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Elástica recomenda: banquetes, arrochas e ativismo

Receitas para turmas, livro de terror que vai virar série, design engajado e muito mais pra embalar seu fim de semana

por Redação Atualizado em 13 set 2021, 11h27 - Publicado em
9 set 2021
23h55

Mesmo com uma semana mais curta por conta do feriado de 7 de setembro, a data comemorativa que era para ser de descanso teve manifestações flopadas-pero-no-mucho de extremistas que pedem golpe, intervenção militar e não usam máscara para ocupar as ruas – Darwin, a gente confia na sua teoria! Pensando na quantidade de chorume verde e amarelo que recebemos nas redes sociais nos últimos dias, trazemos aqui a solução: uma lista de recomendações para recuperar o carisma de qualquer brasileiro! Comida boa para celebrar com os seus? Temos. Música boa para embalar esse encontro? Temos. Arte engajada para combater o fascismo? Tá aqui, a seu dispor. É só rolar a tela pra baixo, dar o play nas sugestões e agradecer a gente mais tarde 😉

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(BadBadNotGood/Reprodução)

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BadBadNotGood & Verocai
O BadBadNotGood lançou na última quarta, 8, o clipe da nova música “Beside April”, escrita pelo nosso incrível compositor e produtor brasileiro Arthur Verocai. Não é a primeira vez que eles fazem parceria e que a banda demonstra admiração pela criação de Verocai, que também participou como baterista na canção.

 

“Beside April” faz parte do novo álbum Talk Memory, que será lançado em outubro. Apesar de terem se conhecido quando eram estudantes no programa de jazz da Humber College, em Toronto, no Canadá, eles não gostam de se denominar parte do gênero – preferem dizer que fazem um mix de soul 70’s, hip hop alternativo, música eletrônica experimental e uma pitadinha de brasilidades (sim <3).

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O clipe, que tem uma correria de adolescentes, cachorro e cavalo, foi inspirado pela série de fotos em movimento “Horse In Motion”, de Eadweard Muybridge, produzido em 1878.

Se você gostou e quer ouvir mais, indico o disco “IV”, de 2016.

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(Força Queer/Reprodução)

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Força Queer
Essa é uma indicação que vai dividir opiniões, mas isso não vai me impedir de colocá-la aqui. Até porque, se você é assinante da Netflix, eu particularmente acho que vale a pena assistir e tirar suas próprias conclusões. O enredo é o seguinte: um agente da AIA – Agência de Inteligência Americana, uma versão inventada da CIA – chamado Steve Maryweather decide declarar publicamente sua homossexualidade no dia de sua formatura da agência, em que é eleito o melhor aluno da classe. O resultado é pavoroso: o diretor, homofóbico, retira a homenagem e o isola em West Hollywood (bairro de Los Angeles conhecido pela grande população de gays). Uma mentora de Maryweather, no entanto, o nomeia líder de uma divisão de espiões LGBTQIA+ e a história segue daí.

Mas, nossa, por que Força Queer é uma indicação polêmica? A premissa inclusiva tinha tudo para dar certo, mas muita gente que já assistiu se sentiu desconfortável com os muitos estereótipos sobre pessoas LGBTQIA+ que o desenho perpetua. Muitos estereótipos são reforçadas, como o do gay afeminado e chorão, da bicha delicada, da sapatão masculinizada que dirige uma van (para fugir das missões supersecretas, nesse caso). Fato é que, para mim, Força Queer foi uma bobagem deliciosa de assistir, meio mexendo no celular e dando ocasionais risadas das piadas. Senti mais como se fosse uma versão gay e levemente adulta de Kim Possible misturado a Três Espiões Demais, dois desenhos que o Alê criança viada adorava assistir. Senti também que esse mesmo Alê teria adorado ver um protagonista gay, espião, resolvendo mistérios e comandando sua própria divisão de uma agência de inteligência. Mas entendo – e concordo – com as críticas que a série recebeu. Na dúvida, minha recomendação é: assista, nem que seja pra gongar com propriedade.

Força Queer, na Netflix

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Elástica recomenda: banquetes, arrochas e ativismo

Fun Tonight (Pabllo Vittar Remix)
Bom, faz uma semana que a Lady Gaga lançou Dawn of Chromatica, o álbum de remixes de Chromatica, que ela lançou em maio do ano passado, mas essa é uma recomendação que eu precisava fazer aqui. E um dos remixes é com a Pabllo, de quem sou fã. Provavelmente você já ouviu tudo mais de uma vez, mas precisamos deixar registrado que uma drag queen nordestina colocou um arrocha no álbum de uma das maiores cantoras pop da nossa geração. A Pabllo faz TU-DO.

