
alar sobre o Chorão é falar sobre a voz de uma geração. E eu falo com isso com a certeza de quem viveu, de perto, o sucesso do Charlie Brown Jr. no Brasil, no fim dos anos 1990 e começo dos anos 2000. A banda que misturava rock, reggae, ska e pop punk californiano, criando um som completamente novo para a época, falava, de forma democrática e fácil de entender, sobre as agruras, as dores, os questionamentos e os amores de boa parte dos jovens marginalizados e igualmente sonhadores do país. Quem já foi em um show do CBJr entende a intensidade do amor de uma legião de fãs que não só se via representada pelas letras, mas pelos discursos de Alexandre Magno Abrão entre uma música e outra – apesar dos inúmero sucessos, parece que suas inquietações não cabiam nas letras que ele mesmo compunha. Era preciso extravasar, conversar, deixar seus pensamentos fluírem e tomar o mundo durante seu contato com o público.
Essa reportagem fica ainda melhor se a trilha sonora for essa playlist:
O documentário Chorão: Marginal Alado, dirigido por Felipe Novaes, é um retrato fiel e muitas vezes duro de um jovem sonhador, que veio de skate de Santos e conquistou grande parte de seus sonhos ao ser o frontman de uma das maiores bandas do país. O longa, que estreia nesta quinta-feira, 8 de abril, em cinemas e nas plataformas de streaming, é fiel porque não endeusa nem demoniza o homem à frente do Charlie Brown Jr, mas mostra a dualidade intensa entre suas qualidades e seus defeitos, ambos levados sempre às últimas consequências. “Percebi, de cara, que ele não era diferente de todos nós. A gente enxergava isso muito mais porque ele era um rockstar, mas ele é uma pessoa como todos nós, por isso foi tão fascinante retratar ele”, explica o diretor em entrevista à Elástica. “O personagem era muito rico, muito controverso. O arco dramático dele é fortíssimo: um skatista desacreditado que virou essa potência que ele virou, com todas as dificuldades, os conflitos, os ciúmes e as disputas”, completa Hugo Prata, produtor e co-roteirista do doc.
“O personagem era muito rico, muito controverso. O arco dramático dele é fortíssimo: um skatista desacreditado que virou essa potência que ele virou, com todas as dificuldades, os conflitos, os ciúmes e as disputas”
Hugo Prata