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A vez das expedicionárias

Pela primeira vez, mulheres indígenas abrem caminho para salvar os povos mais isolados da Amazônia

por Laís Duarte Atualizado em 30 Maio 2022, 11h19 - Publicado em 30 Maio 2022 00h49
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(arte/Redação)

ada pedacinho de terra, por menor que seja, no meio da floresta ou num vaso improvisado em lata na cidade, é lugar para Maria do Socorro plantar uma semente. “Meu neto até diz que eu sou a natureza, porque quero sempre estar perto das plantas”, diverte-se a avó de 61 anos e longos cabelos pretos.

Na infância, plantaram na cabeça dela a ideia de que ser caboclo, como eram chamados os indígenas no Amazonas, era motivo de vergonha. Não pôde nem ganhar o nome de sua etnia na certidão de nascimento. Virou Maria do Socorro Pinheiro de Carvalho. E, mesmo assinando o nome embranquecido, sentiu na pele o preconceito ao entrar na escola da cidade, porque não calçava sapatos. Não permaneceu muito na sala de aula. “Depois dos meus 15 anos, casei com branco. Sofri muito, muito na capital. Eu apanhava muito dele, não gosto de lembrar, não. Tive que fugir.”

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Ela pegou os filhos e saiu de Manaus em busca de paz, proteção, recomeço. Responsável pelos atos e pela cria, ela fugiu. Por conta própria, desenterrou a coragem, arrancou de si todo preconceito enraizado para, depois, agir para arrancar o preconceito do mundo. Tornou-se secretária da Associação dos Povos Indígenas do Médio Purus (OPIMP) e foi uma das fundadoras da Associação de Mulheres Indígenas do Médio Purus (AMIMP). Virou cacique da própria aldeia.

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Socorro assumiu para si que era mais do que indígena. É, sim, mulher apurinã, e com orgulho, disposta a buscar pra ela, suas descendentes e as parentes espalhadas por esse país o lugar que sempre foi delas. “A gente é tão massacrada como mulher que temos que nos unir e nos defender. E não somente defender as mulheres, mas as crianças, anciões e os homens indígenas também”.

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(colagem com desenho sobre obra em domínio público/Ilustração)

A inquietude dela, a indignação com o descaso, com o preconceito e com a indiferença foram transcendendo. Semeou nos 11 filhos, 46 netos e 10 bisnetos a honradez de ser indígena. Pelo sangue e pelo exemplo, passou às filhas, netas, bisnetas a garra herdada da floresta. Basta conversar com elas para perceber. A neta Anaiza assim se apresenta: “Sou da etnia apurinã, da aldeia Terra Prometida, e venho de uma linhagem de mulheres que defendem mulheres. Sou filha de mulher indígena e homem branco. E sou neta de uma mulher que sempre colocou as mulheres em cima.”

Valorizar o protagonismo feminino e os saberes tradicionais recebidos como herança da avó Socorro era o caminho para chegar onde Anaiza e a mãe Ana Cristina queriam. Era retomar as raízes e, com elas bem fincadas no chão, atingir outros galhos, bem altos. Foi ouvindo a demanda de Socorro e outras mulheres apurinãs que a antropóloga e professora Francine Pereira Rebelo decidiu ver com outros olhos a proposta de um curso de extensão do Instituto Federal do Amazonas.

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“As bolsas de pesquisa, ensino e extensão têm esse caráter muito interessante de atingir a comunidade, para o instituto extrapolar os próprios muros. O edital de extensão focava em projetos de empoderamento feminino, relacionados a ideia de geração de renda, de inserção no mercado de trabalho. Então, li o edital e fui conversar com algumas mulheres indígenas para pensar sobre o que a gente poderia fazer juntas. O momento em que fui encontrar com elas foi marcante pois, por acaso, e Daniel Cangussu, indigenista da FUNAI, estava no café aqui em Lábrea. A gente começou a conversar e ele sugeriu um curso para formar mulheres expedicionárias. Essa é mesmo uma demanda das mulheres. Faz tempo que elas questionam porque só tem homem nas expedições”, relembra a professora do IFAM.

“A gente é tão massacrada como mulher que temos que nos unir e nos defender. E não somente defender as mulheres, mas as crianças, anciões e os homens indígenas também”

Maria do Socorro
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(Daniel Cangassu/Fotografia)
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(colagem com desenho sobre obra em domínio público/Ilustração)

O endereço da devastação

Lábrea fica no sul do Amazonas. Foi fundada em 1881, às margens do Rio Purus, um gigante que nasce no Peru, serpenteia por Acre e Amazonas e deságua no Solimões. Um levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostra que o Amazonas registrou a maior alta no desmatamento (55%) entre 2020 e 2021, em comparação com os antigos recordistas, Pará e Mato Grosso (7% e 27%, respectivamente). Sete municípios representam mais de 80% de todo terreno desmatado no estado e Lábrea está entre eles.

