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Masculinidades negras: do rompimento aos afetos

Homens pretos morrem mais, ganham menos e são hipersexualizados pela sociedade. Mas muitos deles lutam, com força e ternura, para mudar esse cenário

por Ismael dos Anjos Atualizado em 15 abr 2021, 15h38 - Publicado em 30 out 2020 00h31

Masculinidades negras: do rompimento aos afetos

É comum ouvirmos, na nossa sociedade, sobre o masculino como o gênero no poder. No Brasil, por exemplo, o homem ocupa 85% do Congresso Nacional e 87% dos cargos de CEOs. Mas se o patriarcado permite que o homem garanta para si todos os benefícios que o poder tem a proporcionar enquanto ele segrega, limita, exclui e mata mulheres – uma mulher é morta, vítima de violência, a cada 2 horas em nosso país (Monitor da Violência, 2019) – também nos compele a pensar sobre quem ocupa o topo dessa pirâmide. 

Afinal, de quem estamos falando quando falamos do homem assim, no singular?

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“O modelo de masculinidade hegemônica patriarcal é baseado no homem branco, e em um modelo muito específico de homem branco. Que é o homem branco, cisgênero, hétero, detentor de riquezas, de posses. Próprio do poder, uma figura muito ligada à do coronel, que é esse lugar que o colonialismo traz”, explica Túlio Custódio, sociólogo e curador de conhecimento. 

“O modelo de masculinidade hegemônica patriarcal é baseado no homem branco, e em um modelo muito específico de homem branco. Que é o homem branco, cisgênero, hétero, detentor de riquezas, de posses”

Túlio Custódio
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(Jef Delgado/Fotografia)

Embora expressões como “homem é tudo igual” façam parte do imaginário popular, não é preciso ir muito longe nos números para entender que não é bem assim. Quando se trata da distribuição de renda no Brasil, por exemplo, raça tem mais impacto que gênero. Os homens e mulheres brancos recebem, em média, R$ 3.138 e R$ 2.379, respectivamente. Com renda ponderada de R$ 1.762, os homens negros ficam abaixo das mulheres brancas e são seguidos pelas mulheres negras, com R$ 1.394 (PNAD 2018). 

Quando olhamos para a escolaridade, um marcador que costuma evidenciar o acesso a oportunidades, os homens negros são o grupo que mais vivencia o abandono educacional, já que 44,2% dos jovens negros, entre 19 e 24 anos, não concluiu o ensino médio. Entre os brancos, o número é de 29,4% (PNAD 2018). 

“O principal impacto que essa construção clássica do homem tem sobre as construções dos homens negros é o do não lugar”, acredita o advogado Joel Luiz Costa. “Você está sempre correndo atrás de uma imagem que nunca irá alcançar, porque existe quem você é, existe o lugar que é vendido como o de um homem ideal, e não há uma ponte efetiva que te ligue a esse lugar. Independente do que você venha a fazer – seja uma ascensão financeira, uma ascensão profissional, uma ascensão intelectual –, nada disso te tira do lugar do homem negro, e nada disso te leva ao lugar do homem branco”.

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(Arte/Redação)

À margem dos pilares que sustentam a estrutura do patriarcado, os homens negros costumam protagonizar o outro extremo, composto por prisões e cemitérios. A cada três presos encarcerados no Brasil, dois são negros (14º Anuário Brasileiro de Segurança Pública). A cada 100 pessoas assassinadas no país, 75 são negras, e os homens negros têm, de acordo com o Atlas da Violência 2020, 74% mais chance de serem vítimas de homicídio. Nós matamos e morremos em busca de fazer parte de uma estrutura social em que os mecanismos do sucesso, em sua maioria, não estão disponíveis para a negritude. 

“Muitos de nós, homens pretos, ainda buscamos os padrões de sucesso a partir do que é entendido como sucesso dentro da lógica branca. Isso gera frustração, incapacidade e inadequação, além de nunca nos colocar em um lugar de prestígio como os “machos alfas”, pois o máximo que podemos chegar é no lugar de uma cópia imperfeita de homem branco”, explica o psicólogo Everton Mendes. “A branquitude define lugares de sucesso para homens pretos: música, arte e esportes. Muitos de nós vivemos em busca de sermos aceitos a partir desses lugares. Porém, quando não alcançamos, temos dificuldade de encontrar novos caminhos e acabamos desenvolvendo desordens psíquicas e nos distanciando do convívio social por inadequação”. 

