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Um outro palco para Diogo Defante

Comediante se lança em carreira solo na música em uma virada que tem a ver com paixão e vontade de subverter as estruturas tradicionais do humor

por Artur Tavares Atualizado em 4 ago 2023, 12h11 - Publicado em 4 ago 2023 12h06

Qual pode ser a coisa mais absurda que um comediante como Diogo Defante pode fazer? Carioca acostumado a dar palco para o caos com seu trabalho na internet, Defante decidiu fazer música séria, cair na estrada com uma banda e realizar um sonho antigo de sucesso em um palco totalmente diferente daquele que o revelou para o estrelato.

Lançado em julho, o EP “Robson” tem cinco músicas compostas pelo comediante. Não se trata de paródia, como os Mamonas Assassinas, mas de um disco de rock ‘n’ roll cujas letras e a própria performance de Defante puxam para o humor – com poéticas que mais tratam do absurdo do que trazem piadas em si.

Tendo sido gravado desde a pandemia da covid-19, “Robson” é, de certa maneira, uma realização pessoal que Defante só conseguiu atingir devido sua fama. Antes da carreira na comédia, ele era baterista de uma banda de sonoridade puxada para o punk, o hardcore e o emo chamada Let’s Go. Era época de uma renovação no rock brasileiro, com bandas Fresno, NX Zero e Restart despontando, e embora a Let’s Go tenha feito alguns shows e gravado clipes, nunca alcançou a projeção de suas contemporâneas.

“Quando vi que as coisas estavam dando certo na comédia, até tentei fazer algumas coisas musicais, mas normalmente foram coisas consideradas mais descartáveis pela audiência do canal. E acho que a galera também não daria uma credibilidade assim tão grande para esse meu lado musical se eu não mostrasse com tanta intensidade, como estou fazendo agora”, conta Defante.

A primeira música lançada por Diogo nesta nova fase foi “Jerry”, cujo clipe mistura Piratas do Caribe com Hanna Barbera em uma história nonsense que envolve o famoso rato dos desenhos animados em uma confusão em alto mar. Já o segundo single, “Padeiro”, fala sobre um boulanger que molda seus pães em formatos fálicos.

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“Agora que a comédia deu certo, pensei em juntar todas as músicas que tinha composto e lançar em um álbum. Pensei que conseguiria voltar a fazer shows musicais, que era uma coisa que eu tinha muita saudade, tá ligado?”

Nós sabemos que, explicando dessa maneira, não parece que Diogo esteja levando tão a sério essa sua investida na música, mas é justamente o contrário: “Tem muita gente dizendo que estou zoando, mas a música até que é boa. Não é isso. É bom porque eu não estou zoando, entendeu? Mas tem uma veia de comédia, afinal é o Defante”, ele explica.

Nós conversamos com Diogo Defante sobre sua entrada inusitada na música, sobre fama, sucesso, saúde mental, os limites e as imposições da comédia. Confira:

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Diogo, você já foi baterista de banda punk antes de se dedicar à comédia. O que te motivou a voltar para a música nesse momento da sua vida?
Na verdade, sempre tive uma certa pena de não poder aproveitar esse meu lado mais musical. Quando vi que as coisas estavam dando certo na comédia, até tentei fazer algumas coisas musicais, mas normalmente foram coisas consideradas mais descartáveis pela audiência do canal. E acho que a galera também não daria uma credibilidade assim tão grande para esse meu lado musical se eu não mostrasse com tanta intensidade, como estou fazendo agora.

Foi uma experiência de sete anos com a banda Let’s Go, que tinha uma influência de punk rock anos 1990, como Green Day, Offspring, essas bandas. Só que foi em uma época em que tudo ia pro emo. Então, quando a galera descobriu que eu tinha essa banda, me colocaram como um ex-emo. E eu adoro, mano!

