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Gilsons revelam quem são em seu primeiro álbum

Chamado “Pra gente acordar”, o disco traz uma mensagem de esperança e pede um mundo com mais amor, respeito e solidariedade

por Beatriz Lourenço 4 fev 2022 00h53
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(Clube Lambada/Ilustração)

ue a família Gil é cheia de talentos, nós já sabemos. Mas, a cada dia, descobrimos novos sons, sabores e performances de cada um. Agora é a vez dos Gilsons revelarem quem são e a que vieram com seu primeiro álbum, lançado na última quarta-feira, 2 de fevereiro, e batizado de Pra gente acordar. A banda, formada por José, João e Francisco – filho e netos de Gilberto Gil, respectivamente – começou de forma despretensiosa e já ganhou espaço nas playlists dos brasileiros com o hit “Várias Queixas”. 

Antes desse projeto, o trio fazia parte da banda Sinara. Francisco e João eram guitarristas, enquanto José ficava na bateria. Já no novo arranjo, tudo mudou e todos têm liberdade criativa para produzirem os sons. “Os três cantam, tocam e fazem composições”, contam em entrevista à Elástica. Do primeiro EP, lançado em 2019, até o debut, passaram-se quase três anos, tempo que foi usado para fecharem parcerias com artistas da mesma cena e aprimorarem seu som. 

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“A nossa sonoridade foi uma construção. Pensamos nisso conforme as músicas que produzimos iam saindo. Também fomos adaptando o que era feito nos palcos e analisando nossas parcerias”, contam. “Ao longo do tempo, percebemos nossa evolução como produtores, músicos e até como cantores e compositores. Sentimos que ficamos cada vez mais preparados para lidar com a profissão.”

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(Zabenzy/Divulgação)

O lançamento conta com nove faixas, incluindo o single “Duas Cidades”. A proposta do disco é passar um vislumbre de um mundo melhor para o público – um lugar com mais respeito, igualdade, amor e, claro, encontros. Os versos e melodias sensíveis combinam tambores com beats eletrônicos e o violão, responsável por deixar o resultado mais harmonioso. Para falar mais sobre a família e o processo criativo, chamamos os Gilsons para um breve papo. Confira:

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Como começou a banda?
Francisco: A gente já vinha de uma estrada musical que havia nos conectado e aí rolou um show super despretensioso com nós três. De lá, saímos do palco batizados como Gilsons pela minha mãe, Preta Gil, que estava falando sobre isso no grupo da família. A partir daí, fomos direto para os estúdios de gravação e começamos a pensar na banda. Foi um projeto que foi virando uma coisa de verdade quase de forma inerente à nossa força de vontade. Conforme o tempo foi passando, colhemos os frutos desse movimento que foi super genuíno e natural.

Como é trabalhar em família? Isso acaba influenciando as decisões criativas de vocês?
Francisco: Trabalhar em família exige um equilíbrio, mas também proporciona um aprofundamento da intimidade. Nós não temos filtro, nossa comunicação é muito profunda. A banda nos trouxe uma experiência para trabalharmos juntos e hoje levamos isso de uma forma saudável. A gente se empodera um com o outro e evoluímos sempre juntos.

“Trabalhar em família exige um equilíbrio, mas também proporciona um aprofundamento da intimidade. Nós não temos filtro, nossa comunicação é muito profunda. A gente se empodera um com o outro e evoluímos sempre juntos”

Francisco Gil
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(Zabenzy/Divulgação)

Vocês lançaram agora o single “Duas cidades”, que faz parte do novo disco. Me contem como foi o processo de criação?
João Gil: A música é uma parceria minha com a Júlia Mestre, que está conosco há bastante tempo. Ela traz uma sonoridade característica da banda, mas com elementos novos. Estamos super empolgados com o lançamento! Queremos que a galera escute e absorva a mensagem.