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joão

Projeto Banquete
Se você usava o Facebook na época em que lá era terra habitável e não um inóspito território de notícias falsas da extrema-direita, provavelmente tropeçou numa receita da Tastemade. Uma musiquinha legal com apenas mãos preparando receitas práticas pro dia-a-dia, sempre com uma cara deliciosa. Mas esse é o contrário da minha indicação de hoje. O Banquete é um projeto pensado para ensinar receitas difíceis, longas, em quantidade e que, no final, proporcionem uma experiência única ao redor da mesa, minha forma preferida de cozinhar – quase uma terapia, como a Laís escreveu em uma crônica essa semana.

Mariana Moura e Frederico Leonardo Dora estão por trás de ambos os projetos, Tastemade e Banquete. Mas o que me chama atenção no segundo, além da direção de arte lindíssima, combinada com a trilha sonora muito chique e o humor ácido, é a forma com que eles produzem e postam o conteúdo. Antes de entrarem para o Tastemade, o volume de vídeos era maior, mas mesmo assim não seguiam o padrão dos outros canais de cozinha. Os vídeos eram sempre pensados em temporadas temáticas – sol, tortas, fim de ano, piscina, R$20 – e me fazem pensar na internet mais como no início, uma plataforma interessante e despretensiosa para comunicarmos projetos pessoais sem o retorno monetário.

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Recentemente, depois de um hiato de quase três anos, Mari e Leo postaram uma sequência de receitas deixando os #órfãosdobanquete ou #viúvasdobanquete (euzinho) em polvorosa. Mas para além da frequência de postagem instável, o canal no YouTube e o Instagram são bibliotecas de ótimas receitas pra fazer com ajuda no final de semana e serem consultadas sempre.

P.S.: fica aqui meu endosso ao remix de Fun Tonight da Gaga que o Alê indicou. Pabllo realmente fez com que o brega e a sofrência do forró chegassem à um álbum da Lady Gaga e fosse reconhecido pela crítica especializada como “reedição fresca de uma das músicas mais tristes do álbum, que a faz soar como uma feira de rua brasileira. Uma dissonância atraente com sax dignos de Clarence Clemons”. Nunca nos meus maiores sonhos imaginei que esses remixes tão famosos no Norte e Nordeste, de Calcinha Preta à Companhia do Calypso, e que eu tanto escutei em viagens de carro com meus pais chegariam à esse patamar. Pabllo Vittar É a maior que temos

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(The Final Girl Support Group/Divulgação)

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The Final Girl Support Group
Lançado em julho nos Estados Unidos e tornado best-seller instantâneo pela crítica especializada do país, The Final Girl Support Group é o novo livro do autor Grady Hendrix. Um dos principais autores de horror da atualidade, e ainda não descoberto pelas editoras brasileiras, Hendrix imagina um mundo no qual as “final girls” dos filmes slashers são reais, sobreviveram aos seus perseguidores e hoje, já na meia-idade, compartilham um grupo de terapia. Tratam-se das sobreviventes dos vilões Jason, de Sexta-Feira 13; Freddy Krueger; de A Hora do Pesadelo; Leatherface, de O Massacre da Serra Elétrica; Mike Myers, de Halloween; Ghostface, de Pânico, e do Papai Noel, de Natal Sangrento, que superaram os anos 1980, mas agora estão sendo perseguidas novamente. A HBO Max, através da produtora da atriz sul-africana Charlize Theron, adquiriu os direitos de adaptação de The Final Girl Support Group e deve lançar uma série baseada no livro em breve.

Em tempo: não há trilha sonora melhor para acompanhar esse livro do que a série de discos Lost Themes, do cineasta norte-americano John Carpenter. Responsável pelo filme original de Halloween, além de clássicos como Eles Vivem! e O Enigma do Outro Mundo, Carpenter é também um mestre dos sintetizadores – tudo no maior clima oitentista dos filmes de terror.

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(@victor_pwork / @designativista/Reprodução)

laís

Design ativista
O grupo existe desde as eleições de 2018, quando a arte “Ele Não”, de Militão Queiroz, viralizou pelas redes e ficou claro que existia espaço para o design político – e que mensagens esteticamente bonitas podem chegar mais longe. Desde então, já foram organizados encontros, palestras, movimentos para colar cartazes pelos muros das cidades e muito mais. A conta no Instagram está sempre recheada de artes que lidam com a pauta da vez – e com a de sempre, nosso desgoverno. Nesses dias em que o 7 de setembro reafirmou o tamanho do caos em que estamos, as artes do design ativista são um bastião da esperança. E compartilháveis!

Design Ativista no Instagram

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(@selo.coletivo/Reprodução)

Selo Coletivo
Um grupo de artistas independentes que se uniram para vender reproduções de seus trabalhos. A cada moldura vendida, uma muda plantada. Muitas artistas mulheres e uma obra mais bonita que a outra.

Selo Coletivo no Instagram

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🥠  biscoito da sorte 🥠

Quem com chinelo chinela, com chinelo será chinelado. Elástica recomenda: banquetes, arrochas e ativismo

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