evolução

Mulheres no haxixe: poder feminino no mercado legal californiano

Conheça as pioneiras no universo das extrações feitas com cannabis em um dos estados mais criativos para inovações com a planta em toda América do Norte

por Girls in Green Atualizado em 22 dez 2021, 19h38 - Publicado em 19 dez 2021 23h25
-
(João Barreto/Ilustração)

Assistentes de palco com poucas roupas, geralmente inferiorizadas por serem “apenas um rostinho bonito”. Propagandas mostrando mulheres extremamente estereotipadas, colocadas em situações até mesmo degradantes, para vender produtos e estilos de vida como “desejo”. A moça contratada apenas pela sua beleza em bares, dispensários ou clubes canábicos, e tratada sem o mínimo de respeito.

O jornalismo em que a gente acredita depende de você; apoie a elástica

Acreditamos que toda mulher já vivenciou ou viu algo assim. E esses são exemplos claros da objetificação feminina e de como mesmo o mercado canábico ainda se faz valer dos nossos corpos. Esse tipo de situação nos enoja e faz pensar: como podemos nos posicionar contra isso? Na verdade, nós nascemos buscando ser a própria resistência nesse meio tão masculinizado. O Girls in Green veio para quebrar esse paradigma de que “para saber sobre maconha e haxixe, só sendo homem”, e para mostrar que nós, mulheres canábicas, também podemos empoderar umas às outras através de informação e conhecimento.

Continua após a publicidade

O haxixe se tornou o novo ouro da indústria canábica californiana – as vendas de concentrados de maconha dispararam mais de 40% no ano passado à medida que os consumidores se sentem mais confortáveis com o modo de consumo, e as novas tecnologias tornam os produtos mais fáceis de usar

Em um curso do Frenchy Cannoli, produtor de haxixe lendário, cuja morte recente abalou o universo canábico norte-americano, uma das nossas integrantes, a Alice, foi a única mulher entre 42 alunos. Não achamos essa situação normal – é, no mínimo, intimidador tirar suas dúvidas e se sentir julgada por mais de quarenta homens. Em campeonatos de haxixe como a Ego Clash, na Califórnia, também não se vê nenhuma mulher sentada na mesa do júri.

Publicidade

-
(João Barreto/Ilustração)

O que muda no mercado legal com mais mulheres na cena?

Infelizmente, a mudança não é grande, e ainda vemos muitas marcas que se fazem valer do corpo feminino como chamariz para produtos canábicos de todos os tipos. Entretanto, acreditamos que o mercado legal tem dado conta de nos mostrar histórias de minas incríveis que estão conquistando cada vez mais espaço através da sua produção de concentrados e de conhecimento nessa área.

Atualmente, o haxixe se tornou o novo ouro da indústria canábica californiana – as vendas de concentrados de maconha dispararam mais de 40% no ano passado à medida que os consumidores se sentem mais confortáveis com o modo de consumo, e as novas tecnologias tornam os produtos mais fáceis de usar. A tendência de vendas de concentrados continuará, de acordo com um estudo publicado no International Journal of Drug Policy: “Agora que possuir máquinas de extração não cria risco de prisão, não há razão para descartar o THC contido nas folhas e outras partes da planta além das flores. Uma vez que a maior parte do peso da planta está nas folhas, não nas flores, uma parte considerável dos canabinoides aparecem em partes da planta que não poderiam ser facilmente levadas ao mercado antes da legalização.”

-
(João Barreto/Ilustração)

Além disso, o perfil de consumidores de produtos canábicos tem mudado – o que pede um olhar ainda mais feminino para esse mercado. De acordo com a NBC News, com a Geração Z começando a entrar no mundo da maconha à medida em que fazem 21 anos (idade na qual o consumo adulto é permitido), o aumento das vendas é mais acentuado entre mulheres do que homens.

Continua após a publicidade

O futuro dos produtos canábicos e do mercado legal é feminino. Nós estamos no centro de tudo como nunca antes

As vendas ano a ano para mulheres da Geração Z, definidas como as nascidas em 1997 ou depois, cresceram mais rápido em 2020 em comparação com qualquer outro corte: 151%, de acordo com dados da Headset, empresa de análise de cannabis que coleta informações agregadas de registros de pontos de venda. Os homens da Geração Z seguiram, com 118%. A geração Y e a Geração X completam os quatro primeiros, com cerca de 50% e 30% de crescimento nas vendas, respectivamente.

O que isso significa? Que o futuro dos produtos canábicos e do mercado legal é feminino. Nós estamos no centro de tudo como nunca antes.

-
(Ferramentas utilizadas para produção e extração do haxixe/João Barreto/Ilustração)
Publicidade

Mulheres no haxixe para se conectar

Acreditamos que, para entender esse movimento, nada melhor do que ter alguns pontos de referência maravilhosos para acompanhar. Por isso, selecionamos algumas mulheres incríveis para você conhecer e seguir:

Mila Jansen
A história de Mila Jansen (@milahashqueen) é uma verdadeira odisseia. A renomada fabricante de haxixe escapou de um lar de mães solteiras na Holanda, foi dona de uma loja de roupas e de uma casa de chá em Amsterdã e viajou o mundo com sua filha pequena para conhecer tudo sobre os concentrados. Ela ainda inventou o Polinizador, e ganhou o título de Rainha do Hash. O polinizador, a primeira ferramenta mecânica para separar os tricomas da matéria vegetal, foi apresentado na High Times Cup de 1994 em Amsterdã, tornando-se rapidamente uma ferramenta revolucionária na antiga prática de fazer haxixe.

