s anos 1960 haviam sido coloridos. Pela primeira vez no século 20, os jovens estavam no controle intelectual. Houve momentos semelhantes em séculos anteriores, como a Belle Époque e a Renascença, mas agora com um ineditismo: a mídia global amplificou essa luta por progresso e contra as forças conservadoras pelos quatro cantos do mundo. O rock ‘n’ roll abraçou o flower power e, impulsionado pelo LSD, gritou por liberdade espiritual e social. Mas, como sempre, os poderosos deram um jeito de vencer essa geração.
Quando os anos 1970 chegaram, a Guerra Fria estava em um momento crítico. Os soviéticos e os norte-americanos conflitavam em diversos lugares do planeta, entre eles o Vietnã. Lideranças progressistas como John Kennedy e Martin Luther King haviam sido assassinadas, a segregação racial era imensa e, na face sul do planeta, ditaduras cada vez mais sangrentas estavam no controle. Dizia-se que o sonho acabou, mas o que viria a seguir foi muito maior.
Em cartaz na Apple TV+ desde o final de maio, o documentário em oito partes 1971: O Ano que a Música Mudou o Mundo não é apenas um registro de alguns dos melhores álbuns e músicas já produzidos, mas também um apanhado de momentos que foram faíscas para mudanças sociais importantes, do fim do racismo à quebra do machismo.
Mas… 1971 foi mesmo o ano em que a música mudou o mundo? Por que, 50 anos depois, ainda estamos vendo jovens negros sendo brutalizados? Por que o feminicídio é uma realidade, as guerras por interesses políticos continuam matando inocentes, os LGBTs continuam sofrendo preconceito? Por que fascistas ainda comovem uma parcela atrasada e ignorante da sociedade com suas mentiras e hipocrisias sobre Deus, a família e as tradições?