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Diego Gama faz da festa seu lugar de fala

Primeiro fim de semana de eventos da “Night Embassy”, da Jägermeister, reúne desfile de moda, workshops de costura e muita badalação

por Jägermeister + Elástica Atualizado em 11 out 2022, 16h15 - Publicado em 11 out 2022 15h20
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(Jaegermeister/Reprodução)

Andar pelo centro de São Paulo é uma experiência que causa diversas sensações. Se por um lado, há o choque com a miséria crescente que ocupa as ruas e praças, é também um exercício de observar os vestígios de uma cidade desfeita e reconstruída tantas vezes.

A rua Venceslau Brás, no bairro da Sé, esconde em seus prédios germinados alguns tesouros do século passado, um deles é o edifício Superloft. Com três andares, grandes portas de vidro, colunas e fachadas que remetem tempos de opulência, o prédio cor de areia se camufla quando passamos em frente a ele. Quase ninguém sabe dizer qual é a sua história, mas hoje ele é o lar dos mais diversos eventos noturnos.

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(Os embaixadores, Diego Gama (a direita) e Alma Negrot.Breno da Matta/Fotografia)

Na sexta (7) e sábado (8), os imensos salões internos abrigaram a estreia do projeto Night Embassy, promovido pela marca de licor alemão Jägermeister. O projeto, que incentiva a arte, a cultura e a diversidade com um olhar atento sobre a noite, chega pela primeira vez na América Latina após ter circulado pelas capitais mundiais do rolê: Berlim, Paris, Moscou e Joanesburgo. Para essa edição brasileira, foram escolhidos três embaixadores para comandar as atrações em cada data, fazendo também a curadoria cultural do espaço, trazendo workshops e palestras que acontecem ao longo dos dias, e também para as grandes festas e shows, realizados no período da noite, durante o mês de outubro..

Essas lideranças, artistas individuais ou coletivos, têm autonomia para explorar temas e conceitos relevantes para suas comunidades, com destaque a grupos periféricos e pessoas LGBTQIA+, e expressá-los em uma programação que apresenta diferentes formas de arte: dj sets com apresentações ao vivo, instalações, design, poesia, fotografia, pintura, dança e demais expressões. São grandes articuladores, conhecidos por uma forte capilaridade em espaços de efervescência cultural.

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Leia mais sobre o projeto Night Embassy São Paulo

O embaixador do primeiro final de semana foi o estilista carioca Diego Gama, dono da marca Diegogama. Com o nome Margens do Encontro, os dois dias de residência exibiram a junção entre moda, arte e festa. Diego contou com supervisão e mentoria do stylist, maquiador e drag queer Alma Negrot (nome artístico de Raphael Jacques).

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(Breno da Matta/Fotografia)

Nascido em Friburgo, Diego é filho de profissionais do esporte. Ele jogou basquete durante alguns anos, mas escolheu percorrer um caminho diferente. Foi então que se mudou para São Paulo para cursar a faculdade de moda. Havia, no entanto, um elemento no mundo esportivo que serviu como porta de entrada para a moda: o uniforme. “No esporte, o uniforme tem uma importância muito grande. É uma roupa que não está necessariamente está no lugar comercial para quem está vestindo, ele diz muito mais sobre comunhão, sobre o time, sobre a equipe, sobre trabalhar duro por um objetivo. É sobre coletividade”, ele conta.

“No esporte, o uniforme tem uma importância muito grande. É uma roupa que diz muito mais sobre comunhão, sobre o time, sobre a equipe, sobre trabalhar duro por um objetivo. É sobre coletividade”

Diego Gama
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E, assim como o esporte, a festa também representa a comunhão para o estilista. Novo na cidade, foi nas festas, na noite de São Paulo, que encontrou suas pessoas.

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(Breno da Matta/Fotografia)

Diego teve pouco mais de um mês para elaborar a curadoria para os dois dias de evento. De certo modo, seu desafio era colocar um pouco de sua história, com “A proposta era responder como eu represento a comunidade da moda, a constituição dessa comunidade dentro desse espaço”, diz.

Responder a essa pergunta não foi nada fácil. “Eu sempre me senti outsider na moda. O que eu faço é muito experimental para ser moda e muito moda para ser arte. Então eu quis trazer pessoas que fazem trabalhos com a intenção de borrar esses limites do que entendemos o que são essas linguagens.”

Tarefa fácil ou não, fato é que moda e rolê têm tudo a ver, principalmente para pessoas LGBTQIA+, como Diego.

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(Breno da Matta/Fotografia)

Moda até o teto

No primeiro andar do prédio, o estilista instalou uma grande exposição, onde propôs uma “imersão multissensorial” nos processo criativos da marca, com a presença de três artistas convidados: Cyshimi, Gabriela Rocin e Sttefone. Boa parte de sua equipe, ele conta, conheceu na noite.