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(Jef Delgado/Fotografia)
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“A branquitude define lugares de sucesso para homens pretos: música, arte e esportes. Quando não alcançamos, temos dificuldade de encontrar novos caminhos e acabamos desenvolvendo desordens psíquicas e nos distanciando do convívio social por inadequação”

Everton Mendes

Um dos dados que costuma povoar a conversa sobre masculinidades no Brasil evidencia esse sofrimento psíquico. Embora muitas pessoas saibam que, em média, os homens cometem entre 3 e 4 vezes mais suicídio que as mulheres no país, poucas pessoas se dão conta de que os jovens negros, entre 10 a 29 anos, compõem o principal grupo de risco. Eles possuem 45% mais chances de suicídio que brancos na mesma faixa etária (Ministério da Saúde, 2019).

“O que é mais drástico na forma como essa construção patriarcal se apresenta na vida e na subjetividade de homens pretos é que ela trabalha para produzir seres matáveis. Nós, homens negros, somos matáveis fisicamente e também simbólica e subjetivamente. Nossa morte subjetiva se dá quando a única perspectiva do que é ser gente, do que é ser homem, está atrelada a essa experiência, essa identidade branca. E a nossa busca por essa masculinidade é também algo que acelera a nossa morte”, explica Roger Cipó, fotógrafo e colunista da Elástica. “Essa construção se utiliza de nós, homens negros, como arma. Produz homens negros que compreendem que a única forma de existir é a partir da produção de violência – e eu também estou falando dos homens negros lotados na polícia, que são utilizados pelo Estado contra outros homens pretos e, ainda que estejam em contingente menor na PM de São Paulo, são os que mais morrem”. 

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Achille Mbembe define esse cenário, de controle de corpos “indesejáveis”, como necropolítica. Para ultrapassar essa barreira, Cipó acredita que há a necessidade de rompimento com esse regime como um todo. “O homem negro é, penso eu, a principal ameaça do status quo. Homens negros ameaçam a humanidade de homens brancos e a humanidade de mulheres brancas, segundo a perspectiva deles. É muito importante que homens negros compreendam que precisamos romper com todas essas experiências de violência”.

“O homem negro é, penso eu, a principal ameaça do status quo. Homens negros ameaçam a humanidade de homens brancos e a humanidade de mulheres brancas, segundo a perspectiva deles. Precisamos romper com todas essas experiências de violência”

Roger Cipó

“Nós já sabemos que a condição patriarcal não compreende a nossa humanidade, a nossa identidade de ser homem. Muito pelo contrário, atua para nos matar. O nosso papel não deve ser buscar um lugar nessa mesa, porque não tem lugar pra gente nessa mesa. O nosso lugar é se alinhar a todo aquele e aquela que foi subalternizado pelo patriarcado, que é desumanizado pelo patriarcado, e trabalhar para romper com a estrutura como um todo”.

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(Jef Delgado/Fotografia)
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A hiper masculinização como regra

“Às vezes ouço colegas que estão fazendo esse debate chamando a masculinidade hegemônica patriarcal de masculinidade branca. Eu entendo de onde vem essa crítica, mas também tenho um pouco de dificuldade em dizer que há uma masculinidade própria do homem negro”, diz Túlio. “Por que se a gente está vivendo em sociedade, nas relações sociais, raciais, de gênero e de classe, essas são masculinidades que de algum modo também nos servem. Sabe aquela coisa do sapato que não serve, mas dá para usar? Vai ser desconfortável, você vai andar meio que mancando, mas é uma boa analogia sobre as imagens de masculinidade que os homens negros vestem quando habitam os espaços de branquitude”.

“Na forma concreta, minha experiência foi a de buscar me estabelecer dentro de alguns desses padrões, e posso destacar dois. O primeiro é o da imagem do homem provedor. Sem dúvida a imagem do meu pai é uma referência forte para mim sobre o que significa ser um homem que batalha, corre atrás, provê para a família”, diz Túlio. “Ao mesmo tempo é interessante porque a gente sabe que historicamente há uma dificuldade estrutural do homem negro preencher esse lugar. Desemprego, dificuldade de aceitação, dificuldades de acesso a oportunidades. A outra imagem é a imagem do garanhão, aquilo que a psicanálise chama de bicho danado”. 

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Para além do estigma do ser forte, aguentar o tranco, não demonstrar fraqueza e ser dominante sempre que possível, a receita da hiper masculinização da negritude costuma recair sobre a sexualização do corpo negro. Não é mera coincidência. 

