mensagem da COP26, encontro global em Glasgow, na Escócia, teve um tom de ultimato. “Se a conferência der errado, a coisa toda vai dar errado”, alertou o primeiro ministro britânico Boris Johnson. Para os cientistas, só uma mudança significativa nos próximos dez anos pode evitar que o aquecimento global cause catástrofes extremas. A reunião se passa a 9,6 mil quilômetros de São Paulo, mas seu apelo ambientalista encontra ecos em diversos novos bares, restaurantes, serviços e produtos da capital – e pesquisas mostram que a onda sustentável cresceu na pandemia.
A saúde e a ciência, afinal, estiveram no centro do debate. “Melhorar a dieta, se exercitar e interagir com a natureza foram temas presentes nesse período e vão perdurar daqui para a frente”, acredita Carlos Fan, diretor da Accenture, consultoria que reuniu dados recentes sobre o consumo. “A parcela de compradores que faz escolhas sustentáveis subiu de 45% para 66% no ano passado e manteve a tendência de alta. Uma das principais conclusões da pesquisa é que estamos mais inclinados a comprar produtos saudáveis, sustentáveis e de comércios de bairro”, ele diz.
A mudança é sentida nos grandes sites de compras. Uma pesquisa do Mercado Livre mostrou um crescimento de 112% no número de pessoas que adquirem itens de “impacto positivo” (que geram benefícios socioambientais) no primeiro ano da pandemia no Brasil. São Paulo lidera os pedidos na categoria “produtos sustentáveis” do e-commerce. O delivery de comida, outra tendência inequívoca, também revela uma busca pela sustentabilidade.
“Nossa produção mais que dobrou nos três primeiros meses da pandemia: de 700 mil para 1 milhão e meio de embalagens”, diz Luiz Silveira, dono da Scuadra, fabricante das caixinhas de papel (mais ecologicamente corretas) de restaurantes como o Rubaiyat e o Mocotó. “Cheguei a ter uma fila de setenta negócios que eu não dava conta de atender. Os restaurantes que usam plástico ou isopor estão preocupados com a imagem”, ele diz. Na inovação dos pequenos negócios (leia alguns exemplos a seguir), São Paulo se aproxima das latitudes de Glasgow.