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Festival MADA celebra 25 anos de música e diversidade

Evento invade Arena das Dunas mostrando que a música alimenta a alma. Por lá, nós conversamos com Margareth Menezes, Russo Passapusso e Gaby Amarantos

por Gabriela Rassy Atualizado em 17 out 2023, 13h07 - Publicado em 16 out 2023 18h43

Um festival de música que resiste ao passar do anos e se prova mais atual do que nunca. O MADA – Música Alimento da Alma completou 25 anos no último final de semana, levando 32 mil pessoas ao estádio Arena das Dunas e reunindo uma programação diversa e escolhida a dedo para 3 palcos. A pluralidade foi a palavra de ordem do line-up, que foi do brega ao trap, passando pelo indie e pelas latinidades.

Na noite de estreia, que aliás foi seguida de um eclipse solar emocionante visto somente em alguns estados do Nordeste, a arena já ficou pequena com o público ávido, rodeando os palcos principais ao som de Marina Lima e Fernanda Abreu, Gaby Amarantos, Matuê, Liniker, Marina Sena, TUM, Ian Medeiros e Luísa e os Alquimistas.

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(Luana Tayze/Divulgação)

Gaby chega representando o Norte com seu rock doido, corpo de baile e performers de voguing. “Eu acho muito importante provocar uma discussão na indústria sobre uma desigualdade musical que nós que somos do Norte vivemos, porque a nossa música é muito potente. Pelos próximos anos, vamos falar muito sobre a Amazônia pelo mundo. Vai ter a COP-30, em 2025 em Belém, em um momento em queo mundo todo tá descobrindo a importância da Amazônia e se engajando”.

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Para ela, uma das principais atrações do MADA neste ano, “quando os festivais e as premiações colocam artistas do Norte não só para cumprir cota, mas de uma forma respeitosa, valorizando a nossa importância para essa indústria, aí o Brasil é inteiro. Se não tem Norte, não é o Brasil completo”, ela diz.

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(Luana Tayze/Divulgação)

Na conversa conosco, a cantora revelou um spoiler de seu novo EP, que será lançado em 20 de outubro. “É um EP de remixes e também de músicas inéditas, chamado ‘PiraruCool‘, e a Lulu dos Alquimistas me deu a honra de cantar comigo uma faixa que se chama ‘Rolha’. A música ganhou uma nova rima, ela meteu um rap muito foda e trouxe a voz dela, a potência da leoa que ela tem. É uma artista que está numa fase de ascensão, e que o Brasil vai poder desfrutar mais do talento ,da beleza e de toda a representatividade que ela tem.”

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Luísa e os Alquimistas chegou, aliás, como headliner do primeiro dia em uma apresentação feita especialmente para o MADA. Com emoções à flor da pele, a banda levou ao palco uma homenagem ao músico Paulo Souto, da lendária banda DuSouto e grande referência das composições de Luísa. Com Gustavo Lamartine e Gabriel Souto, o grupo que levou Natal para a cena nacional atual entoou clássicos marcados na mente de todo potiguar. A apresentação teve ainda participações luxuosas de Getúlio Abelha, Jup do Bairro e Jessica Caetano num movimento catártico.

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(Luana Tayze/Divulgação)

Paralelamente, o novo e terceiro palco, o Baile da Amada fez sua estreia com shows potentes como da cantora potiguar Clara Luz, o DJ 440, o Nordeste Futurista arrebatador de Luana Flores, o mix de grime com funk de Puterrier, além dos destaques da música eletrônica Wavezim, Carlos do Complexo e Dandarona.

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Entre as ativações que ocupavam a Arena, uma tirolesa lançava mísseis de bundinhas sobre as cabeças dançantes do gramado. Em outro ponto, o stand do IDEMA, Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte, distribuía passaportes com as unidades de conservação do Estado. Um convite lindo para o público para se conectar mais profundamente com a preservação ambiental e carimbar suas visitas aos pontos indicados.

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Nossa cultura em primeiro lugar

Já no segundo dia, o MADA recebeu uma programação forrada de baianidades e muita negritude. Assim, passaram pelos palcos principais a reluzente Luedji Luna, a facção carinhosa de Baco Exu do Blues, o mar de gente que acompanha BaianaSystem e a cantora e ícone da música baiana Margareth Menezes.

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(Luana Tayze/Divulgação)

O destaque da cultura negra por todo o Brasil foi enaltecido pela Ministra da Cultura: “Acho que o Brasil precisa ter esse reconhecimento ao legado do povo negro na sua construção na sua identidade em todas as escalas de representação cultural, artística, social. O Brasil tem muito a ganhar com isso porque pacifica. É a necessidade de reconhecer mesmo e a gente poder dar um outro salto na convivência, na compreensão do que é esse Brasil tão plural, tão diverso”, disse Margareth. “Precisamos todos estar unidos nessa representatividade. Ainda não é o ideal, mas acho que começamos a ter um olhar melhor sobre isso. Precisamos desconstruir essa sociedade racista, precisa combater falando o que é, que é o direito de todos contemplar a cidadania.”

Um dos grandes destaques do festival, Getúlio Abelha chegou sobrevoando o público e garantindo uma das melhores performances, como de costume. Representando o brega, a irreverência e o bom humor, o artista de Fortaleza trouxe energia para o palco que acabava de abrir.

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(Luana Tayze/Divulgação)

Depois de ver Luedji Luna em toda sua beleza, muito confortável contando histórias de amor no palco, e de Margareth numa energia invejável aos pulos com seu repertório pulsante, entra em cena o catártico BaianaSystem. “Acho que o Baiana se recria, ressignifica. A gente já tem uma rodagem dentro dos festivais justamente por isso, porque trabalhamos com esse efeito metamorfosem sempre transformando, olhando o que foi que aconteceu no outro show, entendendo como que tá o Brasil, como tá o mundo, para conseguir somar com o público. Partindo do pressuposto que a nossa música precisa de uma resposta do público, é essa resposta que ensina a gente as novas linguagens”, avalia Russo Passapusso.

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(Luana Tayze/Divulgação)

Presença garantida em todas as últimas edições do MADA, a banda apresentou o show Sambaqui Show, unindo as referências do samba reggae com a latinidade personificada pela cantora chilena Claudia Manzo. “Sinto falta da gente unificar mais nesse lugar. Nossas histórias são muito potentes, então precisamos nos orgulhar disso. Se entendermos um pouco o macronegócio, todo mundo está vindo para cá [a América Latina] para pegar nossas riquezas culturais, naturais, recursos inteiros. É importante estamos ligados nisso”, ela diz.

Além dos festivais, o BaianaSystem também se destaca por ser figurinha carimbada também nos carnavais ao redor do Brasil. “Partimos desse grande laboratório que é o Carnaval, onde cada rua que você vira com o trio muda tudo. É outro respeito, outra conversa, são outros poderes, outras relações. Então, aprendemos essa leitura e tentamos trazer essa coisa de ser a banda que toca em cima de caminhão, em comunhão com o público, para o palco. Nossa brincadeira é essa”, conta Russo.

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(Luana Tayze/Divulgação)

Para o músico, os festivais devem ir além das apresentações musicais e tornar-se também um ponto também de contato e conversa para que novas histórias possam surgir. “Temos que ter cada vez mais espaço para discussão, para o pensamento, para conversação. Ter workshops, palestras, para gente poder vir, conversar, conhecer, ensaiar, tocar junto com artistas locais, para que isso venha cada vez mais fortalecendo a cultura do lugar“, ele encerra

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