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A separação e o isolamento forçados pela pandemia do coronavírus já há oito meses foi um choque de realidade em muitas pessoas. Quando começamos a enfrentar essa crise, no primeiro semestre desse ano, imaginávamos que sairíamos dessa mais fortes, unidos e tolerantes. O tempo foi passando e, bem… estamos cada vez mais presos às nossas ilhas de pensamento, envoltos em nossos dogmas, alimentando nossas próprias convicções. Nem tudo são flores para quem não está encaixado de alguma maneira em padrões de comportamentos estabelecidos há muitas décadas (séculos?) em nossa sociedade, e o embate em quem quer sua liberdade individual e quem deseja manter o controle pela força – física ou mental – está cada vez mais evidente. Entramos nessa fraturados, e só sairemos dessa quando racharmos de vez.
Em um cenário em que a reflexão foi deixada de lado, e ganha quem grita mais, o maior ponto de análise do que estamos enfrentando se encontra em uma das mídias mais pop do planeta, as histórias em quadrinhos. Mais precisamente, nas séries de X-Men, da Marvel Comics, que passaram por uma reviravolta recente, a fim de se adequar aos novos tempos. A família mutante criada por Stan Lee e Jack Kirby nos anos 1960 evoluiu e se tornou uma nação mutante sob o comando do escritor Jonathan Hickman em 2019, um conjunto de histórias que começa a sair agora no Brasil. Nos X-Men de Hickman, o debate gira em torno de liberdade sexual, religiosa, abusos do capitalismo e da fama online, do extremismo e da constante luta evolutiva entre aqueles que estão no poder e aqueles que desejam se emancipar. De antemão, a Elástica se debruçou pelas mais de 2.500 páginas de histórias em quadrinhos já publicadas nos Estados Unidos, e agora faz um resumo do porquê elas são essenciais para superarmos os tempos que estamos vivendo.