A floresta cai vítima do roubo de madeira para ceder espaço à grilagem de terras públicas, lavouras de soja, pastagens. Ribeirinhos e indígenas ficam espremidos em meio a devastação, conservando o que resta da mata. “As cidades aqui tem uma questão muito específica, que é o isolamento. As políticas públicas são precárias, não há hospital, nem saneamento para todos. Avança a informalidade”, destaca Francine.

Ela fala com conhecimento de causa. Nascida no interior de São Paulo, Francine foi estudar Ciências Sociais na Universidade Federal de Santa Catarina. Lá mesmo fez mestrado em Antropologia, começou a trabalhar no Instituto Federal de Goiás, em Anápolis, até decidir estender seu olhar sobre o Brasil. Depois de uma pesquisa com caminhoneiros, assumiu o posto de motorista de caminhão também. Rodou o país de frete a frete.

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(colagem com desenho sobre obra em domínio público/Ilustração)

Ao se mudar para o meio da floresta entendeu que se para os homens brancos o acesso ao emprego, à educação e renda é difícil, para as mulheres indígenas é ainda mais. Uma oportunidade daquelas era urgente e bem vinda. De boca em boca, a notícia do primeiro curso para Mulheres Indígenas Expedicionárias cortou rios e terras. Juntou em sala de aula 15 alunas de etnias diversas. Cleire saiu da aldeia Paumari para voltar ao banco da escola. “Gostei muito de ter participado. Nunca tinha ouvido falar que mulheres indígenas podiam estar nas expedições. É muito emocionante saber que na nossa região há índios isolados que eu não conheci”, conta ela.

“Os isolados têm uma consciência muito grande da história, sabem que essa história é de violência. Foram tantos massacres que eles resolveram se manter em isolamento, evitar esse contato com a população não indígena, a sociedade envolvente, como chamamos”

Francine Pereira Rabelo, antropóloga
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(colagem com desenho sobre obra em domínio público/Ilustração)

Isolados por opção e medo

Povos isolados são aqueles que ainda não foram contatados pela sociedade não-indígena, ou mesmo por indígenas de outras etnias. “São populações que optaram por estar em isolamento. Geralmente, a gente tem ideia de que isolados não conhecem nada. Pelo contrário! Os isolados têm uma consciência muito grande da história, sabem que essa história é de violência. Foram tantos massacres que eles resolveram se manter em isolamento, evitar esse contato com a população não indígena, a sociedade envolvente, como chamamos”, explica Francine.

A FUNAI tem registros de 113 povos isolados na Amazônia e um no Cerrado. Desses, 28 são confirmados. O último grupo localizado pelos indigenistas está justamente às margens do Rio Purus, na região de Lábrea.

São línguas, histórias e costumes diferentes. Em comum, o risco de desaparecer. Muitos isolados estão em terras públicas, assoladas pela grilagem, garimpo, roubo de madeira. Podem morrer vítimas da violência ou até mesmo de doenças trazidas pelos invasores. Para protegê-los, desde a promulgação da Constituição de 1988, a FUNAI adota a política de não contato, respeitando a opção de isolamento dessas populações. Esse método, que tornou o Brasil uma referência nas relações com populações tradicionais, assegura o direito originário dos povos da floresta aos seus territórios, mantendo a autodeterminação e a recusa do contato ou o direito de permanecer em isolamento. Quando há suspeitas de um grupo “novo”, são realizadas expedições para reconhecer sua área de vida e, pela lei, as terras têm que ser demarcadas.

Hoje, só 13,8% de todo o território brasileiro são reservados aos povos originários. No país, há 725 terras indígenas em diferentes etapas do processo de demarcação, segundo o Instituto Socioambiental (ISA). Dessas, somente 487 foram homologadas, quando o processo de demarcação é concluído, desde 1988. Até agora, o governo de Jair Bolsonaro é o primeiro desde a redemocratização do Brasil a não demarcar nenhuma terra indígena.

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(colagem com desenho sobre obra em domínio público/Ilustração)

No geral, as expedições para localizar povos isolados são formadas pelos indigenistas da FUNAI e por indígenas expedicionários, que conhecem a região. Gente que nasceu na floresta, que destrincha as trilhas, que reconhece o uso certo para cada planta. “Coordeno as expedições já há alguns anos no Médio Purus. A minha equipe é praticamente formada por indígenas, homens indígenas. Meus colegas são jamamadi, apurinã. A facilidade que eles têm de reconhecer os próprios vestígios é muito grande, porque muitas vezes compartilham a história com outras etnias”, conta Daniel Cangussu.

