A cantora e pesquisadora Fabiana Cozza diz que só canta o que consegue carregar. Porque o trabalho de intérprete requer muita verdade na hora de emitir os versos de uma canção. Esse foi o cuidado que Teresa Cristina teve para escolher o repertório do seu novo show, “Teresinha”, que fez em homenagem a Maria Bethânia e que estreia no dia 19 de maio, na casa Tokio Marine Hall, em São Paulo. Apesar de ter sido guiada puramente pela emoção ao selecionar as músicas, ela abriu mão de muitas que só mesmo Bethânia pode interpretar.
A admiração de Teresa Cristina por Maria Bethânia começou cedo. Ela lembra de pegar a anágua da mãe e ir para a frente do espelho cantar “Foi assim”, de Lupicínio Rodrigues, que ouviu com Bethânia e Chico Buarque no disco ao vivo de 1975. Ela imitava os trejeitos e a intensidade da Abelha Rainha quando ainda nem tinha se apaixonado. E, naquele momento, se sentia a mulher mais linda do mundo.
Quase 50 anos depois, essa vontade de ser a Maria Bethânia continua movendo Teresa Cristina: “Querer ser Bethânia não é somente querer ter aquele cabelo, aquela voz, aquela cinturinha fininha de violão, aquele magnetismo. Querer ser Bethânia é querer ter esse olhar carinhoso com o Brasil. Ela dá vida à palavra de um jeito muito digno. Eu acho que querer ser Bethânia é querer ser melhor. Todo dia”.
Mas o show Teresinha – As Canções que a Bethânia me Ensinou não é um show de cover. Não há qualquer pretensão de imitá-la até porque não teria como. A intenção de Teresa foi jogar luz no cancioneiro popular que Bethânia interpretou ao longo da carreira. “Esse show é sobre o repertório de uma artista brasileira que teve um olhar especial para as canções, sobre o que ela escolheu para cantar”. Todas as 30 canções escolhidas para a apresentação marcaram Teresa Cristina de alguma maneira – foram trilha sonora para um novo amor que chegou, um ciclo que se encerrou, uma insatisfação social e muitos outros momentos.