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Laura Brito na Cama Elástica

A youtuber e influenciadora fala sobre representatividade nordestina e responde nosso questionário

por Alexandre Makhlouf Atualizado em 7 out 2021, 15h39 - Publicado em 20 set 2021 19h42

Há oito anos, a recifense Laura Brito decidiu começar a criar conteúdo na internet falando sobre moda e, por vezes, fazendo as próprias roupas. O início não tinha nada a ver com profissão: na época, ela estudava arquitetura e urbanismo, mas a grana era curta e a paixão por moda era grande. A escolha, então, foi natural: tentar fazer e improvisar seus próprios looks. A originalidade, o bom humor e o jeito “falo mesmo” de Laura foram alguns dos ingredientes para ela, hoje, acumular quase 10 milhões de seguidores em suas redes – são 4,2 M no YouTube e 5,3 M no Instagram. “Dizem que sou engraçada, mas não é verdade. Sou só extrovertida. Quando comecei a falar sobre transformação, roupa, moda, não tinha como ser sem bom humor. Meu público ama porque consegue ver leveza. Não sinto que combina comigo falar de inspiração, de empoderamento, com tanto peso. Por mais que a gente tenha que enfrentar coisas difíceis, o bom humor quebra tudo”, ela conta.

Laura Brito

O resultado mostra que o caminho do humor tem rendido bons frutos. O jeito extrovertido e o olhar apurado para o que engaja e o que o público espera dos conteúdos também a aproximou do mercado de beleza e atraiu gigantes como a L’Oréal Paris, marca da qual Laura é, hoje, embaixadora. Uma mulher nordestina como rosto de uma marca global? É muita coisa. “Como pernambucana, sofro xenofobia na internet, principalmente falando sobre moda. Leio que a gente é brega, que só usa roupa de chita, muito estereotipada. Sinto falta de ver pessoas nordestinas na mídia não só com aquele elemento que representa a nossa região, porque só nos convidam para fazer coisas muito folclóricas. Acho que falta representatividade e espaço nas marcas, entenderem que não é porque somos nordestinas que só podemos representar uma coisa. Temos capacidade de falar sobre vários assuntos, de representar muita coisa.”

E, num papo bem humorado e cheio de inspiração, Laura mostrou que não tem tempo ruim quando o assunto é conversa e respostas rápidas. A prova disso? A participação dela na nossa Cama Elástica, uma série de perguntas às vezes divertidas, às vezes sentimentais, que resgatam parte do passado de cada entrevistado e, ao mesmo tempo, o faz pensar no que vem por aí. Sem mais delongas, vem ler! 

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(Arte/Redação)

Qual sua qualidade favorita sobre você mesma?
Acho que é ser muito perseverante, porque as coisas nunca foram fáceis pra mim. Tive que perseverar no que eu acreditava, tenho “acredite” tatuado no meu ombro. Nada é fácil e dificilmente as coisas vem de bandeja. Mas, se você continua, melhora.

E seu defeito que você jamais mudaria?
Sou impulsiva. Por eu ter tanta vontade de crescer, vou lá e faço. Hoje, penso mais, mas ainda acho que essa característica de ir lá e fazer é boa pra mim. Meu maior medo é perder o timing.

Onde você busca inspiração naqueles dias em que não quer sair da cama?
Sabe o que eu faço? Eu trabalho com internet há muito tempo. Nestes dias, olho os primeiros vídeos que produzi pra sentir o que a Laura de 8 anos atrás estava sentindo. Eu lembro e enxergo o que eu sentia, lembro da força de vontade que eu tinha pra fazer acontecer. Não que aquela Laura não tivesse dificuldades, mas ela me dá força.