Como a Constituição brasileira protege o direito dos povos de permanecerem voluntariamente isolados, ninguém se aproxima. A análise do território e os estudos de campo são feitos pelos vestígios deixados na mata. Galhos quebrados, cerâmicas, restos de alimentos, de artesanatos. O trabalho dos indigenistas é quase o de um detetive da floresta. Os sinais dizem muito. “As expedições funcionam com base na análise das evidências deixadas na mata. Uma expedição bem sucedida não encontra pessoalmente os indígenas. Percebe-os antes”, conta Francine. Ao longo dos anos, poucas e bravas mulheres integraram trabalhos indigenistas, mas os indígenas expedicionários, esses, sempre foram homens. Até agora.

“As expedições funcionam com base na análise das evidências deixadas na mata por esses indígenas. Uma expedição bem sucedida não encontra pessoalmente os indígenas. Percebe-os antes”

Francine Pereira Rabelo, antropóloga
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(colagem com desenho sobre obra em domínio público/Ilustração)

Descortinando o indigenismo

Não é raro que as expedições durem 20 dias, um mês de caminhada entre matas e córregos, dormindo em redes, banhando-se nos rios. Nesses trajetos, a natureza governa o serviço, dita o ritmo e o caminho. Por isso, no imaginário popular, a figura do indigenista é sempre a de um homem, corajoso, destemido, um herói que sozinho enfrenta a selva e seus perigos. Esse excesso de masculinidade tóxica que envolve a profissão e a invisibilidade das mulheres no trabalho indigenista sempre incomodaram Carolina Santana. Natural do Paraná, advogada de formação, ela adotou a causa dos povos tradicionais há tempos. Como funcionária da FUNAI cruzou os confins do Brasil. Foi coordenadora regional da fundação na região de Itabuna, sul da Bahia, na tentativa de apaziguar as ancestrais invasões à terras indígenas.

Carolina saiu da FUNAI, mas não abandonou a causa. Tornou-se assessora jurídica do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (OPI). Sabe tudo dos direitos dos indígenas, tudo sobre os deveres do Estado para com as populações tradicionais, mas o que ela gosta mesmo é de destrinchar os causos tão ricos das tão raras mulheres indigenistas e sertanistas. “As histórias delas são tidas como menores, até por elas mesmas. O contato inter-étnico sempre foi simbolizado como muito masculino. Há um machismo intrínseco, descrito como um momento arriscado. Existem milhares de reportagens sobre os homens sertanistas, apresentados como heróis, desbravadores da ‘mata virgem’. Eles guardam os cadernos de campo, relíquias de suas aventuras, e dizem sempre ‘eu fiz, eu fui’. As mulheres não guardam recordações de suas jornadas. E, sobre seus feitos, elas ressaltam: ‘eu não fiz sozinha’”, comenta ela.

Quem coloca a mochila nas costas e se atreve a confrontar o desconhecido sabe que, nas quentes e úmidas expedições pela maior floresta tropical do mundo, a perseverança vale mais que a força, a tranquilidade vale mais que a pressa, e que algumas doses de humor podem ser essenciais. Dispostas a defender os primeiros brasileiros e seus territórios, as mulheres do indigenismo desafiam a mesma geografia, a mesma falta de estrutura, a mesma escassez que os homens do indigenismo e, a mais, encaram o machismo e o esmagamento sem se resignar.

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“Há um machismo intrínseco. Existem milhares de reportagens sobre os homens sertanistas, apresentados como heróis, desbravadores da ‘mata virgem’. Eles guardam os cadernos de campo, relíquias de suas aventuras, e dizem sempre ‘eu fiz, eu fui’. As mulheres não guardam recordações de suas jornadas. E sobre seus feitos, elas ressaltam: ‘eu não fiz sozinha’”

Carolina Santana, indigenista
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caro (colagem com desenho sobre obra em domínio público/Ilustração)
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Desbravando um novo caminho

As primeiras mulheres indígenas expedicionárias do país entraram na sala de aula para aprender que o Brasil é um dos poucos lugares do mundo que podem ostentar o fato de ter povos isolados em seu território. Aprenderam que, como em toda a história, o papel das mulheres sempre foi eclipsado pelos feitos masculinos. Questões de gênero, direito, geografia também estavam entre as lições oferecidas no Instituto Federal do Amazonas. Já nas aulas de campo, bem, pode-se dizer que elas ensinaram tanto quando aprenderam. “Foi uma satisfação saber que ainda tem índios isolados e as pessoas não sabem. Sei que o conhecimento das nossas etnias, das nossas terras e da nossa cultura ajuda a ser uma expedicionária. A nossa cultura nos aproxima da cultura deles e as mulheres podem ajudar a protegê-los”, conta Ana Cristina Pinheiro, agricultora apurinã, filha de Maria do Socorro, ao desencarcerar todas as expectativas.

