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Quem escreve a história negra no Carnaval?

Oito das doze escolas do Grupo Especial carioca desfilam com enredos sobre a cultura negra, mas nenhuma tem carnavalescos negros

por Gabriele Roza Atualizado em 29 abr 2022, 02h37 - Publicado em 28 abr 2022 02h34
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(Ilustração/Redação)

movimento agitado na Cidade do Samba, na Gamboa, zona central do Rio de Janeiro, indica que faltam poucos dias para o Carnaval passar na Avenida Marquês de Sapucaí. São marceneiros soldando carros alegóricos, figurinista chegando com sacolas cheias de tecido e diretores de carnaval indo de uma sala a outra checar as demandas mais urgentes. Em cada barracão de escola de samba, carros e fantasias dão o tom dos temas dos desfiles de 2022. Neste ano de retorno do Carnaval, oito das doze escolas do Grupo Especial carioca desfilam com enredos sobre a história e cultura negra.

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No barracão da Beija-Flor de Nilópolis, a logo do enredo “Empretecer o Pensamento é Ouvir a Voz da Beija-Flor” está em toda parte, do painel na entrada até nas telas dos computadores. André Rodrigues, 30 anos, entrou na Beija-Flor em março de 2020 para participar do concurso que ia decidir o desenho da marca. Até então carnavalesco do Acadêmicos do Sossego, escola do Grupo de Acesso do Rio, e da Mocidade Unida da Mooca, da capital paulista, André ganhou a disputa de mais de 100 concorrentes com uma logo inspirada no movimento afrofuturista. Com a conquista veio o convite para trabalhar como projetista de alegoria da escola, mas daí não demorou muito para virar diretor de criação do enredo.

“Eu vim como projeto de alegoria, para desenhar, projetar em 3D, fazer plantas e tudo mais. Só que o Alexandre Louzada [carnavalesco da Beija-Flor] fica insatisfeito com algumas coisas no enredo e me pede para colaborar”, explica André, que trabalha desde os 15 anos como assistente e projetista para diversas escolas de samba.

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(intervenção sobre foto do desfile 2022 Beija-flor / Marcelo Piu / Thiago Lara / Riotur/Reprodução)

André passa a fazer parte da equipe que iria construir o enredo, que até então era focado em figuras de intelectuais negros. “Eu dou um sentido de que não é só sobre as pessoas, mas sobre como a produção dessas pessoas nos atravessam. Quando pegamos um Abdias do Nascimento, não falamos só dele, mas o que a produção do quilombismo diz sobre a gente? O que o estudo de globalização do Milton Santos tá falando sobre nós?”.

O desfile da Beija-Flor está dividido em seis setores. “O mais difícil de representar foi a filosofia”, diz André. No desfile, o conhecimento filosófico negro vai fazer a ligação entre o primeiro setor, que representa a África ancestral, e os demais setores que representam o mundo contemporâneo. “Eu não crio a imagem primeiro, primeiro é o argumento. Enquanto estou escrevendo o argumento, vou tirando esses elementos que vão me trazer essa imagem”, explica.

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(Douglas Shineidr/Riotur/Reprodução)

O enredo termina com uma mensagem: a periferia também produz conhecimento. O último setor da Beija-Flor apresenta um olhar para dentro, colocando a própria escola como um local de produção intelectual. “Estamos falando para uma população da Baixada Fluminense que a escola de samba que ela constrói é tão produtora de conhecimento quanto [os intelectuais apresentados]. Colocamos todo mundo em pé de igualdade”.

“Eu dou um sentido de que não é só sobre as pessoas, mas sobre como a produção dessas pessoas nos atravessam. Quando pegamos um Abdias do Nascimento, não falamos só dele, mas o que a produção do Quilombismo diz sobre a gente? O que o estudo de globalização do Milton Santos tá falando sobre nós?”

