e você é um millennial, isso significa que você nasceu no meio da década de 80 ou início dos anos 90 e sua infância aconteceu antes dos anos 2000. Assim, na sua adolescência, o “rolê” era assistir besteirol (lembra dessa palavra?) tipo American Pie ou – os maravilhosos e perfeitos – Todo mundo em Pânico e As Branquelas. Tais títulos tinham como grande foco a busca pelo sexo e podemos dizer que foram, em alguma parte, responsáveis pela adolescência millenial ser tão cheia de hormônios, colocando assuntos como virgindade, sexualidade e masturbação nas capas de todas revistas adolescentes, tipo Capricho ou TodaTeen (saudades dos testes).
Já a Gen Z, ou Geração Z, não sofre/sofreu tanto com a pressão em perder a virgindade cedo com medo de ser visto como perdedor ou “cabaço”. Na verdade, os jovens nascidos entre 1996 e 2010 têm um comportamento sexual e de relacionamento muito diferente dos millenials – existem alguns, inclusive, que acham sexo cringe (desculpa por usar essa palavra, já deu né?).
Começando a partir dos “nortes” dessa geração de novinhos, eles cresceram – e crescem – em meio a discussões cada vez mais amplas de gênero, política e sexualidade. As problematizações fazem parte do dia a dia deles, diferentemente da geração anterior, em que séries como Friends e How I met your Mother têm, em seus roteiros, quilômetros de textos que hoje são considerados sexistas e até transfóbicos. Os “nativos digitais” estão mais preocupados com essas problematizações e com as políticas envolvidas nelas do que os millenials. Os últimos – nós – não viveram em meio a atual primavera política e passaram a adolescência tentando convencer os amigos que conseguiram transar ou no mínimo dar um beijo de língua (outro termo que sumiu do nosso radar, né?). E só esse dado já entrega que nossas percepções sobre sexo são totalmente diferentes.
Trazendo um pouco de dados, Nick Hillman, em sua pesquisa Sex and Relationships Among Students (Sexo e relacionamentos entre estudantes) para a HEPI (High Education Policy Institute), descobriu que a maioria dos estudantes britânicos estão mais preocupados em fazer amigos do que em transar. Além disso, apenas 16% dos estudantes entrevistados estavam animados com a vida sexual depois de começar seus estudos – tipo sair da casa dos pais, entrar numa universidade e ter com grande “barato” finalmente poder transar em paz. Outro dado bem recente de um estudo da Universidade de Indiana junto ao Instituto Karolinska é que, entre os americanos com idades de 18 a 24 anos, houve um aumento significativo de inatividade sexual desde 2000 até 2018, principalmente entre os homens, fortalecendo ainda mais a compreensão de que estamos transando menos – e não é por conta da pandemia.
“A maioria dos estudantes britânicos estão mais preocupados em fazer amigos do que em transar. Além disso, apenas 16% estavam animados com a vida sexual depois de começar seus estudos – tipo sair da casa dos pais, entrar numa universidade e finalmente poder transar em paz”
Do meu ponto de vista, acredito que tais mudanças comportamentais extrapolam um pouco apenas o sexo e flertam com a nossa percepção do que é prazer em si. Como os millenials viveram um período significativo com a internet ainda sendo desenvolvida, as relações interpessoais e físicas eram os principais veículos das experiências relacionadas com o prazer. Por outro lado, a geração Z se encontra num lugar onde até os bebês jogam Candy Crush ou Stardew Valley, num mundo muito mais informatizado, sem sofrimento para baixar gigabytes em qualquer download e com a possibilidade de dar uma “aliviada” a partir dos milhões de perfis crescentes no OnlyFans e Twitter +18, onde prazer é muito mais sobre o impacto que você tem na sua rede social do que conseguir pegar esse ou aquele garoto. E, pensando que nessa geração mais atual, tudo precisa ser rápido e instantâneo – estamos na internet 4G indo pra 5G, é muito mais fácil se masturbar ou fazer sexo virtualmente do que engajar em uma busca física e que demanda muito mais tempo. O resultado disso é uma experiência sexual de menor qualidade, talvez?