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Elástica recomenda: thrillers, monstros e mulheres no comando

Protagonismo feminino, novas narrativas e jogos mortais: boas dicas para embalar seu final de semana

por Redação Atualizado em 7 out 2021, 15h43 - Publicado em
30 set 2021
23h39

Ampliar nosso olhar e ficar atento às vivências de pessoas diferentes de nós é uma preocupação constante aqui na Elástica. Mas não é uma preocupação pesada – todos nós gostamos de aprender com pontos de vistas diferentes e queremos, mais do que divulgar diversidade, praticar diversidade. E, felizmente, isso é um caminho sem volta. Para nós e para a sociedade como um todo. Os serviços de streaming ajudaram a popularizar séries de outros países que não os Estados Unidos e isso nos ajuda a descobrir jeitos diferentes de contar histórias, culturas que talvez nunca tivéssemos acesso se não fossem essas séries, filmes e podcasts. Os movimentos feministas e que pregam um corpo mais livre também fizeram com que boa parte de nós ligasse o radar para narrativas além da mulher padrão – branca, loira, magra, rica. Nosso recomenda dessa semana mistura um pouquinho de tudo isso e vem também com uma recomendação menos objetiva: sempre que possível, procure uma história nova – ou que seja contada de um jeito novo. E aproveite nossas dicas, que estão aqui embaixo. Bom fim de semana!

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(Round 6/Divulgação)

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Round 6
Quem gosta de dilemas morais, sangue espirrando, tramas impossíveis (com uma perturbadora pitada de possibilidade) e bastante tensão na hora de assistir encontrará tudo isso nessa produção sul-coreana. O enredo, infelizmente, tem como base um problema bastante real: o crescente endividamento da população. Na série, centenas de pessoas que estão devendo (para amigos, para o banco, para agiotas) topam participar de uma série de jogos nos quais, se ganharem, faturar mais de 1 bilhão de wones – a quantia exata, já convertida, é de R$ 215 milhões. O que elas não sabem, no entanto, é que perder em qualquer fase tem um preço alto: a vida. A série estreou há duas semanas e segue no Top 10 Global da Netflix, então faça um favor a você mesmo e se permita ficar sentado na ponta do sofá enquanto os personagens lutam para não falhar nas tarefas.

Elástica recomenda: thrillers, monstros e mulheres no comando⚰️  Round 6, na Netflix

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RuPaul’s Drag Race

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Drag Race UK
A versão britânica de RuPaul’s Drag Race chega a sua terceira temporada. Só dois episódios foram ao ar por enquanto e, é verdade, nossa querida Mama Ru não é exatamente inovadora no formato, mas pra que mexer em time que está ganhando, né? Eu sou um fã de humor britânico e acho que as queens do Reino Unido entregam tu-do. Ah, vale o destaque também para a primeira mulher cis a participar da competição, Victoria Scone. Afinal, drag é para todes <3 💅🏽🌈

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(Monstro do Pântano/Divulgação)

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Monstro do Pântano, por Alan Moore
Antes de Alan Moore virar de ponta cabeça as histórias de quadrinhos de super-heróis norte-americanas com Watchmen, em 1985, ele era apenas um escritor britânico com ideias malucas que havia acabado de desembarcar na DC Comics. O trabalho que recebeu era bastante secundário na época, mas acabou se tornando uma das melhores histórias de terror escritas em qualquer meio literário no século 20. Junto de artistas de altíssimo calibre, como John Totleben, Rick Veitch e Stephen Bissette, Moore tornou o Monstro do Pântano em um veículo para destrinchar a sociedade norte-americana, na época envolvida pelo ultraconservadorismo do presidente Ronald Reagan, nas guerras no Oriente Médio, em vias de tornar-se um desastre ambiental.

A passagem de Moore pelo Monstro do Pântano, conhecida em partes pelo arco de histórias “Gótico Americano”, é extremamente atual. Ainda hoje, não existe nada mais brutalmente visual do que uma mulher lobisomem, vivendo sob o machismo de seu marido e de toda sociedade, se suicidando em um faqueiro no mostruário de uma loja de departamentos, acabando com sua angústia de viver em lugar tão tacanho quanto interior dos Estados Unidos, e não há nada mais libertador do que o romance da Abby Holland com a criatura-planta, nem nada mais sexual do que a experiência psicodélica/transcedental retratada sem pudores quando ela e o Monstro do Pântano transam.

A editora Panini Comics está relançando o Monstro do Pântano de Alan Moore em edições luxuosas e caríssimas, mas que merecem ser lidas por todos. Elástica recomenda: thrillers, monstros e mulheres no comandoElástica recomenda: thrillers, monstros e mulheres no comando

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(The Chair/Reprodução)

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The Chair
Odeio ler críticas sobre qualquer coisa, especialmente filmes e séries. Gosto de ser surpreendida positiva ou negativamente e, por isso, costumo viver roletas-russas no cinema e no streaming. Com The Chair foi assim, primeiro vi a foto e pensei: “ah que foda, uma mulher asiática” e depois, a sinopse “a primeira mulher a assumir o cargo de diretora”. Fechou então, é essa.

A série se passa em torno de Ji‑Yoon (Sandra Oh), a primeira mulher (e não-branca) a assumir a direção do departamento de Inglês na Universidade de Pembroke. Lá, ela encontra o desafio de equilibrar os conflitos geracionais entre ela, seu corpo docente (a maioria idosos muito idosos) e seus alunos jovens. Além de lidar com outras discussões como cultura do cancelamento, questões raciais e de gênero.

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Yoon é uma mulher de meia idade que vive com o pai, Habi, com quem só fala em coreano, e com sua filha adotiva Juju, que estimula a manter suas raízes mexicanas. Num grande mixed feelings de sobrecarga emocional, Yoon equilibra de forma bonita e otimista esses pratos complexos que rodeiam sua vida. The Chair é uma série fácil de maratonar – dá para assistir a seus episódios de 30 minutos na hora do almoço –, engraçada e dramática, porém leve.

Elástica recomenda: thrillers, monstros e mulheres no comandoElástica recomenda: thrillers, monstros e mulheres no comando The Chair, na Netflix

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(Shrill/Reprodução)

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Shrill
A humorista Aidy Bryantt encarna a jornalista Annie – uma mulher gorda que é tratada feito lixo pelo cara com quem tá transando, menosprezada no trabalho e constantemente “ajudada a seguir a dieta” por sua mãe. Baseado no livro homônimo e autobiográfico de Lindy West, a personagem quer melhorar de vida, mas não mudar seu corpo. A série conta sua jornada de aceitação e empoderamento como mulher gorda. No esquema das melhores comédias modernas, drama e humor se misturam e é um tanto angustiante me reconhecer nas catarses da personagem ao longo da história. A terceira e última temporada saiu esse ano e está no catálogo da HBO-max.

Elástica recomenda: thrillers, monstros e mulheres no comandoElástica recomenda: thrillers, monstros e mulheres no comando Shrill, na HBO Max

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Sporkful – a podcast about food > episódio com Lindy West

Essa entrevista em que a autora de Shrill conta como é a relação dela com a comida e do mundo com o marido magro-bonito-padrãozinho dela é divertida pra sacar em quem o personagem da série se baseia. Lindy é bem menos fofinha que a Annie.

🎧  Being Thin Isn’t A Virtue, Says Lindy West

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🥠  biscoito da sorte 🥠

Não passem pano pra discurso errado.

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