Ela escreveu o livro “How I Became The Hash Queen” para contar todas as suas aventuras – e as histórias que a coroaram como a primeira e única Rainha do Haxixe.

Publicidade

• • • • •

Cherry Blossom Belle
Belle (@cherryblossom_belle), é uma aprendiz de longa data de ninguém mais, ninguém menos do que o próprio Frenchy Cannoli. Com ele, Belle aprendeu tudo sobre a magia do haxixe tradicional. Ela morou no Japão e voltou para Mendocino para trabalhar no campo com seu irmão, Leo Stone, da Aficionado Seeds. Hoje, é diretora de manufatura da Heritage Mendocino – uma empresa legal da Califórnia que se descreve como a primeira fábrica de haxixe aberta ao público do mundo.

Publicidade

• • • • •

The Dank Duchess
Dank Duchess (@thedankduchess) é uma consultora internacional de haxixe, cultivadora de cannabis e oradora pública que usa todos os meios de comunicação disponíveis para cumprir sua missão de ajudar a difundir a cannabis e a consciência do bem-estar psicodélico em todo o mundo. Com 18 anos de experiência de cultivo em seu crédito, ela dedicou os últimos 7 anos a educar centenas de milhares de pessoas por meio de impressão, filme e mídia social sobre cannabis e haxixe de alta qualidade.

De acordo com ela, a maconha é essencial para sua existência e com sua dedicação a um estilo de vida All Weed Everything, ela encontrou uma maneira de integrá-la completamente em sua vida; daí seu lema: “A flor de cannabis alimenta meu poder e meu nicho é o haxixe”.

Publicidade

• • • • •

Jillian Krall e Tiana Arriaga
Da empresa legal Papa’s Select, Tiana (@tiana_papas_select) e Jill (@jillian_papasselect) são uma dupla e tanto! Enquanto Tiana faz todo o sourcing nas fazendas (ou seja, a busca e o estudo de genéticas especiais e viáveis para fazer concentrados) e lida de maneira incrível com diversos produtores de cannabis da Califórnia, Jillian comanda o laboratório como diretora de produção. Com todo o legado e a experiência do mercado tradicional, vemos as duas como o coração da companhia – que vence, todos os anos, inúmeras competições nas categorias ice water hash (o famosíssimo bubble hash) e rosin.

Ambas são responsáveis não apenas por produtos da mais alta qualidade, mas também por comandar uma das maiores empresas californianas de haxixe do mercado legal.

Publicidade

• • • • •

CannaMGardens
Lena (@cannamgardens) foi a última aprendiz de Frenchy Cannoli, mas não teve muito tempo com ele antes de seu falecimento, em julho de 2021, apenas o suficiente para que ela se tornasse uma fantástica devota e produtora de hashish tradicional. Na Califórnia, ela cuida do seu próprio jardim com a ajuda de sua mãe. Que ligação mágica, né? Depois de colhidas, suas plantinhas dão origem a concentrados maravilhosos e cheios de conhecimento.

• • • • •

E, claro, não deixem de nos seguir no Girls in Green
Foi a psicóloga e redutora de danos Alice dos Reis que criou o Girls in Green (@girlsingreen710) e nos uniu. Ela é uma apaixonada e faz hash na Califórnia, onde mora desde desde 2017. Por lá ela aprendeu de tudo: desde o cultivo de suas próprias plantas até a transformação em haxixes de dar água na boca! É pelo Instagram que ela passa todo o conhecimento sobre essas extrações e concentrados tão especiais, sempre através da ótica da redução de danos, do cuidado e, é claro, do feminismo.

Continua após a publicidade

Seguimos em frente, lutando contra o machismo de cada dia, pela certeza de que essas mulheres, pioneiras e cheias de garra, ainda vão inspirar milhares de futuras hash makers ao redor do mundo. E a gente mal pode esperar para sentir o poder de toda essa crema feminina!

Publicidade

Tags Relacionadas
mais de
evolução
abre

Guerra da linguagem (neutra)

Por
O que era para ser inclusão social virou uma batalha cultural
legalize

Legaliza, STF!

Por
Porfavorzinho
terpenos_abre

Pimp My Óleo

Por
O uso dos terpenos da medicina à gastronomia
bruno-legitimo_ilustra_01

Recuperação através das drogas

Por
Cientistas demonstram como psicodélicas são uma poderosa ferramenta em tratamentos contra a dependência em álcool, cocaína, crack, heroína e cigarro
revolucao-brasil-eleicoes

É hora de uma revolução

Por
A eleição presidencial se tornou uma escolha decisiva para a democracia, mas não adiantará em nada sem mudar profundamente a sociedade