“Jerry”, a primeira música que lancei agora, é uma composição de dez anos atrás. Foi na época da banda, a gente até tocava em um momento zoeira dos shows. Não era algo que entraria em um álbum nosso, porque fazíamos letras mais sérias.

Agora que a comédia deu certo, pensei em juntar todas as músicas que tinha composto e lançar em um álbum. Pensei que conseguiria voltar a fazer shows musicais, que era uma coisa que eu tinha muita saudade, tá ligado?

Porque eu tava fazendo show de comédia e teatro, mas não é… Eu fiz uns shows musicais foda com a banda, coisas que me marcaram muito. Tocamos no Hangar 110, em São Paulo, lotado, se ligou? Tipo, tocando Green Day, do you want that time, todo mundo cantando bizarramente. Aquilo, eu com meus… acho que devia ter uns 18 anos, 19 anos, tocando bateria naquela situação… não tem como esquecer, mano!

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(Steff Lima/Divulgação)

Você já estava produzindo esse disco desde o ano passado, mas houve um problema e as gravações foram todas perdidas, inclusive contigo fazendo um vídeo dizendo que iria desistir. O que aconteceu, o que não te fez desistir?
Na pandemia, começamos a tentar gravar o álbum transmitindo em lives todo o processo de gravação com a produção musical do Vitor Levi. A galera foi vendo o processo e aprendendo a cantar. Era uma galera muito seleta, muito raiz, que me acompanha full time. Na época, isso era o equivalente a umas 600 pessoas assistindo ao vivo.

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Mas aí teve o triste momento da perda do HD. O Vitor não fez backup e nós perdemos a gravação inteira, uns 95% do material pronto. Demos uma desanimada mas, depois de um tempo, pegamos forças e regravamos tudo. E acho que está saindo no melhor momento possível, tá ligado? Porque se lançássemos na pandemia provavelmente não conseguiríamos fazer show, de repente iria esfriar um pouco a galera.

Agora não, mano! Estou num momento ótimo, ainda no pós-Copa, que foi um estouro absurdo, ampliou o público. E já estamos com vários shows marcados, que é para a audiência entender que estou na música, não é uma parada que estou zoando.

Porque tem muita gente dizendo que estou zoando, mas a música até que é boa. Não é isso. É bom porque eu não estou zoando, entendeu? Mas tem uma veia de comédia, afinal é o Defante.

“Hoje, stand-up parece ser uma palavra maior que a própria comédia, de as pessoas associarem uma coisa à outra, sendo que são milhões de coisas! Você pode fazer uma peça muito maluca, pode ir pelo caminho musical… Um simples vídeo que eu faço, uma coisa maluca na rua, isso tudo é comédia!”

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Achei diferente dos discos de comédia que nossa geração têm em mente, com músicas que eram paródias, enquanto você está de fato compondo. Estou enganado, ou são poucos brasileiros que fazem isso hoje, Defante?
Não, não está enganado. Tem o Rogério Skylab, que propõe poesia de coisas absurdas e tal, mas acho que ele até se ofende de ser colocado na categoria de comédia.

Os Mamonas Assassinas já começaram na música, não tinha YouTube nem internet, era outra realidade. Eles não surgiram fazendo comédia, tá lá o Dinho, e de repente foram para a música. Acho que não teve ninguém da comédia que foi para a música de forma profissional mesmo. Se tiver, posso estar sendo injusto, mas não lembro.

Estou um pouco nessa de ir por um caminho diferente de comédia, porque acho que existem coisas meio impostas para quem está nela, tipo fazer stand-up. Hoje, stand-up parece ser uma palavra maior que a própria comédia, de as pessoas associarem uma coisa à outra, sendo que são milhões de coisas! Você pode fazer uma peça muito maluca, pode ir pelo caminho musical… Um simples vídeo que eu faço, uma coisa maluca na rua, isso tudo é comédia!