André Rodrigues
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(Thiago Lara / Riotur/Reprodução)
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Figurino “Pele Negra, Máscaras Brancas”, de Frantz Fanon

Trecho da descrição do figurino “Pele Negra, Máscaras Brancas”, de Frantz Fanon: “O que o homem preto quer ser? Ele quer ser branco? Essa são questões levantados pelo pensador Frantz Fanon para explicar o corpo negro no mundo. Nos dias atuais, o homem branco se coloca como um grande centro da razão inteligente da Terra, excluindo o negro da produção intelectual. Esse pensamento explica o colonialismo e suas ações que reverberam até hoje. O figurino representa os corpos negros que tentam se soltar das correntes, que rotulam, estigmatizam e comprimem, por isso as correntes atravessam o peito. As máscaras brancas representam essa camuflagem para ser aceito na sociedade como iguais. Além dele estar comprimido por correntes, temos essa capa de falso ideal branco que mata ele. Por dentro dessa capa, que é a capa da falsa santidade, está a foto de crianças que foram mortas por essa herança da colonização e do racismo”.

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(Grande Rio / Gabriel Monteiro / Riotur/Reprodução)

Memórias do setor 13

As referências que André tem para criar os desfiles começaram a se estabelecer desde que ele tinha “zero anos”, como enfatiza. Sua mãe, apaixonada por carnaval, levava o filho religiosamente todos os anos para assistir às escolas do mesmo lugar, no setor 13, setor popular no final do Sambódromo. É dessa perspectiva que André, hoje como membro de criação nas escolas de samba, segue construindo os desfiles.

“São muitos anos assistindo do mesmo lugar, eu tenho o domínio do visual do Carnaval a partir daquele lugar. Eu já vi passar um milhão de carnavais diferentes dali, então, hoje quando eu crio o Carnaval, eu me imagino assistindo ele naquele mesmo ponto’’. No Carnaval de 2001, quando tinha 9 anos, ele e a mãe tinham grande expectativa para o desfile da Beija-Flor. ‘‘Era sobre o Maranhão, da onde a minha mãe vem, então tinha aquela coisa de criança ‘ah, a minha família toda é de lá’”.

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“Talvez seja o primeiro desfile que fez eu me sentir preto”, conta André. O enredo “A Saga de Agotime, Maria Mineira Naê” conta a trajetória de Agotime, rainha de Daomé, atual Benin. Segundo a história, ela chegou na Bahia como escrava e conseguiu retomar sua soberania e fé com o ouro que guardava trabalhando na mineração. Com a liberdade, seguiu para São Luís do Maranhão para fundar a Casa das Minas, terreiro religioso de culto aos voduns. A escola não ganhou o título neste ano, mas o enredo entrou para a história.

“Lembro que foi um desfile muito africanizado, acho que foi a primeira sensação que eu tive de ouvir atabaque, lembro da temperatura do sol, lembro do som, lembro da sensação de ver a ala das pretas velhas. Então, se eu com 9 anos fui atravessado por um desfile, é porque a Beija-Flor é produtora de empretecimento do pensamento”, diz André.

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(Grande Rio / Gustavo Domingues / Riotur/Reprodução)

Enredos negros, carnavalescos brancos

Não só a Beija-Flor que traz esse ano enredos com a temática negra, outros escolas vão apresentar histórias de resistência da população preta, homenagear a música e cantores negros e abordar temas relacionados a religiosidade afro-brasileira. Salgueiro, vem com o enredo “Resistência”; Mangueira, tem enredo em homenagem a Delegado, Jamelão e Cartola; Mocidade, “Batuque Ao Caçador”; Vila Isabel faz homenagem a Martinho da Vila; Portela tem o título do enredo “Igi Osè Baobá”; Grande Rio, “Fala, Majeté! Sete chaves de Exu”; e Paraíso do Tuiuti, “Ka ríba tí ÿe – Que nossos caminhos se abram”.

Mas apesar de “enredos negros” serem a maioria, a maior parte dos carnavalescos e pessoas que trabalham na construção dos enredos são brancas. “Isso é uma realidade. São seis carnavalescos negros no grupo de acesso [de 12 escolas], eu não lembrava que nós éramos tantos num grupo de acesso. Mas no grupo especial [escolas com notas mais altas no desfile anterior, que recebem mais investimento da prefeitura e maior atenção midiática] não existe nenhum”.