Francisco: Grande parte das músicas do disco surgiram na nossa vivência de estrada juntos. Mas rolou um processo de criação bem pontual que foi uma imersão no nosso sítio para levantar as letras, entender o repertório e finalizar tudo. Foram duas semanas de uma troca muito forte. Nosso diálogo vem sendo muito reforçado e tudo foi muito bonito.

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(Zabenzy/Divulgação)

O nome do disco é “​​Pra gente acordar”, que é uma das canções. Queria que vocês contassem um pouco sobre o significado dela.
Francisco: Esse nome representa muito do que a gente carrega na nossa música. É o que a gente percebe na resposta do público e como o nosso som impacta as pessoas. Ele é sobre esse despertar de um olhar esperançoso para uma realidade mais positiva que, para muitos, pode ser utópica, mas que para nós é algo que podemos ser sem medo.

João: É muito importante a chegada do disco nesse momento porque todo mundo está sendo afetado por tudo o que acontece no mundo, sejam questões políticas ou as crises econômica e sanitária. Nesse contexto, chegamos com um vislumbre de algo melhor. É o pensar no futuro com a ideia de que as coisas podem ser diferentes. Há canções anteriores a esse momento de pandemia, mas elas agora ganharam significados muito maiores.

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“É muito importante a chegada do disco nesse momento porque todo mundo está sendo afetado pelo que acontece no mundo, sejam questões políticas ou as crises econômica e sanitária. Chegamos com um vislumbre de algo melhor. É o pensar no futuro com a ideia de que as coisas podem ser diferentes”

João Gil
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(Zabenzy/Divulgação)

Há um intervalo de quase três anos entre o lançamento do primeiro EP e o primeiro álbum. De que forma vocês se transformaram nesse meio tempo?
José Gil: Lançamos o EP do “Várias Queixas” no final de 2019. Passaram-se dois anos e meio. A pandemia deu uma atrasada nos planos do disco mas, ao mesmo tempo, ela trouxe parcerias muito especiais com pessoas da nossa cena, como Jovem Dionísio, por exemplo. Como todos pararam de fazer shows, fomos nos conectando com esses artistas e isso nos deu uma vida musical nesse meio tempo.

A nossa sonoridade foi uma construção. Pensamos nisso conforme as músicas que produzimos iam saindo. Também fomos adaptando o que era feito nos palcos e analisando nossas parcerias. Ao longo do tempo, percebemos nossa evolução como produtores, músicos e até como cantores e compositores. Sentimos que ficamos cada vez mais preparados para lidar com a profissão.

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O som de vocês tem elementos da cultura afro-brasileira misturados com um beat moderno. Queria que vocês comentassem um pouco sobre essas influências e como vocês combinam todos esses ritmos.
José Gil: Além dos tambores e dos beats eletrônicos, também há o violão – que é o que junta todo o nosso som. Valorizamos muito esse instrumento porque ele é parte importante da MPB. Meu pai e outros grandes artistas nos influenciaram nisso. A gente mistura com as nossas vivências nos carnavais na Bahia e no que ouvimos nos blocos afro, que tem muita percussão.

Já o eletrônico é a parte da nossa geração que é muito intuitiva. O Fran, por exemplo, gosta demais desse universo pop. O João também se interessou cedo pela música alternativa. Aí acabamos organizando todas essas referências e é onde sai o Gilsons.

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(Zabenzy/Divulgação)
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Gilberto Gil é um grande nome para a cultura brasileira. Apesar de carregarem o sobrenome, vocês fazem um trabalho diferente. Como é essa relação com o parentesco?
Francisco: A gente perpetua de uma forma muito natural o que Gilberto Gil trouxe para  música brasileira porque tivemos muito de perto uma fonte que reverbera muito na gente. Isso está intrínseco em tudo o que fazemos. Levamos isso de uma forma muito amena porque para nós é muito positivo essa história que temos de conviver com artistas talentosos desde sempre. Todos fizeram parte da nossa formação musical e como pessoas.

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(Gilsons/Reprodução)
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