tem a necessidade de pontuar o racismo. É uma comunicação muito nossa”