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Elástica recomenda: aborto legal, romances teen e piratas

Do sucesso Heartstopper ao último lançamento de Tove Lo, passando pelo reencontro de duas amigas e por uma história fantástica de piratas

por Redação Atualizado em 10 Maio 2022, 01h56 - Publicado em
6 Maio 2022
00h23

Longe de querer ser romântico em plena sexta-feira fria na cidade de São Paulo, mas o Elástica Recomenda dessa semana tem um macrotema em comum: o amor. É sério! Talvez não faça sentido de primeira para você, querido leitor, mas vem com a gente para a explicação. Vamos começar por Hearstopper, a série teen clichê que todo jovem LGBTQIA+ queria ter visto quando era adolescente. A história de amor entre Charlie e Nick é também uma história de autodescoberta, de aceitação, de belas amizades. É de amizade também, uma das formas mais nobres e duradouras de amor, que fala o longa Unpregnant, que mostra a saga de duas amigas adolescentes em busca de um aborto seguro. Papo importantíssimo nessa semana, quando o vazamento de um documento da Suprema Corte dos EUA indica um possível fim do direito à interrupção da gravidez.

E de amor, diz o ditado, ninguém morre. A gente concorda e, por coincidência, é exatamente esse o nome do novo hit-delícia-dançante-sofrência de Tove Lo: “No one dies from love”. A gente recomenda ouvir no repeat e assistir ao clipe, uma história romântica entre Tove e uma ciborgue. Falar de amor é também falar de família – e por que não dar umas boas risadas enquanto esse é o tópico? No anime Spy X Family, um médico adota uma menininha que lê mentes e, nas horas vagas, é uma assassina. O plot de milhões! E não acabou: nossa última dica é sobre o amor pela liberdade e, de novo, sobre descobrir novos amigos. E não é qualquer amigo, mas um pirata! Prepara o print e aproveite nossas dicas neste fim de semana 😉

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(Netflix/Divulgação)

Heartstopper

Se você é um homem gay – ou segue pelo menos um homem gay no Twitter –, é bem provável que uma foto, um elogio ou uma citação de Heartstopper tenha passado por você. A série, lançada este ano na Netflix, conta a história de Charlie, um garoto gay que já sofreu muito bullying na escola ao sair do armário, e Nick, o garoto popular, capitão do time de rugby e, claro, presumidamente hétero. A virada acontece quando Charlie e Nick ficam amigos, se apaixonam e protagonizam todos os clichês que uma série adolescente pode ter. E, apesar do roteiro totalmente previsível, ter dois meninos vivendo um amor que para muitos de nós era impossível e impensável quando tínhamos 15 anos é um refresco, um carinho no nosso eu mais jovem e um vislumbre de esperança.

Além do enredo principal, Heartstopper também tem um casal de meninas e representatividade trans adolescente. O quão incrível seria se, na nossa geração, tivéssemos acesso a um conteúdo leve e afetuoso desse jeito? 

A série, baseada na HQ escrita por Alice Oseman, foi elogiada pela crítica e pelos fãs, mas ainda não teve uma segunda temporada confirmada. Todo o sucesso e aclamação aponta para uma possível renovação, claro, somada ao fato de que a própria criadora contou em uma entrevista que, para adaptar todo romance de Charlie e Nick, seriam necessárias quatro temporadas. Boa notícia para quem adorou acompanhar esse amorzinho água com açúcar <3.

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Hearstopper ainda tem intervenções gráficas fofíssimas e coloridas nas cenas mais “ounnn” e tem Olivia Colman – sim, ela, a Rainha da Inglaterra em The Crown e uma das atrizes mais celebradas da atualidade – como a mãe de Nick. A primeira temporada tem 8 episódios de menos de trinta minutos, perfeita para maratonar num dia chuvoso.

Heartstopper, na Netflix

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(HBO Max/Divulgação)

Unpregnant

O aborto é um tema sério que precisa ser tratado com muito embasamento e pesquisa, certo? Sim! Mas na hora de adaptar o tema para o cinema com o longa Unpregnant, a diretora Rachel Lee Goldenberg conseguiu trazer diversão na medida certa – sem deixar de lado a crítica social, claro. O filme conta a história de Veronica (Haley Lu Richardson), uma jovem de 17 anos que descobre que está grávida. Por ser menor de idade, ela só consegue fazer um aborto nos Estados Unidos com o consentimento dos pais que, nesse caso, são evangélicos e não entenderiam a decisão. 

Sem poder pedir ajuda para as colegas da escola, a garota recorre a Bailey (Barbie Ferreira), sua ex-melhor amiga de infância. E para realizar o procedimento, as duas precisam percorrer um caminho de mais de mil quilômetros até o Novo México. Aí começa uma road trip com muita confusão e lavação de roupa suja. 

