om certeza você já ouviu falar do Kama Sutra. Um dos livros mais antigos do mundo, ele é reconhecido como uma enciclopédia indiana de posições sexuais – do tradicional missionário (o papai e mamãe) até as complicadas pás de moinho, libélula e parafuso. Mas, para além desse reducionismo erótico, a publicação é um apanhado de textos que falam sobre condutas morais e espirituais – por isso o nome sutra.
Sutra (सूत्र em sânscrito) é uma palavra que tem origem na antiguidade, na região onde hoje fica a Índia moderna, ainda na época do hinduísmo e do bramanismo. Com a vinda de Sidarta Gautama à Terra, ficou convencionado que os sutras seriam compilados das ideias de Buda. Desde então, todo ensinamento filosófico, teológico e comportamental em forma de aforismos passado por sábios indianos é chamado de Sutra.
O Kama Sutra não tem um autor. Trata-se de um compilado de ideias pelo sábio Vātsyāyana, um filósofo que viveu em algum momento entre os séculos terceiro e segundo antes de Cristo, embora as lendas milenares digam que sua primeira versão foi escrita seiscentos anos antes, no século oitavo da era antiga, por Nandi, o touro que serve de montaria para Shiva – a título de curiosidade, é devido a Nandi que muitos hinduístas são vegetarianos, ou pelo menos não se alimentam de carne bovina.