É o carro da dica boa passando na sua rua! Estavam com saudade das nossas recomendações? Não sabiam como ocupar as horas de tédio do fim de semana porque entramos em um hiato de indicações? Seus problemas acabaram! O Elástica Recomenda dessa semana traz, como sempre, uma seleção de livros, filmes, séries e outras ótimas maneiras de investir seu tempo livre. Essa semana, a gente abre com um lançamento que é só para os fortes de coração: Pra quando você acordar é um livro que fala sobre perda, luto, esperança e amor. A autora, Bettina Bopp, compilou cartas que escreveu para seu irmão Itamar, que, depois de um mal súbito, entrou em coma e nunca mais acordou. Caso você prefira leituras igualmente boas, mas um pouco mais densas e questionadoras, a gente também tem dica: A Nuvem Negra, um hard sci-fi com viés político crítico, e Viver uma vida feminista, de título autoexplicativo sobre seu conteúdo e importância. Quer telas em vez de páginas? Então, bora que tem dois longas ótimos para rir e passar o tempo na nossa lista. Mas esses a gente não vai dar mini-spoiler, você vai ter que conferir aqui embaixo!
Elástica Recomenda: cartas de saudade, sci-fi e romances leves
Sentiu falta das nossas dicas? Calma, tem dois ótimos livros e dois deliciosos filmes para curtir neste fim de semana
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Pra quando você acordar
“Como lidar com a perda, quando esta não parece definitiva? Como lidar com a saudade, se aquele de quem se sente a falta está ali, presente? Como lidar com o luto, se a morte disputa cada momento e cada pensamento com a esperança?” Pego emprestadas as três frases que estão na contracapa deste livro recém-lançado pois acredito que não há uma forma melhor de resumi-lo e de falar sobre o luto por alguém amado que, por anos, ficou em coma. Esse lançamento da Editora Planeta é de autoria de Bettina Bopp e ganhou as prateleiras esse ano, mas já existia em formato de blog desde 2014, nove anos depois daquela sexta-feira em que Ita, seu irmão, teve um enfarte, entrou em coma e nunca mais acordou.
Pra quando você acordar conseguiu uma façanha que livro nenhum tinha conseguido até hoje: me fez chorar na metade da segunda página. Existe algo no jeito que Bettina Bopp escreve que parece que, enquanto você lê, é você que está dizendo cada uma das palavras para alguém que você amava e não está mais aqui. O luto e a dor, a montanha-russa que é ter esperança em uma situação dessas e as pequenas coisas do cotidiano que escancaram o tamanho da saudade estão presentes e te pegam quando você menos espera. Em meio às lágrimas, a autora também arranca algumas risadas e a leitura, leve, vai aos poucos te transformando. Prepare o lencinho e o coração <3
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Amsterdam
Um dos últimos lançamentos da HBO Max é a série mexicana Amsterdam – ideal para quem gosta de um romancinho ou procura algo leve para assistir antes de dormir. A narrativa conta a história de um casal de artistas, Martín e Nádia, que não está em seu melhor momento. Até que um dia o pianista encontra um cachorro na rua e o leva para casa. Quando os dois decidem se separar, o cãozinho Amsterdam se torna o único elo entre os dois. Ao longo dos episódios, são tratados temas como amor na era digital, as dúvidas na hora de mudar de carreira e aborto.
Um dos pontos de destaque da produção é a trilha sonora e os shows da banda de Martín, que te fazem cantar junto e dão aquele quentinho no coração. A direção e roteiro ficam por conta do argentino Gustavo Taretto, o mesmo do longa Medianeras: Buenos Aires na Era do Amor Virtual (2011).
Amsterdam, na HBO Max
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A Nuvem Negra
Em uma mesma noite, astrônomos de todo o planeta têm suas rotinas interrompidas por um fato absurdo, uma massa gasosa praticamente do tamanho de Júpiter que está nos confins da galáxia, mas que se move em linha reta em direção ao nosso Sol. Se não for contida, essa nuvem negra estacionará entre a Terra e sua estrela em cerca de 18 meses, e seus resultados serão catastróficos.
Escrito pelo astrônomo britânico Fred Hoyle em 1957 e publicado recentemente no Brasil pela editora Todavia, A Nuvem Negra é uma ficção científica do gênero hard sci-fi, ou seja, todos os seus fundamentos estão calcados na realidade – mais ou menos como no filme Interestelar, de Christopher Nolan. No caso de Hoyle, os cálculos são demonstrados com profundidade, todos os cargos, atribuições e equipamentos existem, e o que fica de ficção é a inventividade do autor em pensar na solução para um problema tão extenso quanto uma anomalia absurdamente gigante nos céus.
Hoyle, que era um crítico da teoria do Big Bang, faz em A Nuvem Negra também um tratado anti-política. Em determinado momento, explica que embora a ciência progrida a passos largos, toda a noção de gestão estatal é arcaica, fundamentada em emoções, ambições e jogos que não fazem mais do que atrasar o desenvolvimento humano.
Hoje, difícil não ler A Nuvem Negra e pensar em toda a politicagem que envolveu a crise da covid-19, de como recebemos informações cruzadas e até mesmo fomos tentados a não nos vacinarmos. Que interesses estavam além da ciência, e por quê? Talvez nunca saberemos, mas Hoyle pelo menos tenta elucidar alguns dos motivos pelos quais a política sempre virá em primeiro lugar.
Viver uma vida feminista
Em tom pessoal e bastante íntimo, a teórica Sara Ahmed constrói uma visão contemporânea do feminismo. Acadêmica anglo-australiana, Ahmed faz nessa publicação da Ubu Editora um panorama da vida das mulheres em uma comparação com sua própria: em espaços coletivos como a universidade, como filha, como lésbica.
Além disso, Viver uma vida feminista ainda reúne algumas crônicas que Ahmed escreve como sua alter ego “feminista estraga-prazeres”, publicadas em seu site Feminist Kill Joys, uma personagem que mostra duramente como mulheres que exercitam o feminismo muitas vezes tornam-se incômodas na sociedade, quando devessem ser minimamente respeitadas.
Em um tom parecido com o de bell hooks, que mistura a autobiografia com a teoria, Sara Ahmed faz deste Viver uma vida feminista um bom apanhado contemporâneo das lutas de pessoas com vulva.
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Fuga para Liberdade (Hunting for the wilderpeople)
O filme conta a história do menino Ricky Baker que depois de ser considerado um caso perdido – por desobedecer, roubar, cuspir, fugir, jogar pedras, chutar coisas, incendiar coisas, vagabundear e fazer grafite – é adotado por um casal que vive numa fazenda perto das florestas da Nova Zelândia, na sua última chance de escapar do reformatório. Ali, tia Bella o faz se sentir em casa e querido. E então ela morre.
Adaptado do livro Wild Pork and watercress do escritor neozelandês Barry Crump e dirigido por Taika Waititi, o roteiro segue a amizade improvável entre Hector, o viúvo de Bella, e Ricky que entram na floresta para escapar da assistente social que quer os separar.
É uma comédia fofinha que já dá vislumbres do tipo de humor que Taika ia criar em seus filmes seguintes, como Jojo rabbit, o documentário humorístico sobre vampiros What we do in the shadows e Thor: Ragnarok – o terceiro, e melhor, filme da franquia do deus-nórdico-héroi da Marvel. O olhar do diretor para infância é encantador, de uma sensibilidade que nunca desce da linha entre o lírico e o non sense.
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🥠 biscoito da sorte 🥠
Tenha amigos costas-quentes, gostosos demais