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Produções como essa se tornam importantes – e até didáticas – numa semana como esta, quando o vazamento de um documento da Suprema Corte dos EUA indica um possível fim do direito à interrupção da gravidez. Milhares de pessoas saíram às ruas em comoção e o presidente Joe Biden, por sua vez, se manifestou e disse que “defenderá o direito da mulher de escolher”. Seguimos lutando juntas contra esses retrocessos!

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(Kenny James/Fotografia)

No one dies from love – Tove Lo

Existe algo na água da Suécia. O país exporta diversas cantoras do pop midstream amadas pelas LGBTQIAP+ como Robyn, Tove Lo e Lykke Li e produtores de alguns dos maiores hits da música pop como Max Martin, Alesso e Avicii. Sabemos como a indústria fonográfica dificulta os caminhos para artistas que estão fora do eixo estadunidense, até mesmo para os britânicos. Nossa cantora Anitta que o diga! Mesmo assim, esses conseguiram furar a bolha e ganhar notoriedade.

Estou aqui para recomendar o mais novo single – e clipe – da cantora Tove Lo. Esse é o primeiro lançamento do quinto álbum de estúdio da artista sueca. Sou apaixonado por seu último álbum Sunshine Kitty (2019), acho uma mistura muito chique de música pop com eletrônica e várias letras sobre desejo, tesão, suor e fervo. A fórmula mágica de tudo o que a gente quer escutar levemente entorpecido, do lado de uma caixa de grave e luzes coloridas na sexta à noite. Tudo indica que o álbum seguinte será na mesma linha, talvez ainda mais eletrônico. 

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Sua nova música tem um título que ouvi muito da minha mãe durante as paixonites de adolescente e por isso a identificação imediata: “No one dies from love” (ninguém morre de amor). E, na letra da música, é seguida de um “guess i’ll be the first” (parece que serei o/a primeiro/a), mas dramática impossível – eu amo! Ela definiu essa música como uma “emotional dance party” (festa emotiva dançante) e é exatamente isso que ela é, um batidão gostoso com uma letra de sofrência por cima. 

Pra colocar a cereja no bolo, o hit é acompanhado de um clipe com uma historinha de amor entre Tove e uma ciborgue. Elas jogam tênis, dançam, andam de moto e vivem uma trágica paixão. Essa é a segunda produção dela com diversos dedinhos brasileiros envolvidos nas filmagens, produção e design – o duo de diretores Alaska que também dirigiriu “Are U Gonna Tell Her”, seu feat com Mc Zaac.

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(HBO Max/Divulgação)

Nossa bandeira é a morte

Baseado na vida de Stede Bonnet – um nobre que abandonou o conforto, sua esposa e os filhos, comprou um navio e se tornou pirata –, Nossa bandeira é a morte acompanha a tripulação atrapalhada do Pirata Cavalheiro (o apelido de Stede). Lá pelas tantas, eles dão de cara com ninguém mais, ninguém menos que o lendário Barba Negra (interpretado pelo diretor Taika Waititi). Desse encontro, surge uma amizade entre os dois capitães, um ponto do roteiro que parece mentira, mas que a Wikipédia assegura que realmente aconteceu. 

O divertido é ver como um bando de piratas em alto-mar acabam virando realmente uma família, do jeitinho que a área de recursos humanos gosta, com laços de companheirismo e amizade por vezes até românticos. Faz todo sentido, mas não é um enquadramento comum nesse gênero propenso à masculinidade tóxica.

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O humor acaba ficando em cima do muro entre ser irritante, nonsense e fofinho  – ou seja, um produto dirigido pelo Taika. E os atores são, de um modo geral, muito bons.  

Nossa bandeira é a morte na HBO Max

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(Crunch Roll/Divulgação)

Spy X family

Já a animação japonesa Spy X Family (o X é mudo), baseada no mangá de mesmo nome escrito e desenhado por  Tatsuya Endo, conta a história de Twilight – um espião que nunca falhou em missão alguma e que recebe a incumbência de formar uma família falsa para conseguir informações sobre um alvo que é muito bem protegido. 

Ele então adota a identidade de Loid Forger, médico psiquiatra, e também a jovem orfã Anya, uma menina capaz de ler mentes. Agora, com a filha definida, ele precisa de uma esposa e ao conhecer a funcionária pública Yor, que precisa impressionar as colegas levando um companheiro para uma festinha, eles combinam de se ajudar. 

Acontece que Yor é a assassina Thorn Princess nas horas vagas. O casal não sabe da identidade secreta um do outro, mas a filha, sim. Essa conjuntura gera muita confusão e as melhores caretas de Anya.

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Spy X Family no CrunchyRoll

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🥠  biscoito da sorte 🥠

Seja mordido por um rotweiller na cara. Qualquer coisa depois disso é fichinha.

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