Elástica Recomenda: vibes, livros e dia da marmota
Podcast psicanalítico, monumento para mulheres, "Boneca Russa" de volta às telas e uma entrevista imperdível na Interview
por RedaçãoAtualizado em 5 Maio 2022, 14h35 - Publicado em
15 abr 2022
11h34
É o carro da dica boa passando na sua rua!
Mais uma sexta-feira chegou e, com ela, mais um Elástica Recomenda. Nesta sexta-feira, que ainda por cima é feriado, a gente fez uma seleção sucinta e não menos especial com dicas de qualidade para ocupar o seu tempo livre. Quer papo cabeça? Tem podcast psicanalítico para virar fã e pensar sobre amor, luto, comportamento e outros temas – tudo regado a bons memes. Tá mais na vibe de maratonar uma série? A segunda temporada de Boneca Russa acaba de estrear. Falando em mulheres fortes, tem livro novo da Renata Corrêa com relatos sincerões sobre ser mulher no século XXI (spoiler: continua bem difícil). Mas se o seu negócio for criatividade, beleza e moda, calma, que também tem dica: um papo entre dois gigantes fashion para ler e se deliciar. Preparades? Só rolar a tela pra baixo e aproveitar. Bom fim de semana 😉
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alê
@floatvibes + vibes em análise Nós, brasileiros, estamos acostumados a fazer meme de tudo: política, futebol, BBB, relacionamentos. Mas e quando os memes encontram a psicanálise? Essa é uma das premissas que faz do perfil @floatvibes tão palatável, atual e importante. Nele, os psicanalistas André Alves e Lucas Liedke colocam todo seu conhecimento para jogo ao analisar as vibes do momento e discutir assuntos importantes – como romance, luto, autoestima, sexo, entretenimento e “golpismo”, entre tantos outros –, sempre muito bem ilustrados com memes que representam exatamente a vibe citada.
Além de segui-los no Instagram para se questionar sobre essa realidade que de vez em quando parece mentira, minha recomendação é sintonizar o vibes em análise, podcast semanal que a dupla comanda e usa da psicanálise para ajudar os ouvintes a entenderem o mundo. No episódio dessa semana, batizado de “Paixões bloqueadas”, eles debatem como os discursos do autoamor e da independência emocional influenciam nossa capacidade atual de se apaixonar. Ainda é possível? Não vamos dar spoiler, mas você pode dar o play aqui embaixo:
Monumento para a mulher desconhecida Se você é um frequentador de redes sociais, já deve ter ouvido falar da Renata Corrêa. Ela é roteirista, escritora e seu foco é no humor e no protagonismo feminino. Agora, ela acaba de lançar seu primeiro livro de ensaios: Monumento para a mulher desconhecida. Segundo ela, a obra surgiu através de um desejo de contar histórias – aquelas que, de modo geral e equivocado, são consideradas irrelevantes. Ao longo dos capítulos, mergulhamos profundamente na experiência de ser mulher no século 21 (que não é fácil)! São temas como saúde mental, relacionamentos, maternidade, aborto e machismo, tudo tratado sem tabu.
Com linguagem simples e leve, Renata reafirma que somos todas sobreviventes e lutamos todos os dias pelo nosso espaço no mundo. “Fomos ensinadas que histórias de mulheres são vividas e contadas na intimidade e isso só ajuda a quem nos oprime. Este livro é um exercício de honestidade radical, no qual trago reflexões sobre o feminismo, mas também histórias autobiográficas e íntimas”, explica. “Acredito que a experiência de uma mulher, quando verbalizada, pode iluminar pontos cegos que nos impedem de enxergar com clareza as dores que sofremos e o fato de que elas não têm origem em nós. Muitas vezes têm origem na maneira como somos tratadas, subestimadas e silenciadas.”
Interview – Lacroix e Roseberry Talvez a minha parte preferida no trabalho aqui na Elástica seja ler as entrevistas antes de elas serem publicadas. Assim como nas autobiografias, adoro as situações de vulnerabilidade em que as pessoas acabam se colocando – e também saber mais sobre algumas informações secretas até o momento porque eu amo uma fofoquinha também, não sou de ferro. Essa semana li uma entrevista que me animou como poucas fizeram. Foi a entrevista de Christian Lacroix com Daniel Roseberry – duas figuras importantíssimas para a moda – na revista estadunidense Interview.
Essa revista tem um história muito interessante, foi pensada e fundada simplesmente por Andy Warhol em 1969. É recheada de entrevistas com artistas, músicos, atores e atrizes e criativos em geral. Por conta da sua vanguarda editorial e artística, foi apelidada de bola de cristal do pop. Warhol costumava distribuir exemplares nas ruas e em festas que frequentava – eles eram compostos de 60% de conteúdo e 40% de propaganda, invariavelmente. Para além de todo esse glamour nostálgico que eu projeto nos anos 70 e 80, quando estava em seu auge, me parece uma proposta editorial muito interessante e que funciona muito bem hoje em dia. A revista faliu e foi comprada em 2018, quando ganhou novo fôlego.
Uma das magias da publicação é unir dois criativos em uma conversa muito interessante. Christian Lacroix, o entrevistador, tem 70 anos e foi um dos estilistas franceses mais influentes dos anos 80, estudou história da arte e reinventou a alta costura com suas criações. Daniel Roseberry, o entrevistado, tem 36 anos, é filho de uma artista com um padre, estudou moda e, depois de ter passado pela Thom Browne, hoje é o diretor criativo responsável pela Schiaparelli. Eles dialogam muito francamente e elucidam sobre moda e mais especificamente sobre a necessidade da chamada couture. Muitos desfiles parecem supérfluos ou desnecessários aos olhos dos leigos mas, durante a franca conversa, os dois falaram muito sobre suas formas de expressão, suas paixões de criança e sobre a necessidade da fantasia e como tudo isso se expressa na passarela. Fiquei tocado com alguns momentos de identificação, quando falavam sobre cores, desenho e animação, principalmente.
As fotos das matérias também são deslumbrantes e também valem a leitura. As criações douradas de Roseberry dentro da Schiaparelli e provam por A + B a proximidade da moda com a arte contemporânea, como ambos defendem pelo texto.
Boneca Russa Na próxima semana, a Netflix estreia mundialmente a segunda temporada de Boneca Russa, série de comédia protagonizada por Natasha Lyonne. Nada melhor do que um feriado para maratonar os episódios originais.
Na série, Nadia Vulvokov morre após um dia de cão, mas em vez de ir para o além, volta para o início daquele dia com a consciência do que havia vivido antes. No melhor estilo Feitiço do Tempo, clássico com Bill Murray, a história se torna um quebra-cabeças em loop.
Lyonne, que despontou em Orange is the New Black, brilha na interpretação marcada, trejeitos fortes, a firmeza na construção da sua personagem – que alterna entre momentos de durona e outros de extrema fragilidade.
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Boneca Russa é um convite para que observemos nossas atitudes, suas causas e consequências. Há, de fato, um jeito certo de fazer as coisas, ou sempre haverá barreiras no caminho?