“Entretenimento é a palavra maior na minha cabeça. Eu acho que música é entretenimento, comédia é entretenimento, uma pessoa está no palco tentando puxar tua atenção é entretenimento. Então, tudo pode acontecer no palco”

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Dei uma cansada desse caminho, percebi que se eu ficasse no stand-up acabaria fazendo sem muito tesão. E meu show já não era mais assim. Agora tá muito definido na minha cabeça que quero fazer música, e se eu fizer alguma coisa com comédia no palco, de teatro, piadas mesmo, vai ser uma coisa mais maluca, e não o clássico stand-up.

Então é isso, eu tô feliz que tô indo pra um caminho totalmente contrário, mano. E se der certo, talvez seja uma coisa meio inovadora, de alguém que começou como comédia, comédia, e do nada, ué, música? Caralho, tá dando certo!

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(Diogo Defante/Divulgação)

Você se sente mais circense do que uma personalidade do stand-up?
Sim, muito. Entretenimento é a palavra maior na minha cabeça. Eu acho que música é entretenimento, comédia é entretenimento, uma pessoa está no palco tentando puxar tua atenção é entretenimento. Então, tudo pode acontecer no palco.

Eu não preciso necessariamente estar focado em executar essas músicas da melhor forma, com o melhor canto possível. Eu até tô me dedicando, mas assim, não é o meu foco. Não quero que você fale assim: pô, esse cara é virtuoso, olha a técnica dele. Não! É, caralho, que raça, né, mano? Que… Ele tá com muita vontade nesse bagulho aí.. E, entre uma música e outra, uma gracinha, uma coisa maluca que acontece, uma coisa que quebra tua expectativa, pra galera ficar caralho, mano! Completo, assim, uma coisa completa.

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Acho que todo artista deveria ter um pouco, assim, não precisa ser mais do que a técnica, mas ter a técnica e ter a execução, e ter também a visão do todo, de que o cara pagou ingresso pra ir ali, pra olhar pra você, pra ser surpreendido de alguma forma, tá ligado? Ser impactado. Não só a música, é visual, tem alguma coisa…

Você tocou no ponto da virtuose. O que há de diferente nas suas músicas daquilo que se espera criticamente da qualidade de um músico?
Acho que é o desprendimento dessa coisa que passa pelo ego, de que tenho que cantar muito bem. Em uma das letras do disco eu canto “nós vai bigodar!”, que é uma gíria que uso para “morrer”. Tem muitos vídeos que falo isso. E aí, nesse momento do bigodar, eu tô morrendo, tô desesperado. Tem que ter um desespero nessa voz. É uma coisa quase teatral.

Acho que é muito visceral poder me ouvir tentando fazer algo com a música. Esse tentar fazer também é muito gostoso de acompanhar, sabe? As pessoas estão todas muito preocupadas em deixar tudo redondo, sendo que todo mundo é humano, todo mundo se identifica com alguma pessoa que tá ali na tentativa.

De repente, isso gera muitos pontos de vista. Tem gente que vai falar mal porque está presa nessa virtuose, nessa cobrança de que tem que entregar um negócio “bom” já que se propôs a fazer. Esse tipo de pessoa não tá aberta a aceitar que vou ter deslizes, e que ela também tem deslizes na vida dela. E tá tudo certo, mano, somos todos humanos aqui!

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Eu não vou tentar te passar uma vibe de que sou especial. Eu tô na rua, mano, o tempo inteiro, tô gravando, a galera sente isso em mim, tá ligado? Eu não posso chegar agora e pagar de pô, agora eu sou da música, pá!

E você fez até clipe bem produzido!
Pô, é um clipe foda, porque sempre sonhei em ter uma produção grande de um clipe com uma ideia meio idiota, assim. Tipo, um pirata que tá preocupado com o Jerry. É meio bobo, meio idiota, mas fiz da bobeira máxima algo que é sério. Não tem um vídeo no meu canal tão bem produzido quanto o clipe, tem qualidade de um filme da Netflix.

