Sextou pré-Carnaval por aí, mas esse ano você vai escapar da folia? A gente sabe que nem todo mundo está seguro pra cair nas pistas e nos bloquinhos (clandestinos, rs) que vão rolar dessa vez, por isso preparamos uma listinha especial no Elástica Recomenda dessa semana. Quem vai para o mato ou para a praia, relaxar e esquecer dos problemas da vida real, pode levar um dos livros que recomendamos na mala: tem um que fala sobre os prazeres da vida e outro sobre relações que terminam do dia pra noite e deixam a gente… perdido. Quem vai ficar em casa pode maratonar After Life, série disponível na Netflix que fala sobre luto e recomeços, ou então aproveitar a cidade mais vazia para uma ida ao cinema conferir o tão falado Licorice Pizza, produção que tem a família Haim inteirinha no elenco. Também tem dica de receita pra aproveitar as horas livres e inovar no cardápio. Vem com a gente?
Elástica recomenda: Licorice Pizza, receitas e odes à vida
Carnaval sem viagem ou sem folia? Sem problemas! Com nossas dicas, a diversão é garantida
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Ahmed e as máquinas esquecidas: Uma fábula
No final de semana, enquanto esperava a comida chegar, peguei na estante um livro pequenino escrito por um dos meus autores favoritos, Ray Bradbury. O americano é conhecido mundialmente por sua distopia sci-fi Fahrenheit 451, e também é autor do maravilhoso As Crônicas Marcianas. No entanto, em Ahmed e as máquinas esquecidas: Uma Fábula, que Bradbury escreveu já em seus últimos anos de vida, o tema não é a ficção científica ou futuros horríveis. Trata-se de uma ode à própria vida, um conto curto sobre um garoto que se encontra com deuses esquecidos antigos que lhe ensinam o prazer de dar valor ao aqui e agora, às pequenas coisas, ao sonhar como maneira de construir uma vida plena.
Agradável para adultos e perfeito para ser lido junto de crianças, essa edição de “Ahmed e as máquinas esquecidas: Uma Fábula”, lançada pela Biblioteca Azul, tem ilustrações lindíssimas do brasileiro Jefferson Costa, que deixam o pequeno livro ainda mais gostoso. Um respiro de beleza em meio a tanto caos.
Ahmed e as máquinas esquecidas: Uma fábula, ed. Biblioteca Azul
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bia
After Life
Nos últimos três anos, nos percebemos em luto. Pelos entes que perdemos, momentos que deixamos de viver e pelo nosso eu interior, que vem se transformando constantemente. Não adianta fugir. É preciso encarar os inúmeros fins para que a gente consiga elaborar os recomeços. Uma das maneiras de fazer isso é falar, ler e ouvir diferentes visões sobre o tema.
A série After Life, disponível na Netflix, é ideal para trazer essa reflexão. Criada pelo comediante Ricky Gervais, que também é o protagonista, a produção conta com três temporadas e não será renovada. A história narra a vida do jornalista Tony — um homem que, quando perde sua amada esposa Lisa para o câncer, cai em depressão e tem pensamentos suicidas. Seu humor é ácido e ele fala tudo o que pensa, doa a quem doer.
Sua trajetória melancólica e um tanto cômica, no entanto, tira risadas dos espectadores nos momentos mais improváveis. Além da trama em si, os gestos, atitudes e falas de cada personagem nos tocam de maneiras muito profundas. Nos últimos minutos da série, o diretor escolhe tocar a canção “Both Sides Now”, de Joni Mitchell, como um jeito de mostrar que viver é isso: passar pelos melhores e piores dias, aprendendo com cada um deles e tentando fazer alguma diferença positiva na vida do outro.
After Life, na Netflix
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alê
Copo Vazio
O ghosting é um tema recorrente na nossa geração. Já fizemos reportagem sobre isso, já praticamos com alguém, já fomos vítima dele. E esse livro da Natália Timerman, lançado no ano passado e um hit principalmente entre as mulheres millennials, fala exatamente sobre isso. Depois de três meses de relacionamento, Pedro simplesmente some da vida de Mirela. As mensagens pararam de ser respondidas, os planos precisaram ser esquecidos e a rotina, antes cheia de amor, virou uma surra de ausência.