Qual música não envelhece, não sai da sua lista de preferidas?
“Rosas”, da Ana Carolina. Tem um trecho que diz: “Você pode me ver do jeito que quiser / Eu não vou fazer esforço pra te contrariar / De tantas mil maneiras que eu posso ser / Estou certa que uma delas vai te agradar”. Essa música é muito importante pra mim – eu sou geminiana, né? Sempre fiz coisas diferentes, tive humores diferentes, mas minha intenção nunca é machucar ninguém. Entendi que sou múltipla, e tá tudo bem. Sou muitas Lauras.

Qual filme ou livro mudou sua vida? Por quê?
Vou falar dois: O milagre da cela sete, muito forte, eu amei. E tem outro que é sobre uma mulher que cria um produto para alisar o cabelo. Chama ​​A Vida e a História de Madam C.J. Walker. Ele me empodera de um jeito que eu falo “é isso”, meu lado empreendedor chega a gritar. E tem um livro também, da Yasmine Sterea: Eu decido ser eu fala sobre feminismo e como as mulheres lidam com as questões delas. 

Descreva uma noite ideal para você
Com minha família, compartilhando momentos com meus sobrinhos, comendo, ouvindo música. E compartilhando também com meus seguidores – gosto de dividir com eles, viver com eles. E todo mundo gritando, porque a gente é assim, um fala em cima do outro.

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Dê uma gongada gratuita em alguém
Vou usar uma música para isso. Para as pessoas que acham que podem dar uma opinião sobre a vida do outro, eu digo: “Meu anjo, me diz qual o planeta que você está?”. Deixa as pessoas serem o que elas quiserem ser!

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(Arte/Redação)

Como foi seu primeiro beijo?
Foi péssimo, muuuuuito ruim. O menino tinha um bafo, e foi um beijo oco, sem língua. Eu pensava “o que é isso?” Saí enjoada, acho que tinha uns 15 anos.

O que você diria para o maior desamor da sua vida (até agora)?
Tive poucos desamores, mas porque meus relacionamentos sempre foram longos. Comecei a namorar meu atual marido com 17 anos. Mas tiveram aqueles que não me deram nem a chance. Eu achava que ia arrasar, mas eu não arrasava, não (risos) Eram eles que arrasavam comigo. Eu sofria, escrevia letras de música. Eu diria pra eles: um beijo, olha só o que você perdeu. Agora não dá mais.

O que é imperdoável para você em uma relação?
Falta de respeito. Quando você não respeita o outro é porque você não enxerga ele. E então você não está pronto para se relacionar. Relacionar-se pensando só em você não é uma relação. E isso vale pra tudo: casamento, namoro, amizade.

De qual trabalho seu você mais se orgulha?
Vou dizer um que não é com marca e um com uma marca, tá? Primeiro, o meu bazar beneficente, que doei todo o valor para o Hospital da Mulher do Recife, em que eu investi em site, embalagem, tudo. E, com marca, o que eu mais me orgulho foi o com o Criança Esperança. Quando eles me convidaram, foi pra unir forças. E ver esse reconhecimento, essa importância, é surreal perceber o impacto do meu trabalho. 

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Qual a frase mais sábia que já te disseram?
“Seja protagonista da sua vida”. Só de ouvir, talvez não pareça, mas quando você reflete sobre ela, é sobre suas ações serem condizentes com o que você sente.

Qual seria o título da sua biografia?
“Laura Brito: a que enxerga possibilidades em tudo”. Customizando uma roupa ou criando um projeto, eu gosto de ver além. Comecei na internet porque não tinha condição de comprar roupas, não sabia me maquiar. Mas foi por conta disso que enxerguei a possibilidade de transformar essa minha falta em algo muito maior. 

E quem interpretaria você no cinema?
Minha sobrinha, Luiza Brito. Desde que ela nasceu, é como se ela fosse eu, todo mundo diz, meus pais, minha irmã. Vejo nela muito de mim, vejo esse tino nela.

Qual seria seu primeiro decreto como presidente da república?
Saúde digna para todos em primeiro lugar. Depois do que a gente passou nessa pandemia, mais do que nunca a importância da saúde é inquestionável.

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(Arte/Redação)
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