xpulsões em massa. Assassinatos sem castigo. Salários em queda. Informalidade em alta. Racismo nas ruas. Machismo em casa. Apagão na transparência pública. Amazônia ameaçada. Outros biomas também. Pacto pela impunidade. Sozinhos contra o vírus. Em parceria com a Livre.jor, escancaramos um panorama sombrio que o futuro reserva ao nosso país. Confira a primeira parte clicando aqui.
Contra a desinformação
Em dez anos, Polícia Militar do Rio expulsou 347 agentes por lesões, estupros e tortura. Após saída de médicos cubanos, mortes de bebês indígenas crescem 12% em 2019. Fila do Bolsa Família vai de zero a 490 mil no 1º ano do governo Bolsonaro. Em quase um ano, Presidência gasta R$ 8 milhões em viagens para dentro e fora do País. 37% dos estupros na família em SP aconteceram dentro do casamento. O que essas manchetes têm em comum? Existem graças à Lei de Acesso à Informação (LAI), que não deixa os governantes esconderem dados de interesse público.
“Ataques à LAI e à garantia dos dados públicos são sempre um mau sinal sobre o estado da democracia em um país. Afinal, são ataques a um dos direitos que sustenta um regime democrático: o acesso a informações. Se os cidadãos são privados de saber como o governo age, não podem participar da gestão e ela deixa de ser democrática”, explica Marina Atoji, da Transparência Brasil e coordenadora do Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas.
“Ataques à LAI e à garantia dos dados públicos são sempre um mau sinal sobre o estado da democracia em um país”
Marina Atoji, da Transparência Brasil
“Embora boa parte da população entenda a importância da transparência para o combate à corrupção, percebo que o direito de acesso a informações não é tão facilmente relacionado à garantia de outros direitos mais ‘concretos’ como educação, saúde, segurança. É importante que a sociedade civil e nós, comunicadores, passemos a falar sobre o acesso a informações – e a consequência de não tê-lo – de forma mais prática, mais cotidiana”, raciocina.
Então são dois desafios simultâneos: mostrar a importância da LAI e da transparência pública para conscientizar mais a população disto, enquanto mobiliza aqueles que já despertaram para a proteção do direito à informação. Os ataques, desde 2019, não pararam. A gestão Bolsonaro quis aumentar o número de pessoas que tornam informações secretas, o Congresso barrou. Agora quiseram deixar perguntas sem respostas até 2021, “por causa da pandemia”, mas o STF bloqueou.
Marina Atoji faz um convite. Que sem a pressão da população e das entidades da sociedade civil, é de se esperar o contínuo agravamento dos casos de desrespeito à transparência e o relaxamento do governo, por exemplo, com os dados da saúde pública no pós pandemia. Só lembrar que depois da queda de dois ministros da Saúde, e o número de infectados e mortos subindo, a gestão Bolsonaro quis mudar a divulgação dos dados. A Justiça proibiu. E veículos de comunicação fizeram um consórcio para não depender do governo federal.