ocê provavelmente já praticou gouinage na sua vida, ainda que esse termo seja completamente novo para você. Esse é o nome dado à prática sexual que não envolve penetração, algo que existe… desde sempre. E que também já recebeu todo tipo de nomenclatura diferente: preliminar, pulsão sexual, sexo tântrico, frotteurismo, tribadismo e por aí vai.
“O termo deriva da expressão gouine, que em francês se traduz para ‘sapatão’. Ou seja, pessoas praticantes de gouinage são aquelas que praticam sexo não penetrativo”, explica o Dr. Eduardo Peres, médico e sexólogo que atua nas áreas de saúde sexual e HIV em Londres, na Inglaterra, e está atualmente se especializando em saúde LGBTQIA+. “Aqui, vale um adendo de que é uma ideia bastante limitada do sexo lésbico de caracterizá-lo como “não penetrativo”, por diversos motivos: existem mulheres com pênis que penetram mulheres sem pênis; mulheres cis que se relacionam entre si também se penetram, com o uso de brinquedos, dedos e afins”, complementa o especialista.
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Mais falado lá fora, o termo gouinage ganhou fama no Brasil quando surgiram as primeiras menções aos “g0ys”, homens que fazem sexo com homens, mas não se identificam como gays. Apesar de saber que essa é uma definição que carrega certa homofobia em seu conceito, é inegável que ela abre, também, um leque de opções para além do espectro binarista de sexualidade. “Existem héteros, homos, bissexuais e pansexuais. Sexualidade e afetividade são espectros que envolvem diversas particularidades. Concluir que homens que fazem sexo com homens deveriam necessariamente gostar de penetração anal, ou necessariamente ter uma orientação afetiva/romântica por outros homens, cai nessa categoria de assunto do passado”, complementa Dr. Eduardo.
Ainda assim, o nome gouinage acabou se popularizando e dando um senso de pertencimento e comunidade para quem simplesmente não curte penetração, independentemente da sexualidade. Aliás, esse é um ponto importante: quem é gouine – autodenominação criada pelos próprios praticantes – pode ser hétero, bi, gay, lésbica, pan ou ter qualquer outra orientação. Falamos aqui de uma prática sexual preferencial ou majoritária. “Tal qual aquele seu amigo que é passivo até a morte ou sua amiga que só quer saber de usar a cintaralho nas relações sexuais”, compara o médico.