uando foi a última vez que você saiu para dançar? Se soubesse que aquela noite seria a última antes de um longo período de confinamento em casa, você teria se jogado mais? Do que você sente falta: a pista cheia, as caixas de som tocando bem alto, o sentimento de que a manhã deveria demorar pra chegar?
A quarentena tem sido triste para todo mundo que gosta de festas. Já são três meses sem eventos realizados em todo o país, e a sensação é de que a próxima baladinha não deve rolar tão cedo. Ruim para os fãs, pior para quem vive da noite. Trancados em suas casas e obrigados a se reinventar, os músicos estão usando esse período para preparar novas composições, e também para se apresentar ao público através de lives na internet. Em um universo feito de tantas vertentes e artistas diferentes, dá para dizer que são raros os nomes de peso que ainda não apareceram ao vivo na tela dos nossos computadores desde que a epidemia começou.
Aqui em São Paulo, a cena do house music e do techno andava muito bem antes de tudo isso começar. Há, pelo menos, uma década, uma nova leva de coletivos, DJs e produtores surgiu na cena, fazendo a música eletrônica bombar na cidade mais uma vez, e colocá-la de novo no cenário internacional. Extremamente talentosos, todos eles merecem nosso reconhecimento nesse momento tão complicado. A Elástica foi até a casa de alguns desses artistas para acompanhá-los em suas lives.
Carol Mattos,
produtora musical e residente da Mamba Negra
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“Foi uma mudança muito radical. Eu gosto de ter meus dias bastante movimentados e o fato de eu não me ver trabalhando em um escritório foi uma das razões que me levou a ir atrás dessa carreira. Eu tinha aula todos os dias e viajava bastante também, então estar em casa agora todo esse tempo está sendo muito angustiante.”
“O que mais me desanima é ter um governo que não oferece o suporte necessário para que as pessoas fiquem em casa. O mínimo era o auxílio emergencial e cestas básicas, que demoraram muito pra chegar e não chegaram em todo mundo que precisava. Já somos o novo epicentro da pandemia e isso é muito frustrante. Faz parecer que todo nosso esforço foi em vão, além de atrasar muito o retorno dos nossos trabalhos.”
“Não acho que a quarentena vai acabar de uma hora pra outra, e sim de forma gradual. Imagino que grandes festas, shows e festivais só vão poder acontecer quando tiver uma vacina e essa vacina tiver atingido a grande maioria da população. Então estamos olhando para um longo período pela frente em que o entretenimento online vai ser muito explorado – e muitos novos formatos vão surgir ainda. Estamos no começo.”