Acho que dá pra chegar em mais gente tendo uma produção grande, e mesmo assim eu vou passear pelo tosco em muitos momentos para que a galera ainda tenha essa identificação de que é o Defante ali.

Você vai tocar fantasiado no show?
Cara, então… Inicialmente eu não pensei em fazer isso por conta da quantidade de coisas pra resolver antes desse show acontecer. É uma equipe gigante, ainda estou entendendo o business, como trabalhar o workflow para tudo isso acontecer, sabe? Isso está me consumindo e estou tentando ser minimalista com a entrega do espetáculo pra justamente não botar os pés pelas mãos.

Mas, pretendo me fantasiar e ter troca de figurino futuramente. Pretendo ter dançarinos, tornar o espetáculo quase em um musical. Mas, por enquanto, vai ser eu e a banda ali.

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(Steff Lima/Divulgação)

Como foi seu processo de gravação? Você compôs as letras e também as bases das músicas?
O Vitinho, que é o produtor musical, é meu amigo há muito tempo. Ele foi um dos primeiros a desbravar live no YouTube quando ainda ninguém fazia no Brasil, me ajudava nisso em uma época que não podia pagá-lo. E ele continuava ali, entende? Como amigo ali me ajudando, me dando apoio… E nos conhecemos porque ele também tinha uma banda, nós tocávamos juntos, então quando vi a oportunidade de gravar esse álbum também encontrei uma oportunidade de poder ajudá-lo. Então, ele fez a produção musical de todas as músicas, vai fazer direção de palco com os músicos, meio como maestro mesmo.

Como eu nunca manjei muito de instrumentos harmônicos, sou baterista, levava as melodias que eu criava pro Vitinho, chegava cantando as letras para ele ir encontrando as notas que casariam ali. A partir desse momento, ele também aprimorava o arranjo, sugerindo inclusão de outros instrumentos, tipo sax.

No palco, são cinco músicos: um tecladista, um baixista, dois guitarristas e a bateria, e eu só canto. Vou tocar bateria em algum momento zoeira do show, puxar um som dos Raimundos depois de me desentender com meu baterista, dizer que ele é péssimo.

Além de tocar Raimundos, também vou fazer uma versão rock de “Garçom”, do Reginaldo Rossi, e aquela da Perlla, “Tremendo Vacilão”.

“Eu não vou tentar te passar uma vibe de que sou especial. Eu tô na rua, mano, o tempo inteiro, tô gravando, a galera sente isso em mim, tá ligado? Eu não posso chegar agora e pagar de pô, agora eu sou da música, pá!”

Você vê sua música indo para um caminho quase infantojuvenil, que acessa o público como um todo? E existe alguma contradição com seu próprio humor, que nem sempre é pra todas as idades?
Isso é interessante, porque passou pela minha cabeça rápido e saiu… “Jerry” é uma música que não tem uma sacanagem, nem putaria. É uma coisa maluca mas bem comercial, family friendly. Tenho certeza a criançada vai ficar na mente e tal.

Em outras músicas, pensei que não precisava ser tão chulo em alguns momentos, mas deixei de lado porque estaria me moldando. Eu gosto que consumam a verdade do que eu sou, tá ligado? Então, se eu estiver sentindo necessidade de botar um bom palavrão gigantesco naquela porra ali, vai rolar sem pena, sem dó nem piedade.

Sempre foi assim, meus vídeos tem esse palavreado, esse jeito que não consigo tirar de mim. E, no entanto, as pessoas gostam. Mesmo com todas as ressalvas que elas têm, vão lá e consomem.

Tipo assim, a galera dá uma aliviada quando o negócio é legal, então, eu já não tenho mais essa pressão. Ela rapidamente passou por mim quando vi o negócio ficando muito bom e muito bem produzido, mas daí já começa uma estratégia pra pegar mais gente, e não é, mano… Isso aqui, se for pra cem cabeças, vai ser pra cem cabeças, a galera vai colar nos shows os mesmos cem. Se for menos que 50 fudeu porque aí não vai pagar ninguém, tá ligado! [risos].

