No mundo da música, raramente se encontra uma artista que transcende o convencional com tanta graça quanto Urias. Nascida e criada em Uberlândia, a cantora e compositora desafia não apenas as barreiras musicais, mas também as sociais. Com mais de 425 mil ouvintes mensais no Spotify, videoclipes que acumulam milhões de visualizações e uma turnê pelo Brasil, Urias se destaca como um fenômeno musical.
Desde muito cedo em sua carreira, Urias conseguiu alcançar ao mesmo tempo um público brasileiro e internacional. Ainda em 2020, venceu o Berlin Music Video Awards com “Diaba”, e também concorreu no MTV Miaw aqui no país. Não apenas uma cantora talentosa, Urias também se destaca como modelo, participando de eventos de moda de renome, como o São Paulo Fashion Week e a Casa de Criadores, e estampando capas de revistas de prestígio, incluindo Glamour e Bazaar. Atualmente, a mineira está em turnê pelo Brasil com seu álbum Her Mind.
A cantora explica que, após o lançamento do seu álbum Fúria no ano passado, todas as perguntas em torno de seu trabalho se reduziram ao seu corpo, colocando-o em um lugar de corpo político. “Essas perguntas tinham que ser feitas, mas eu estava exausta de responder e falar sobre o meu corpo e percebi que isso não acontece com outras artistas, então comecei a pensar no que falar no meu próximo trabalho para evitar falar disso, mas também sem negar a minha identidade, o que está no meu ser”, explica.
Em meio à sua jornada em busca do que poderia abordar em um projeto futuro, Urias encontrou uma pesquisa feita na Bélgica, em 2018, comparando o cérebro de crianças trans com o de seus pares cisgêneros. Era uma confirmação de sua identidade: “A cientista percebeu que o cérebro das meninas trans emitiam os mesmos comandos e ondas para o corpo que os cérebros das meninas cis.” Ali estava a base para Her Mind.
“Comecei a pegar estéticas de ressonância, de figuras de raio-x e demais coisas relacionadas”, explica Urias. No álbum, ela navega por letras em inglês, espanhol, francês e português. Entre as diferentes nuances sonoras que se apresentam, é possível até mesmo ouvir monólogos da própria artista. “No começo, eu fiz o álbum em múltiplos idiomas para alcançar novos lugares, mas com o tempo isso foi mudando. Ao longo da segunda etapa até a terceira parte, me bateu um sentimento de que eu estava falando com outras pessoas em outras linguagens também.”