
utro dia estava esperando uma resposta que nunca chegou daquele contatinho que tinha começado a conversar. Quando fui procurá-lo nas redes sociais, vi que tinha sido bloqueada de sua conta. Porém, que atire a primeira pedra quem nunca deixou de responder alguém por medo de terminar, por preguiça ou apenas porque esqueceu que tinha uma mensagem pendente. Essa é a principal característica do ghosting, termo que vem do inglês “ghost” (fantasma, em tradução livre) e significa algo como sumir de uma relação sem finalizá-la.
Foi o que aconteceu com a comunicadora Veronica Oliveira, dona do perfil Faxina Boa (@faxinaboa), que fez uma viagem de um dia a trabalho e, quando voltou, seu marido havia ido embora sem dizer nada. “Eu percebi que ele se sentiu chateado de não ter ido comigo, mas achei que estava tudo bem. Logo que cheguei em casa, reparei que as coisas dele não estavam mais lá. Ao longo do tempo, vi que ele também levou eletrodomésticos e até alguns alimentos, como o azeite que a gente gostava”, relembra. “Mandei mensagens, mas não fui respondida. Após alguns dias, uma advogada entrou em contato comigo para dar entrada no divórcio. Em momento algum conversamos sobre o que estava acontecendo.”
Embora essa prática seja antiga e se assemelhe aos contos do marido que foi comprar cigarro e nunca mais voltou, ela está cada vez mais comum nas relações contemporâneas. O publicitário Joe de Martine conta que já foi alvo de, pelo menos, quatro fantasmas. “Da última vez, conheci um garoto pelo Tinder e saímos por algum tempo. Certo dia, ele veio em casa para conversarmos e assistirmos a um filme e, na hora de ir embora, disse ‘a gente se fala’. Eu logo soube que eram suas últimas palavras. Depois disso, trocamos algumas mensagens e ele nunca mais me respondeu. O problema é que ele levou uma blusa que eu gostava muito e agora não tenho como recuperá-la.”
Para entender o fenômeno tão criticado, é preciso voltar algumas casas e olhar para as novas dinâmicas que a era digital trouxe para a sociedade, como a maior conectividade e o surgimento dos aplicativos de relacionamentos – que ampliam a rede de contatos e proporcionam rapidez na hora da paquera.