O fotógrafo guatemalteco Juan Brenner retrata conflitos geracionais, tensão racial e o comportamento de uma nova geração indígena
por Ricardo Ampudia Foto: Juan Brenner
OURO
A Guatemala é o quinto país mais pobre da América Latina.
Viveu uma guerra civil entre 1960 e 1994.
Em 1976,um grande terremoto matou 23 mil pessoas e destruiu a infra-estrutura do país
Hoje, vive em guerra com o narcotráfico.
A população indígena no país, que já sediou o império maia, é de 44%. Destes, 75% estão abaixo da linha da pobreza, que afeta 49% da população total
É esse caldeirão que o fotógrafo Juan Brenner retrata em seu trabalho, percorrendo o país fotografando bocas cheias de ouro, conflitos entre o tradi- cional e o moder- no e uma nova geração indígena
“
Eu, com 20 anos, não entendia nada da Guatemala, vivia em uma bolha, que é o mesmo que não viver. Naquele momento, achava a Guatemala plana, entediante”
Brenner começou a carreira como fotógrafo de moda em Nova York, assinou grandes campanhas, fez sucesso, mas se perdeu no caminho. Voltou à Guatemala e passou sete anos sem fotografar
“
Viajei pela América do Sul, senti poder indígena no Peru, no Equador. Em El Alto, na Bolívia, você tem 95% da população indígena e vê casas de mais de três milhões de dólares”
Em seu primeiro livro, Tonatiuh, seguiu o caminho do conquistador da Guatemala, o espanhol Pedro Alvarado, para ver como os efeitos da colonização, muito presentes, começam a se dissipar
“
Tudo é sobre ouro. Imagina que a Espanha precisava superar a peste, gente morrendo de fome. Aí vem Cristóvão Colombo e encontra um continente que tá cheio até topo de ouro"