Ativista, geógrafa e curandeira, Mayalu Waurá Txucarramãe se inspira em seu avô, o cacique Raoni, para lutar pelos povos do Xingu
Por Lais Duarte Fotos Divulgação
AMAZÔNIA
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Longe da floresta a gente não existe. A relação do indígena com a terra vem dos antepassados. Onde os antepassados estão enterrados é a nossa conexão com a terra”
A relação que temos com a terra e a natureza é muito forte. Sabemos que tudo se transforma, o nosso corpo se transforma em terra e, então, nos elementos da natureza”
Mayalu Waurá Txucarramãe é uma jovem liderança indí- gena que nasceu predestinada a ser a voz de seu povo. Seu avô materno foi cacique do povo Waurá. Na parte Kayapó, é sobrinha-neta do cacique Raoni
Quando seu avô faleceu, Raoni deu continuidade aos cuidados e à educação de seu pai. Dos dois povos carrega a herança de liderança ances- tral e a missão de defender o povo, e os direitos dos indígenas
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O que mais admiro nele, que estou tra- balhando em mim, é o amor às pes-soas. É paciência, respeito pelo outro, pela história... Ele cultiva esse amor à humanidade"
Mayalu Waurá Txucarramãe, ativista
Mayalu fez faculdade de geografia, tornou-se secretária-executiva do Conselho Distrital de Saúde Indígena Kayapó, em Mato Grosso. E, para mapear a própria história, fez-se militante da causa indígena
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Se um indígena está ameaçado, se está sofrendo, nós todos sofre- mos. Essa ligação, essa irmandade, nós temos uns com os outros”
É à noite, enquanto dorme, que a pajé recebe os espíritos da floresta. Segundo Mayalu, como num sonho, Kamirrã é levada a ver o doente e o tratamento com a planta correta é revelado