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Luiza Brasil na Cama Elástica

Influenciadora, empreendedora, ativista, comunicadora e mais nova participante do nosso questionário! Vem ver as respostas

por Alexandre Makhlouf Atualizado em 13 dez 2021, 11h34 - Publicado em 10 dez 2021 00h07

Empreendedorismo e sustentabilidade são dois dos muitos pilares que Luiza Brasil fala em seu potente trabalho como comunicadora. Mas não se espante se, cada vez menos, você ouvir essas palavras saírem da boca dela. “Essas expressões existem agora e definem essa vivência, mas tudo isso é tecnologia e ancestralidade. Os povos pretos e originários sempre foram sustentáveis e conscientes. Evitar essas palavras é trazer mais para a realidade, a vivência. É sair da teoria e entrar na prática. Como diz a Conceição Evaristo, é a escrevivência de nossas experiências”, ela conta, em um bate papo por vídeo chamada.

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(Breno da Matta/Divulgação)

A potência da conversa com Luiza não está apenas nesse trecho destacado acima, mas em tudo que ela desenvolve desde o início. Depois de seis anos de @Mequetrefismos, seu perfil no Instagram em que acumula 111 mil seguidores, e uma carreira no mercado de moda ao lado de Costanza Pascolato, um ícone fashion e de comunicação, ela se prepara para uma nova etapa: a inauguração do Laboratório Mequetrefe, um espaço físico, com redação, estúdio de gravação, espaço de convivência e de troca, com previsão de inauguração para março de 2022 – coincidentemente, mês em que o Mequetrefismos comemora sete anos de vida. “Comecei fazendo tudo sozinha e agora tenho uma estrutura com muitos braços, muita gente circulando nessa engrenagem. É mais comum vermos isso acontecer com mulheres brancas. Ser uma mulher negra que cria esse território de pertencimento para narrativas transformadoras é a minha revolução.”

E de revolução Luiza Brasil entende. Pode-se dizer que ela foi uma das primeiras mulheres negras a ocupar o lugar de influenciadora e usar sua bagagem para mostrar a pluralidade que existe dentro do espaço social que ela ocupa – o de mulher negra – e refutar os conceitos que a mídia insiste em usar para colocá-las todas na mesma prateleira. “Há dez anos, falávamos em ocupar. Isso se restringe a uma pessoa ou poucas estarem naquele lugar. Hoje, falamos sobre pertencer, se multiplicar, sermos diversas. Temos as pretas patrícias, mulheres pretas cristãs, as que são da umbanda e do candomblé. Trazer essa multiplicidade de narrativas é muito importante. Ocupar é a porta de entrada, enquanto o pertencimento é o que nos leva além. A gente precisa pautar a humanização das mulheres negras. Não só ocupar e resistir, mas existir”, dispara Luiza.

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Ela é a convidada da semana na nossa Cama Elástica, uma série de perguntas às vezes divertidas, às vezes sentimentais, que resgatam parte do passado de cada entrevistado e, ao mesmo tempo, o faz pensar no que vem por aí. E hoje o papo tá especialmente bom. Desliza pra baixo e boa leitura!

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(Arte/Redação)
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Qual sua qualidade favorita sobre você mesma?
É a alegria. sempre instigo o lugar da alegria dentro das possibilidades, mesmo as mais complicadas. Mesmo que seja só a experiência de aprender em uma situação ruim.

E qual defeito seu você jamais mudaria?
A exigência. sou muito exigente no que eu faço e não acho isso um lugar de qualidade porque, às vezes, me trava. Acredito que, se eu estou aqui hoje, é porque eu fui muito exigente em pontos que precisei ser, me impor, criar ali uma firmeza para acontecer.

Onde você procura buscar inspiração naqueles dias em que não quer sair da cama?
Na música. Tenho playlist pra tudo: pra acordar calminha, pra acordar agitada, para tomar vinho branco, gin tônica, vinho rosé… para receber com alegria ou receber dançando, para o almoço ou para a janta. A música é esse espaço para mim.

Qual música não envelhece, não sai da sua lista de preferidas?
“Tigresa”, do Caetano, porque me vejo totalmente nesse mix de mulheres que ele descreve na música.

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Qual livro mudou sua vida? Por quê?
O Babado Forte, da Erika Palomino. Me inspirei na visão dela para enxergar o mundo, a sociedade, a moda como ferramenta de expressão e política. Ela foi a primeira pessoa que me fez perceber que é na noite que surge a cultura de estética, da música, de vestimenta. Foi um livro muito importante para o meu lado comunicadora, mas também enquanto pessoa.

Descreva uma noite ideal para você.
Repleta de amigos, com o calor do Rio de Janeiro, ao som da festa Selvagem.

Dê uma gongada gratuita em alguém.
Não vou gongar o presidente porque aí não seria gratuito. Vou gongar os antivax! Ridículo, não tem condição, gente. Tá estragando o rolê de todo mundo.

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(Arte/Redação)

Como foi seu primeiro beijo?
Aos 12 anos, com o menino mais bonitinho da colônia de férias, no vestiário. Minha mãe era diretora da escola que a gente estudava, então teve que ser super escondido. Depois disso, embarquei numa viagem para Porto Seguro e fiquei super preocupada, me perguntando se tinha beijado direito, se tinha colocado língua o suficiente. Mas foi bem legal. 

O que você diria para o maior desamor da sua vida (até agora)?
“Tá vendo como eu sou maravilhosa?”

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O que é imperdoável para você em uma relação?
Falta de honestidade. Ela acaba levando a um endividamento emocional, a pessoa começa a entrar numa série de compulsões. Tive muito isso com vários amigos, que não sabiam ser honestos com algumas coisas, e aí iam criando um buraco muito grande. Esses furos nas relações levam à sabotagem também, do outro e da relação.

De qual trabalho seu você mais se orgulha?
Acho que é fundar o Mequetrefismos. Como diria “Tigresa”: porque ela vai ser o que quis inventando um lugar. E eu tô inventando ainda. Venho dessa linha de frente da rede social, um perfil no Instagram que virou um blog, plataforma, e agora é um laboratório para atender clientes externos, fazer consultorias. Me orgulha muito ter o Mequetrefismos de pé dentro de um mercado com tanta concorrência, com tanta gente que já existiu, desistiu, tombou.

Qual a frase mais sábia que já te disseram?
Foi a Costanza que me falou, quando eu decidi que ia criar minha empresa: “Luiza, não faça nada que desvie dos seus valores, da sua conduta e da sua rota. Acredite em você”. Respeitei, acolhi, segui e deu certo

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Qual seria o título da sua biografia?
“Olhos expressivos e cabelos deslumbrantes.” Foi uma frase que uma pessoa que não me conhecia me disse há muito tempo e ficou marcada na minha memória.

E quem interpretaria você no cinema?
Zoë Kravitz. O cabelinho já tá parecido!

Qual seria seu primeiro decreto como presidente da república?
Seria em forma de palavra: igualdade. Racial, de gênero, social, de escolha afetiva.

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E, por último, quem você gostaria que respondesse esse questionário?
A Costanza Pascolato. Ela sempre quebra a gente com a visão que ela tem para a idade dela. Tenho certeza que seria uma ótima conversa!

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(Arte/Redação)

 

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