Com shows de grandes nomes do forró, conferimos in loco por que o evento é a maior festa junina do mundo
por Artur TavaresAtualizado em 24 jun 2022, 11h51 - Publicado em
24 jun 2022
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istante apenas 135 quilômetros da capital pernambucana, Caruaru se desenvolveu a partir do século 19 como um polo agrário e entreposto comercial ligando o interior do estado e Recife. O trânsito de pessoas indo e vindo à cidade litorânea beneficiou culturalmente a região, que já naquela época realizava, em junho, um grande evento dedicado ao mais festeiros dos santos, São João.
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Das quermesses de antigamente a um evento que hoje promove cultura, turismo, economia e afirmação popular, o São João de Caruaru é a maior festa regional ao ar livre do mundo. Durante todo o mês, a cidade explode em festa. Os festejos vão desde tradicionais barraquinhas espalhadas pelas ruas, atrações que são levadas para tocar nos bairros mais distantes, até grandes shows no Pátio de Eventos Luiz Gonzaga, um pavilhão que recebe desde música tradicional até os grandes nomes de hoje no forró, no sertanejo, no arrocha, na pisadinha, e tudo mais que toca nos dials. Na última semana, fomos convidados a passar um dia em Caruaru e conhecer o São João.
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Grandeza popular
Talvez o melhor exemplo para entender a união entre o tradicional e o novo no São João de Caruaru seja a figura de Francisco Bezerra de Lima, o Azulão. Completando 80 anos neste 25 de junho, ele é um cantor e compositor da velhíssima guarda do forró brasileiro. Além de ter se apresentado para quase 100 mil pessoas no dia em que estivemos lá, recebe homenagem e empresta seu nome a um dos polos nos quais a festa acontece ao redor da cidade – polo este que recebeu shows do grupo punk Devotos, dos ícones pernambucanos Jorge du Peixe e Siba, e do ex-Titãs Paulo Miklos.
Integrante da primeira banda de forró do Brasil, Azulão é cultuado na cidade. A plateia, uma grande maioria jovem, ouve atentamente e dança as músicas, que são acompanhadas por seu filho, Azulinho, uma banda e dançarinas em vestidinhos tradicionais. Entre o público, no entanto, eram raras até as camisas xadrez, o que diriam as roupas de quadrilha. Há um outro palco dedicado à dança tradicional em outro local da cidade, mas ali, no Pátio Luiz Gonzaga, o clima era muito mais de show descontraído.
Esse contraste é apenas um entre tantos que saltam aos olhos chegando por lá. Do lado de fora do Luiz Gonzaga, um bar dedicado ao Metal está relativamente tão cheio quanto as 100 mil pessoas lá dentro. E no espaço de eventos há avisos explícitos de que alguns banheiros são para pessoas cis e trans. De tão festeiro que é São João parece já ter entendido a igualdade entre todas as pessoas.
Pela cidade, outros polos musicais são dedicados aos sanfoneiros, ao forró tradicional e à dança, ainda contando com um espaço infantil – todos eles, inclusive o Pátio Luiz Gonzaga, são gratuitos.
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Celebridades locais e nacionais
No intervalo de cada show, os locutores animados saúdam a galera e dão um salve para proeminentes de Caruaru. O prefeito Rodrigo Pinheiro, do PSDB, é ovacionado a cada aparição, seguida obviamente de um breve discurso. Embaixo do palco, a sala de imprensa pega fogo. De cabelos platinados e acompanhado de sua mãe, o economista Gil do Vigor passa cumprimentando a todos com sua tradicional e deliciosa energia, indo até o camarim do cantor João Gomes, que logo se apresentaria ali.
Garoto de 19 anos que foi impulsionado ao sucesso com “Eu tenho a senha”, música que está na trilha sonora da novela Pantanal, Gomes cresceu em Petrolina, outra cidade com importância para a música popular pernambucana, e desde cedo soube cantar. Depois de tocar as duas primeiras canções e ser recebido com uma chuva de fogos, ele se emocionou e chorou diante da plateia, verdadeiramente impactado com aquele mar de gente que assistia seu show.
João Gomes lançou seu primeiro disco durante a pandemia, e por isso talvez nunca tenha tido 100 mil pessoas assistindo seu show. Revelar e aclamar novos talentos populares são as verdadeiras forças dos eventos populares longe do eixo Sul/Sudeste brasileiro, que estão sendo colocados em xeque agora devido à polêmica com contratos escusos entre cantores sertanejos e prefeituras em todo o país. Celebrações verdadeiramente tradicionais, como não apenas o São João de Caruaru, mas o próprio Carnaval no Recife, apenas para citar exemplos pernambucanos, são verdadeiras forças motoras de cultura e turismo e devem ser preservadas com a devida transparência que já têm.
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Quando o clima já estava bem quente, Jonas Esticado subiu ao palco como última atração da noite. A pinta de bom moço cai bem ao cantor de Juazeiro do Norte, autor dos hits “Paredão no Talo”, “Investe em Mim” e “Beijo Bêbado”, que manteve a plateia animada até tarde da noite.
Quando os shows acabaram, o público ainda pôde experimentar as comidas locais nas barracas dentro do Pátio Luiz Gonzaga, entre elas a broa gigante. O pão é feito em tamanhos colossais há anos, sendo marca registrada da festa, além de sarapatel – que estava uma delícia –, bolo de tapioca, beiju, pipoca, arrumadinho de charque, e tudo acompanhado de algo para beber.
Do lado de fora, o bar dedicado ao Metal continuava pegando fogo, é claro.
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Neste final de semana
Sexta-feira é oficialmente o dia de São João, e a festa em Caruaru segue quente. Esses são alguns destaques da programação:
PÁTIO DE EVENTOS LUIZ GONZAGA
Sex 24/06
Luan Santana
Novinho da Paraíba
Zé Neto e Cristiano
Matheus Fernandes
Sáb 25/06
Mari Fernandes
Pedrinho Pegação
Maiara e Maraisa
Alok
Dom 26/06
Felipe Amorim
Cavaleiros do Forró
Nattan
Priscila Sena
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POLO AZULÃO
Sex24/06
Gabi da Pele Preta
Riáh
Colibri Brasil
Fundo de Quintal
Sáb 25/06
Anderson do Pífe & Lucrécria e a Casa de Bonecos
André Rio
Maestro Spok
Maestro Mozart Vieira
Dom 26/06
Caruaru Canta Azulão
Academia da Berlinda
Sheldon
Conde Só Brega
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A reportagem viajou a convite da Devassa
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