“A minha pergunta é muito simples: quem conta a nossa história, mesmo no Carnaval?”, questiona Mauro Cordeiro, sociólogo e pesquisador do Observatório de Carnaval da UFRJ. “Temos um corpo coletivo de três mil pessoas, a maioria negra, mas quem está construindo discurso e pensando a negritude são carnavalescos e pesquisadores brancos, isso é um problema estrutural”, explica Mauro, que pesquisa escolas de samba no doutorado de Antropologia.

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(Mangueira / Fabio Mota / Riotur/Reprodução)

O maior problema, para o pesquisador, é que essa visão branca sobre o negro se transforma em uma representação do ser negro: “Por melhor que seja, o homem branco não é tão capaz de contar todas as histórias, principalmente as histórias que ele não veste”, diz o sociólogo.

“O grande fator pra essa safra ser marcada por enredos negros é a morte do George Floyd, que é um negro americano e que comove a todos nós, mas no país onde morre um jovem negro a cada 23 minutos pensar que é apenas a morte do George Floyd?”. Para Mauro, quem constrói os discursos são homens brancos que se sensibilizam, muitas das vezes, mais com a sociedade americana polvorosa do que com as questões e debates raciais do Brasil. “Tenho plena consciência que eles se julgam progressistas, mas é um papel fundamental se colocar em debate. Por que esses homens brancos não indicam outro pesquisador ou outro carnavalesco negro? Porque é cômodo e lucrativo eles viverem uma vida de construir discursos sobre a nossa experiência na festa que nós construímos”.

“Eu tenho plena consciência que eles se julgam progressistas, mas é um papel fundamental se colocar em debate. Por que esses homens brancos não indicam outro pesquisador ou outro carnavalesco negro? Porque é cômodo e lucrativo eles viverem uma vida de construir discursos sobre a nossa experiência na festa que nós construímos”

Mauro Cordeiro, sociólogo
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(Salgueiro / Rodrigo Gorosito / Riotur/Reprodução)

Quando artistas da Belas Artes começam a fazer Carnaval

Mauro desfila no Salgueiro desde os 15 anos, mas o Carnaval faz parte da família dele há muitas gerações. Ele conta que frequentava o universo das escolas de samba desde muito pequeno, principalmente nos eventos que ocorriam nas quadras. “Um desfile no Salgueiro, acho que eu tinha 12 pra 13 e anos, foi o momento que eu entendi que aquilo não era só uma coisa que eu gostava na vida, mas que dificilmente eu conseguiria ter a minha vida longe desse universo, era impossível”. Hoje, ele não trabalha em nenhuma escola, mas o tema de todos os trabalhos de conclusão – graduação, mestrado e doutorado – são relacionados a escola de samba.

O pesquisador lembra que as agremiações carnavalescas nunca foram “ilhas”, elas estão dentro da lógica machista, racista e homofóbica da sociedade, “por isso que os espaços de poder das escolas de samba se parecem muito com os espaços de poder das empresas, do Congresso”. A sub-representação de pessoas negras em espaços de decisão nas escolas se inicia em 1960, explica Mauro, quando ocorre uma dita “revolução estética” no Carnaval iniciada pelo Salgueiro. No ano, a escola passou a incluir artistas da Academia de Belas Artes na produção do enredo.

Trinta anos antes desse movimento, as escolas de samba nascem nos subúrbios e favelas do Rio de Janeiro, no cenário do pós-abolição, quando pessoas negras ainda eram muito marginalizadas. Em um momento de ideias eugenistas e de embranquecimento da população, Mauro defende que elas surgem para disputar a construção de uma identidade nacional, a partir da ação de homens e mulheres negras. “Sambista negros vão dialogar com o estado e com a intelectualidade buscando se inserir nesse discurso nacional. Lógico que eles estavam numa perspectiva de poder mais fraca, então eles fizeram muitas negociações e concessões. Mas é uma vitória histórica, a escola de samba é uma história de sucesso do movimento negro brasileiro”.

