“Silenciosa como uma bomba / Já dá pra ver que ela tá na lombra / Sempre em destaque, nunca na sombra / Vê se não fode, não interrompa.” Ouviu? É nos versos iniciais de Peligrosa, último videoclipe lançado, que Urias já adianta que não veio para brincadeira. A música faz parte de FÚRIA PT1, primeira metade do primeiro álbum da artista. Viver de música não era um sonho antigo, mas, nos últimos cinco anos, ela conta que veio se descobrindo cada vez mais cantora. Como artista, a percepção veio muito antes.
“Gosto de arte desde pequena, mas só mais recentemente que fui encontrar meu lado cantora. Eu geralmente começo pela parte visual – clipe e capa de single – de tudo, e só depois vêm as letras e melodias na minha cabeça”, revela. FÚRIA PT1, assim como boa parte das produções contemporâneas, é um álbum visual, mas não se restringe só à beleza das imagens. “Quis mostrar que também tenho sentimentos, que também sou gente, e principalmente falar da raiva e de tudo que ela desencadeia de bom e de ruim.”
E se Urias tem muito a dizer em cima dos palcos, do lado de fora o cenário não é diferente: seu posicionamento frente a questões sociais e sua militância LGBTQIA+ levou a artista a ser escolhida pelo Facebook para representar o Brasil na celebração do Latin Hispanic Heritage Month 2021, celebração da cultura e expressão latino-americana, comemorado entre 15 de setembro e 15 de outubro. “Eu me sinto muito feliz de ver onde meu trabalho está chegando, é muito gratificante e importante pra mim, sem falar do quão é significativo eu ser escolhida para representar o Brasil, país recorde em transfeminicídio”, pontua. Enquanto FÚRIA PT2 não chega – Urias promete que ela vem ainda esse ano! –, convidamos a cantora para encarar nossa Cama Elástica, uma série de perguntas às vezes divertidas, às vezes sentimentais, que resgatam parte do passado de cada entrevistado e, ao mesmo tempo, o faz pensar no que vem por aí. Vem ler!