Primeiro humano reconhecido como ciborgue"escuta cores", cria arte com suas percepções e se tornou ativista pelo direito das transespécies
por Nina Rahe Arte Reprodução
ROBÔ
Neil Harbisson atende a videochamada. Mal a imagem se forma na tela do computador e ele avisa que gostaria de apresentar Pol Lombarte, artista que, desde maio, passou a ter acesso a seu cérebro
A invasão se dá pelo fato de que Neil, desde 2004, possui uma antena implantada na cabeça, por meio da qual consegue ouvir as cores: os tons são percebidos como notas e a saturação por meio do volume
Com acromatopsia, doença que compromete a visão, decidiu implantar o chip durante o curso de Composição Musical. Percebeu que os sensores responsáveis pela ampliação dos sentidos estavam em máquinas
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Criamos um sistema muito básico, com computador, webcam e fones de ouvido para escutar as vibrações das cores”
Neil Harbisson, ciborgue
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Era um sensor e, quando comecei a ouvir, meu interesse logo deixou de ser apenas usá-lo como ferramenta para buscar uma forma de incorporá-lo ao meu corpo de forma orgânica”
Neil Harbisson, ciborgue
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A recepção das vibrações foi algo muito novo e precisei me acostumar a esse eco. A antena é agora parte do meu esqueleto, porque o osso no decorrer dos meses foi crescendo”
As pessoas acreditam que se converter em algo que é menos humano é algo ruim, mas não vejo dessa forma. Estamos rodeados de espécies que não são humanas e que não são piores”