Demorei para aderir ao hype e, sinceramente, me arrependo disso. Li Copo Vazio numa tacada, me deixei ser atravessado pela crueza com que a autora narra a saga de altos e baixos da protagonista ao tentar encontrar sentido em uma atitude filha da puta e deixei doer quando lembrei das ausências que eu mesmo já vivi. Recomendo a leitura e não tem oportunidade melhor do que um feriado prolongado para fazer isso.
Copo Vazio, ed. Todavia
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Carolina Gelen
O old millennial que aqui vos fala tem que admitir, finalmente: me rendi ao TikTok. Entrei para a estatística dos que gasta horas a fio vendo vídeos que me fazem rir, de reviews de restaurantes que eu provavelmente não vou e, principalmente, de receitas que eu adoraria fazer e mando para meu namorado na esperança de que ele faça pra mim. É nessa terceira categoria que se encontra minha dica dessa semana: as boas ideias culinárias de Carolina Gelen. Food stylist, videomaker e criadora de receitas, a americana é colaboradora do New York Times e começou a cozinhar aos 5 anos de idade.
@carolinagelen TOMATO SOUP, the perfect weeknight dinner recipe, now live on @food52 – link in bio #tomato #tomatosoup #comfortfood #soup #food #fyp #easyrecipe #yum ♬ original sound – carolinagelen
Ela sabe bem o que está fazendo: as receitas são simples, a voz dela é suave e o resultado final é sempre de dar água na boca. Se não estivesse tão calor, eu já teria feito a sopa de tomates aqui em cima. E espero aproveitar esse feriado prolongado para lanchar esse sanduíche de cogumelos.
@carolinagelen this is my contribution to sandwich tiktok #mushroom #bagel #lunch ♬ hit em up style – nicky
Carolina Gelen, no TikTok e no Instagram
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joão
Licorice Pizza
Domingo passado eu dormi praticamente o dia todo. Fui acordado pelo meu roomate me convidando pra ver o novo filme de Paul Thomas Anderson com Alana Haim na última sessão do dia no cinema perto de casa. Tinha visto um burburinho na internet por conta da caçula do trio HAIM – que amo e também recomendo – atuando em seu primeiro filme.
Sentei na poltrona pra ver Licorice Pizza sem saber muito bem o que esperar, só sabia que se passava no início dos anos 70 (minha década favorita, diga-se de passagem). O filme começa numa fila de escola e vai para os lugares mais impensáveis: desde loja de colchões de água até a residência de Barbra Streissand, de uma casa de fliperamas até de campanha política para o novo prefeito. Mas toda trama dança em torno de um casal que, à primeira vista, não tem muito brilho. Primeira vista essa que é questionada durante todo o filme por conta de uma grande diferença de idade das personagens, mascarada pela oscilação de maturidade e impulsividade típica da adolescência.
A cena de beijo é, claro, como todo filme romântico, a cereja do bolo. Mas esta se tornou uma das minhas favoritas até hoje, vale a espera. Além de tudo isso, me encontrei com um filme lindo, realmente imerso nos anos 70 com atmosfera pós movimento hippie meio decadente e bem colorida. O que merece um destaque especial são as tipografias de embalagens e caligrafias de letreiros lindamente pintadas em paredes e vidros. O verde hipnotizante dos créditos é também bastante especial. Lembrei de Annie Atkins, designer gráfica que duplou lindamente com Wes Anderson em vários de seus filmes. Então, fica aqui então meu elogio à equipe de arte do filme e minha recomendação pra um fim leve de uma semana bem pesada (assim esperamos). Longe de ser o melhor filme do mundo, mas o sorrisinho bobo no final da sessão é garantido. 🙂
Licorice Pizza no cinema mais perto de você 😉
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🥠 biscoito da sorte 🥠
Guerra não é espetáculo. Nem motivo de engajamento.