Mas não tô muito preocupado em ter um grande público. Acho que tem que ser um nicho mesmo, porque sempre foi comigo. Sempre foi comunidade, foi uma galera ali. Por mais que meu público tenha se ampliado com a Copa e minha imagem tenha ficado muito conhecida e popular, é um público pequeno que me entende e me abraça. E não quero deixá-los, tá ligado?

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(Steff Lima/Divulgação)

Falando sobre limites do humor, você disse que a galera dá uma aliviada quando o negócio é legal, e eu já me peguei pensando se essa questão muitas vezes não tem mais a ver com a imagem e o caráter que o humorista passa do que a piada em si, em um sentido de que você já falou muita coisa repreensível e nunca foi cancelado, enquanto outros, sim. O que você pensa disso?
Acho que não tem a ver com o caráter do humorista, mas com a piada que é feita. Não tem como eu julgar o caráter de alguém por causa de uma piada ali. Porque, às vezes, o cara tá realmente no personagem, tá ligado?

As pessoas acham que eu sou piroca, maluco, pensam que eu não consigo trocar uma ideia que nem essa que estamos trocando, tá ligado? Então, calma aí, tem o artista e a obra. Existe um ser humano ali que precisa ser entendido. Ele é diferente do que tá produzindo. Pode ser que ele produza uma coisa que você considera muito errada, mas daí você dizer que ele é um grande filho da puta depende muito.

Então, eu não julgaria o caráter, mas tenho uma linha de raciocínio de me preocupar um pouco quando passo por temas espinhosos. Gosto de uma coisa mais leve, mas entendo quem quer ir por esse caminho, fazer as pessoas discutirem, pensarem, refletirem sobre assuntos. Acho que meu conteúdo é pra esvaziar a cabeça do público.

Mas vira e mexe você coloca uns piroca da cabeça pra falar umas bobagens, você é muito bom em dar corda pras pessoas…
Exatamente! Acho que sou um bom domador de maluco [risos] Eu me vejo assim, domador de maluco e maestro do caos.

Sou meio diretor, cara. Vejo um cara falando uma merda, outro falando uma outra merda e já penso, cara vou juntar esses dois, ou então vou botar um contra o outro. Daqui a pouco o negócio virou um conteudaço! Dar corda é o principal, mano. Tem que falar sim pra tudo.

A galera tira muita onda com você na rua? Você se blinda, entra na zoeira também?
Tô aprendendo a lidar com isso porque é bem cansativo, mano. Não vou mentir pra você, não, porque sou diferente do que as pessoas pensam. Sou um cara meio pacato assim, de querer dar rolezinho de tarde e água de coco, sabe assim? Não sou muito espalhafatoso, de colar no quiosque falando ae fulando me vê uma água de coco aqui!

Quando a galera vem acelerada, é porque tá com o Diogo personagem na mente. É o que vem na cabeça delas, não diferenciam a pessoa do personagem. E tudo bem, porque mostra que estou fazendo um bom trabalho, que elas acreditam que sou daquele jeito. Mas, fica cansativo, porque não estou no modo trabalho.

Eu tenho me adaptado assim. Quando não estou bem, com a bateria social baixa, penso o que eu faria se encontrasse 16 adolescentes, como eu iria me portar com eles berrando na minha orelha e me jogando pro ar. Eu iria aguentar? Se não, nem saio de casa, tá ligado? Se tiver que pegar um bagulho de mercado, eu peço aqui, vou fazendo as coisas assim.

