O HPV, também conhecido como papilomavírus humano, é uma infecção sexualmente transmissível com menos atenção na mídia, mas que demanda cuidados e um esforço da sociedade para ser erradicado. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 80% da população sexualmente ativa entrará em contato com o vírus ao longo da vida. Estima-se que, no país, surjam 700 mil novos casos por ano.
Esse foi o tema do debate apresentado pela MSD na Casa Clã – evento produzido pelas marcas da Editora Abril que reuniu a Elástica e as três revistas femininas: Claudia, Bebê e Boa Forma a fim de celebrar o mês da mulher. O talk uniu as médicas Andréa Gadelha, Marcia Abadi, e contou com mediação de Helena Galante, editora-chefe de Claudia.
Ao todo, existem mais de 200 tipos de HPV. Cerca de 40 afetam a região genital e, entre esses, pelo menos 12 são considerados oncogênicos, apresentando maior risco ou probabilidade de provocar infecções persistentes e estar associados a lesões precursoras.
Transmissão
A transmissão ocorre durante o sexo, seja ele vaginal, anal ou oral – até mesmo a masturbação pode levar ao contágio. Ela pode ocorrer ainda quando a pessoa não apresenta sintomas. O preservativo ajuda a evitar a doença, mas não anula o risco de contágio. Isso porque o vírus fica alojado em qualquer parte da região genital, não só na vagina e no pênis.
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Também pode haver transmissão durante o parto. Não está comprovada a possibilidade de contaminação por meio de objetos, do uso de vaso sanitário e piscina ou pelo compartilhamento de toalhas e roupas íntimas.
Sintomas
Na maioria dos casos, o HPV passa despercebido — o sistema imunológico faz com ele desapareça sozinho e não deixe sintomas ou sequelas. Porém, em algumas situações, ele causa verrugas ou câncer. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), os tipos 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero, o terceiro mais incidente em mulheres no Brasil.
“Esse é um tumor que não é mais para existir porque temos mecanismos para lutar contra ele, como a vacina e a realização de exames periódicos que detectam o vírus”, declara Andréa Gadelha. “É preciso lembrar que você pode ter se contaminado e a lesão aparecer anos depois, às vezes foi de uma única exposição.”
Diagnóstico
A investigação, que ocorre na ausência de manifestações clínicas ou subclínicas, pode ser realizada por meio de exames de biologia molecular que mostram a presença do DNA do vírus – é o caso do papanicolau, por exemplo.
Já o diagnóstico das verrugas ano-genitais pode ser feito em homens e em mulheres por meio do exame clínico em consultas médicas. As lesões subclínicas podem ser diagnosticadas por meio de exames laboratoriais a partir de instrumentos com poder de aumentar sua visualização após a aplicação de reagentes químicos para contraste (colposcopia, peniscopia, anuscopia).
Prevenção
“No começo, havia uma vacina bivalente que prevenia contra dois sorotipos; em seguida, surgiu a vacina quadrivalente, que abrange quatro sorotipos e, hoje, já temos a vacina nonavalente – que protege contra 90% dos sorotipos de HPV”, afirma Marcia Abadi.
O Ministério da Saúde incorporou ao SUS, em 2014, a vacina quadrivalente – tendo como objetivo principal a prevenção do câncer do colo do útero. Hoje, ela está disponível para homens e mulheres adolescentes de 9 a 14 anos, além de indivíduos imunossuprimidos com até 45 anos e pessoas de 9 a 26 anos vivendo com HIV. Quem não se classifica nessas categorias podem se vacinar na rede privada.
É importante que homens também se conscientizem e tomem a vacina. Ainda há um tabu muito grande para o gênero, mas eles podem e devem se cuidar
Andréa Gadelha
Em 2019, 87,08% das meninas receberam a primeira dose, mas a cobertura vacinal caiu para 75,81% em 2022. Entre os garotos, o dado caiu de 61,55%, em 2019, para 52,16%, em 2022. Para Marcia, a informação é a maior aliada da prevenção: “trazer esse tipo de conhecimento para as escolas é essencial e porque ele é um agente de mudança para as próximas gerações”, diz.