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“Carregamos heranças da escravização em nossos corpos. Não demonstrar sentimento era sinônimo de resistência, força e garantia de vida, e isso se perpetua ainda nos dias de hoje. Temos poucas referências acessíveis de formas de ser homens pretos que fujam do estereotipo do negão, que é o homem negro forte, potente sexualmente, possui prontidão sexual, resistente, malandro, sedutor, gosta de samba, sabe sambar”, diz Everton Mendes. “No momento de sua adolescência, nossos jovens são enquadrados nesse lugar e, diante de falta de repertório, aderem à hiper masculinização para serem aceitos, pois até então eram os negrinhos, vistos como sinônimos de fracasso, que acabam vendo nesse estereótipo a possibilidade de serem visto pela primeira vez de forma “positiva”. 

O empreendedor social Bruno Horácio, da N.A.V.E (Núcleo de Acolhimento e Valorização da Educação) no Capão Redondo, lembra de viver esse clima na escola. “A gente tem muita tendência a imitar a cultura norte-americana ou eurocêntrica, cristã, toda essa coisa que vem de fora. O homem negro brasileiro é muito mal resolvido no sentido da masculinidade por conta das crenças que nos foram vendidas. Falando na primeira pessoa, desde que nasci ouvia que o legal é ter uma mulher branca, em um padrão de beleza. Sempre tinha uma competição, seja qual for, carregada de estereótipos como achar que você conseguiria resistir mais a alguma dor ou algum desafio porque você é negro”. 

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“O homem negro brasileiro é muito mal resolvido no sentido da masculinidade por conta das crenças que nos foram vendidas. Falando na primeira pessoa, sempre tinha uma competição, seja qual for, carregada de estereótipos, como achar que você conseguiria resistir mais a alguma dor ou algum desafio porque você é negro”

Bruno Horácio

Joel, por sua vez, experimentou o caminho contrário. Preterido na época da escola majoritariamente branca em que estudava, agora é uma figura desejável entre os milhares de seguidores que amealhou no Twitter. “Eu vivo hoje, mais do que nunca, a hipersexualização do homem negro. Tem mulheres que nunca vi na minha vida que falam ‘meu sonho é encontrar o Joel, transar com o Joel, casar com o Joel’. É a figura da ascensão profissional somada ao estereótipo de homem negro vigoroso, de pênis grande e grande autonomia sexual. É algo que sempre me faz refletir sobre que leitura essas pessoas fazem de mim e como fugir disso. 

“Será que essa pessoa realmente gosta do Joel CPF ou do Joel CNPJ? Do Joel pessoa ou do Joel homem negro estereotipado sexualmente? E como se chega no equilíbrio a partir disso? Como você dialoga com a sua adolescência e a sua juventude de isolamento, de preterimento, invisibilidade, com a vida adulta de ser desejado, querido, estar na mídia, holofotes e tudo mais. Achar o meio termo entre esses dois espaços que são tão extremos é muito complicado”.

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Não é simples romper com algo que, ao menos em teoria, pode parecer desejável ou elogioso. “Eu acompanho algumas discussões que têm trazido bastante a questão da fetichização, a expectativa de enxergar o homem como um pauzudo, e fico pensando o quanto isso descaracteriza ainda mais a gente enquanto pessoa. Porque, quando se é visto, se resume a isso. Qual é a coisa boa nessas pessoas, nesses caras? As outras coisas não aparecem”, diz o psicólogo e educador Pedro Pires. “Aí também entram as outras masculinidades. O que acontece com o cara trans, preto, que não tem pau, por exemplo? Não é homem? São questões que a gente precisa dialogar, trazer para escolas e espaços de formação, porque já deu ficarmos repetindo e produzindo esse tipo de violência”.

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Pedro acredita que quanto mais nos aproximamos de nós mesmos, das nossas histórias, mais capacidade teremos de entender como é pensada a construção da sociedade e, por conseguinte, os custos de performar determinadas masculinidades. “Entender e conseguir se afastar dessas construções, desses ideais que nos aprisionam, é um campo aberto de experimentação que é furtado da gente. Desde que a gente nasce já está dito quais as caixas que precisamos ocupar (do masculino, do feminino) e o que tem nas caixas. Quando a gente explode essas caixas, a gente tem a construção do que faz sentido para gente”, diz. “Nessa perspectiva, a gente se responsabiliza pelo nosso processo e também por construir um espaço que seja saudável para todes. Não só para mim, mas para a sociedade. Eu vejo essa possibilidade no lugar do entre, na abertura, fora da ideia do conceito binário”.