Mas não é um bagulho que me deixa triste, não. Sei que vai ter um momento que eu vou estar pras fodas, que eu vou sair e falar com todo mundo, fazer festinha também. Só não quero correr o risco do dia que eu estiver mal, ter que lidar com isso e ficar pior, tá ligado? Porqu é cansativo, mano, você, porra, querer ir ali na padaria só comer um pão, tomar um café, e aquilo virar um evento, os holofotes virarem pra tu e todo mundo caralho, aí começa a cochichar.

“Eu gosto que consumam a verdade do que eu sou, tá ligado? Então, se eu estiver sentindo necessidade de botar um bom palavrão gigantesco naquela porra ali, vai rolar sem pena, sem dó nem piedade”

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(Steff Lima/Divulgação)

E, ao mesmo tempo, quando procuro seu nome no Google os resultados da imprensa são reportagens tipo “quem é Diogo Defante”. Existe uma desconexão completa da mídia para o real alcance de celebridades da internet como você.
Exatamente. Talvez mais pessoas parem pra falar comigo na rua do que com uma atriz da Globo. Mudou, mano, e não tô falando isso pra me gabar, tá ligado? Eu saio e fico bugado com o alcance que o bagulho toma.

Ao mesmo tempo, tipo, quando eu voltei do Catar, as pessoas me falaram que eu tava famoso, e tava meio que a mesma coisa. Acho que as pessoas não sabiam que eu era famoso antes de ir pro Catar, que já passava pelas mesmas coisas.

E assim, cara, o ônus e o bônus mesmo. Fica parecendo que é uma coisa que eu tô reclamando e tal, mas não é, eu só tô sendo muito sincero.

E é um debate sobre saúde mental que todo influenciador e personagem midiático precisa ter e comunicar, certo?
Exato. Quanto mais pessoas estiverem conscientizadas de que eu sou um ser humano, e que todos os influenciadores e famosos da internet e da televisão são seres humanos, as pessoas começam a se portar com um pouco mais de cautela. Tirando quem tá bêbado. Eu, bêbado, nunca vou ter cautela. Se eu ver o Mickey Mouse na minha frente vou querer tirar uma foto [risos].

E muita gente me diz que vê meus vídeos nos finais de semana, que dá risada, que se diverte. E, eu entendo que a emoção bata, não posso julgar quando a pessoa me olha de cima a baixo estarrecida. Acho maneiro, mas em grande quantidade não tem nenhum ser humano na face da terra que aguente.

Ao mesmo tempo nossa profissão é privilegiada, né, Defante? Porque podemos tietar profissionalmente quem gostamos… Você já entrevistou gente de que era muito fã?
Toda hora, mano. Agora entrevistei o Marcelo D2 no Rango Bravo. Foi do caralho! O Brasa, banda nova dos caras do For Fun, também foram no meu programa, sou muito fã deles, comecei na música por causa deles!

No Rango bravo eu posso tietar meus ídolos, só que ao mesmo tempo também é naturalizado, sabe? Você vai conhecendo as pessoas famosas, entendendo que são seres humanos além do imaginário que tu criou. Agora, vejo a galera ali no celular esperando pra gravar, sabe?

A magia do entretenimento mexe com as pessoas, toca as pessoas de um jeito que aquela coisa vira mágica.

E você ainda faz uns rolês no Realengo?
Sim, vou lá por causa do meu pai. Porra, amo o Realengo. Cada pedaço daquela rua do meu pai é uma história minha de moleque, tá ligado? Eu me sinto muito em casa, é mais tranquilo pra mim andar na rua. A galera acostumou comigo desde criança, então sabem que eu tô famoso, mas pouca gente pede pra tirar foto.

Os primeiros shows de Diogo Defante

13/8 – Circo Voador, no Rio de Janeiro
27/8 – Carioca Club, em São Paulo
16/9 – CWB Hall, em Curitiba
17/9 – Bar Opinião, em Porto Alegre
23/9 – Toinha Brasil, em Brasília

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(Diogo Defante/Divulgação)
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