As instalações traziam materiais comuns nas peças da marca, como silicone, pó metálico e resina. Um dos destaques foram os painéis com moldes de dentes de leite (em resina) bordados em peças de roupas. A obra é inspira em sua avó, que guardava um dente de leite de Diego como um pingente. “Mostramos diversas técnicas que fazemos, com vídeos demonstrando esses processos e também em maquetes têxteis.”

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(Breno da Matta/Fotografia)

Para abrir os trabalhos, a figurinista Muca Rangel realizou o workshop de sexta-feira, no qual ensinou a construção de adereços a partir peças de jeans. Ali, Muca ensinou o passo a passo do básico da costura. Seu intuito era provocar o reaproveitamento de materiais e dar novas utilidades a eles. “Queria provocar nos hábitos de consumo de moda. Como podemos subverter esse sistema?”, questiona a profissional.

Muca também encontrou sua turma nas festas e acredita haver cada vez mais demanda por eventos como o Night Embassy, que proporcionem uma experiência utilizando diferentes linguagens. “Há interesse das pessoas por eventos que abrigam pluralidades artísticas, e intervenções que relacionam e ligam não apenas as pessoas, mas também aos espaços. Esse tipo de evento mostra como podemos ocupar esse locais com produções culturais, que devem ser acessadas por todos.”

“Há interesse das pessoas por eventos que abrigam pluralidades artísticas, e intervenções que relacionam e ligam não apenas as pessoas, mas também aos espaços. Esse tipo de evento mostra como podemos ocupar esse locais com produções culturais, que devem ser acessadas por todos”

Muca Rangel, figurinista
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(Breno da Matta/Fotografia)

Já à noite, a festa Bueiro contou um line-up esquentadíssimo: Mia Badgyal, Spencer Q, B2B Alirio, Fkoff e Anddygnada animaram a noite com eletrônico, tecnobrega e funk.

O workshop de sábado foi conduzido pela designer de moda Maria Canepa, que ensinou o bordado tridimensional. Durante a oficina, os participantes criaram gargantilhas com técnicas de pedraria. Um dos objetivos era que os alunos criassem acessórios para usarem na noite. E assim como os outros participantes, Maria tem uma relação intensa com a noite de São Paulo. “Eu não consigo me sentir viva longe da noite. Sinto que não consigo me expressar por completo se não estou frequentando a noite. É o momento que me sinto mais livre para expressar minhas vontades.”

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(Breno da Matta/Fotografia)

Para Maria, a noite é como entrar num espaço do fantástico. “Me dá uma sensação quase abstrata.”

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Celebrando a diversidade

A festa de sábado foi ainda mais especial para Diego. Nela, ele apresentou a coleção 2023, em um desfile chamado Requiem, com 12 modelos pretos e queer. As peças também contam um pouco a respeito das referências da infância de Diego. Além das vestimentas que parecem brincar com o contemporâneo e o medieval, chamaram atenção as longuíssimas unhas das modelos, criadas pela artista Cyshimi e os penteados de Steffone Yih, que fazem alusão aos símbolos do candomblé.

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(Breno da Matta/Fotografia)

Diego diz que sua marca é uma combinação dos territórios por cresceu onde passou. “É uma marca de streetwear que fala sobre esses dois lugares: Friburgo, uma região serrana do Rio de Janeiro, com uma extensa área de Mata Atlântica, e São Paulo, a selva de concreto”.

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(Breno da Matta/Fotografia)

“É uma marca de streetwear que fala sobre esses dois lugares: Friburgo, uma região serrana do Rio de Janeiro, com uma extensa área de Mata Atlântica, e São Paulo, a selva de concreto”

Diego Gama, Estilista
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Após o show, o agito ficou por conta de Capsule, Mirands, Bonekinha, Caio Prince e Afro.jpg, que carregaram no eletrônico e no funk conceitual.

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(Breno da Matta/Fotografia)

Nos cantos da pista, muitos se arriscavam no voguing, exaltando uma das grandes influências da noite. A diversidade, aquela que representa verdadeiramente São Paulo, era a regra do rolê.

O que ainda vem por aí no Night Embassy São Paulo

14 e 15/10 – Noites e VIHdas Escuras
Gabb Cabo Verde celebra a existência do coletivo AMEM, que promove festas que exaltam e lutam pela diversidade de corpos e pela liberdade. Com as letras “VIH” em maiúsculo destacadas no título dessa residência, o coletivo AMEM pretende também trazer mais visibilidade a pessoas que convivem com HIV. Noites e VIHdas Escuras terá oficinas de dança, gastronomia diaspórica, além de debates sobre saberes ancestrais.

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21 e 22/10 – Infiltração
A cultura paraense, berço da artista Ane Oliveira, é destaque na última residência da Night Embassy São Paulo. Ela e o Novíssimo Edgar realizarão oficinas sobre produção musical e performance no palco, além de oferecerem rolês gastronômicos e festas nas duas noites de evento.

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(Breno da Matta/Fotografia)
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