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“Acompanho algumas discussões que têm trazido a questão da fetichização, a expectativa de enxergar o homem como um pauzudo, e fico pensando o quanto isso descaracteriza ainda mais a gente enquanto pessoa. Porque, quando se é visto, se resume a isso”

Pedro Pires

Bruno concorda. “Nós homens negros temos um papel fundamental na desconstrução desse sistema, e precisamos construir uma nova estrutura a partir das dores relacionadas ao racismo estrutural e institucional que sofremos. Dores de homens, homens-pais, homens gays, homens trans, homens no plural. Passar para um lugar de mais escuta, de observar e fazer, com atitudes e na prática, as mudanças necessárias para a construção de uma nova narrativa em relação às mulheres e ao nosso lugar no mundo. Nós negros, conforme avançamos, não avançamos sozinhos. E isso abre espaço para que efetivamente o patriarcado diminua”.

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O afeto entre homens negros é a chave da transformação

Para deixarmos de performar uma masculinidade que não é ou não precisa ser a nossa, é preciso caminhar em direção à criação ou resgate de outros significados para o “ser homem”, que contemple os homens negros desde o princípio.

“Em primeiro lugar, eu antevejo uma ação que vai demandar todos os homens, brancos, negros e de outras etnias: acabar com a caixinha do ser homem. Acabar com toda essa coisa de que homem não chora, é forte, provedor, não erra, tem que estar certo e saber sempre a solução. A necessidade de criar condutas específicas para um grupo a partir apenas da questão de gênero cria outros imbricamentos, e vai ser sempre difícil exercer uma masculinidade negra autônoma partindo de um ponto já existente”, acredita Joel. 

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Everton nos lembra, entretanto, que boa parte das masculinidades negras já possui alicerces menos restritos. “Quando entendemos os prejuízos que a colonização e o patriarcado acarretam em nossas vidas, nós podemos fazer um resgate na nossa história, entender quais são os elementos fundamentais para o nosso desenvolvimento e se apropriar deles. Podemos pensar, por exemplo, em como se dá o desenvolvimento na maioria das famílias pretas, onde as mães precisam sair de casa e o pai muitas vezes não é presente”, diz. 

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“A necessidade de criar condutas específicas para um grupo a partir apenas da questão de gênero cria outros imbricamentos, e vai ser sempre difícil exercer uma masculinidade negra autônoma partindo de um ponto já existente”

Joel Luiz Costa

“Os filhos são os responsáveis pela organização desses lares, e os papéis de gênero não são definidos. Tanto o menino quanto a menina têm a função de cuidar do mais novo, de cozinhar e arrumar a casa. Esse é um dos lugares do qual as masculinidades negras derivam. Resgatar a nossa história é uma forma de ser um agente de mudança. Tudo o que é atribuído a nós é vindo de um olhar branco. Precisamos ter a nossa auto definição para podermos criar uma forma de ser/existir dissociada da ideia construída sobre nós, sobre o que é ser homem negro”, explica o psicólogo, acostumado a conduzir grupos de homens negros. “Precisamos de espaços onde podemos normalizar afetos entre homens pretos, acessar a potência do aquilombamento, resgatar as nossas forças e nos enxergar como irmãos”.

“Meu trabalho sempre fala de um retorno para as perspectivas negras e sobretudo africanas de experiência do que é ser homem”, diz Cipó. “O afeto e o autocuidado rompem com a lógica animalizadora, da objetificação e do embrutecimento. O afeto é revolucionário porque é o maior valor que nos foi negado historicamente. Fico pensando que afeto é a nossa única saída, e não estou só sendo romântico não. Estou dizendo que a gente precisa recuperar isso para recuperar o nosso sentido de humanidade”.

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Everton corrobora. “Se eu não me reconheço enquanto humano, não sou digno de amar um semelhante e nem de cuidar de todes que me relaciono: seja companheiro, filho ou os demais relacionamentos. Quando entendo que cuidar de mim é importante, me vejo como alguém digno de receber afetos positivos, ser amado, passível de erro. Diante disso também melhora a relação com o meu entorno, pois passo a ver os meus semelhantes da mesma forma que me vejo”.

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As imagens que você viu nessa reportagem foram feitas por Jef Delgado. Confira mais de seu trabalho aqui.

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