Chakira de Almeida Paumari é outra das alunas acostumadas a ganhar a vida com a força dos braços. Para participar da formação ela cortava o rio Ituxi e o Purus para chegar às aulas. Remando, desfiava um rio de histórias. “Conheço minha cultura paumari. Conheço como andar na mata. Trabalhamos no roçado, quebramos castanha. Dessa nossa convivência na aldeia e na floresta já somos expedicionárias. Conhecemos os vestígios. Minha experiência de andar na mata já tenho, nasci e me criei nela”.

“Foi uma satisfação saber que ainda tem índios isolados e as pessoas não sabem. Sei que o conhecimento das nossas etnias, das nossas terras e da nossa cultura ajuda a ser uma expedicionária. A nossa cultura nos aproxima da cultura deles e as mulheres podem ajudar a protegê-los”

Ana Cristina Pinheiro, agricultora
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(colagem com desenho sobre obra em domínio público/Ilustração)

De cada aldeia as indígenas traziam lições eternizadas pelos antepassados. O uso de cada folha, o veneno de cada planta, o processamento dos alimentos, o trançar das enviras. “É bem importante a gente mulherizar e indigenizar o mundo, no sentido de cuidado mesmo. As mulheres indígenas há séculos têm feito esse trabalho de cuidar das florestas e cuidar dos povos da floresta. Quando a gente fala de trabalhar com os povos indígenas isolados a gente fala de cuidado, para que essas pessoas mantenham o isolamento, que elas tenham a garantia de suas áreas, que são delas por direito”, explica a professora.

Francine Rebelo endossa o que diz Chakira: “Quanto mais diversa a equipe de trabalho mais ela consegue interpretar os símbolos oferecidos pela floresta e a complexidade dos vestígios deixados pelos povos isolados. As mulheres detêm um conhecimento das plantas usadas pelas avós, as funções de cascas de árvores que muitas vezes os homens não têm”.

O trabalho das expedicionárias nas frentes de proteção extrapola a busca por indígenas isolados. Multiplica o cuidado com os grupos de recente contato e com a Amazônia. ”A participação das expedicionárias é uma demandas das mulheres que estão nas aldeias e que não querem ser atendidas só por homens, e também daquelas que querem trabalhar nas expedições. Nunca houve, de fato, restrição às mulheres. Os homens se apropriaram desse trabalho e a participação delas foi negligenciada, mesmo que elas sempre estivessem presentes como indigenistas, enfermeiras ou até como esposas dos sertanistas. Ao longo do tempo, essas mulheres foram ficando à margem da história e isso tem que mudar. A expedição não tem que ser um ambiente tão masculino, de autoafirmação, de provar a força e coragem. Requer paciência, serenidade, muita pesquisa. A participação das mulheres nas expedições vai aumentar ainda mais a qualidade e a eficiência do trabalho”, defende Cangussu.

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“A gente aprendeu as grandes demandas pra FUNAI para proteger os isolados. O governo tem que valorizar e respeitar nossos diretos e nossa cultura. O pouco que resta da Amazônia está aí por causa dos indígenas, que estão ate hoje lutando pra ficar de pé do mesmo jeitinho de quando chegamos aqui.”, afirma Ana Cristina Pinheiro dos Santos.

O relatório “Povos Indígenas e comunidades tradicionais e a governança florestal”, desenvolvido pela Organização das Nações Unidas e a Agricultura (FAO) junto do Fundo para o desenvolvimento dos povos indígenas da América Latina e do Caribe (FILAC), mostra que as florestas nos territórios indígenas capturam cerca de 34 milhões de toneladas métricas de carbono. As reservas preservadas pelos povos tradicionais garantem também a sobrevivência da fauna: os territórios indígenas no Brasil possuem um número maior de espécies de mamíferos, pássaros, répteis e anfíbios do que todo o restante do território nacional. As primeiras expedicionárias do Brasil ajudam a preservar a vida no planeta, e carregam com orgulho sua origem: Jamamadi, Juma, Apurinã, Paumari e Jarawara.

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(Daniel Cangassu/Fotografia)
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