“Sambista negros vão dialogar com o estado e com a intelectualidade buscando se inserir nesse discurso nacional. Lógico que eles estavam numa perspectiva de poder mais fraca, então eles fizeram muitas negociações e concessões. Mas é uma vitória histórica, a escola de samba é uma história de sucesso do movimento negro brasileiro”

Mauro Cordeiro, sociólogo
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(Mocidade / Marco Antonio Teixeira /Riotur/Reprodução)

Segundo Mauro, a classe média passou a fazer parte das escolas de samba na década de 1960, quando as escolas viram entidades lucrativas da cultura popular e da indústria cultural – os desfiles passam a ser transmitidos na TV e ingressos passam a ser cobrados na avenida. ”Isso ajuda a explicar porque não tem carnavalescos negros”, diz Mauro.

Com a entrada de artistas e intelectuais da academia, rapidamente, os desfiles se transformaram em uma arte ligada ao padrão de visualidade das Belas Artes. Segundo o pesquisador, antes desse movimento, profissionais que faziam arte nas escolas de samba eram das camadas populares formadas no Liceu de Artes e Ofícios.

André Rodrigues, diretor de arte da Beija-Flor, conta que o primeiro a revolucionar essa nova lógica do Carnaval iniciada pelo Salgueiro foi o artista plástico Joãosinho Trinta – maranhense que começou sua carreira carnavalesca no Salgueiro em 1961. ”Quando ele se desprende dessa revolução salgueirense, ele vai mais ou menos em 1977 para a Beija-Flor”, diz André. Lá, o artista passou a criar enredos polêmicos e luxuosos que deram à agremiação cinco títulos e vários vice-campeonatos.

“É nessa máxima que ele começa a ter as frases dele de efeito como: ‘O povo gosta de luxo, quem gosta de pobreza é intelectual’. Portanto, Joãosinho defende que a escola de samba tem que ser linda porque as pessoas pretas que vestem as fantasias devem se sentir lindas”.

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Em 1988, centenário da abolição, Joãosinho assina o desfile ‘Sou Negro, do Egito à Liberdade’, “um enredo foda que faz um paralelo entre os deuses orixás e os deuses egípcios, um desfile maravilhoso, luxuosíssimo, um dos desfiles mais caros da história, mas ele é criticado pelo excesso de luxo”. A escola ficou em terceiro lugar, quem ganhou neste ano foi Unidos de Vila Isabel, com o enredo “Kizomba, a festa da raça”, enredo de Martinho da Vila, construído a partir de encontros com representantes de países africanos e latino-americanos.

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(Salgueiro / Fabio Motta / Riotur/Reprodução)

No ano seguinte, Joãosinho Trinta apresenta pela Beija-Flor um dos desfiles mais polêmicos da história do Carnaval carioca. “Em 1989, ele vira e fala: ‘ah, eu sou criticado pelo excesso de luxo, então eu vou mostrar vocês como lixo’. Ele faz uma crítica à sociedade a partir da visão do que é lixo e o que é luxo. O desfile começa com um muro tomado de mendigos escrito: ‘mendigos, povo da rua, venham ocupar a Sapucaí porque esse é o lugar de vocês”.

O abre-alas da escola vem com um “Cristo Mendigo”, que chegou a ser vetado pela Igreja e teve que cruzar a avenida coberto por um plástico preto e uma faixa com os dizeres: “Mesmo proibido, olhai por nós.”

Uma das maiores aflições de André é o não reconhecimento de artistas negros, indígenas e favelados do carnaval, como acontece com Joãosinho Trinta. “Nós não somos artistas para a arte institucional. A arte institucional não reverencia o Joãosinho Trinta. Como que um cara faz um desfile desse, que é considerado a maior crítica da história em 1989, e a arte institucional não reverencia ele? Eu to falando de um artista que revolucionou o país. O país parou pra assistir e debater esse Carnaval, mas o cara não é visto como um artista?

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(Salgueiro / Fabio Motta / Riotur/Reprodução)
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História escrita em partituras

O diretor de arte da Beija-Flor lembra que as escolas de samba, desde de seu início, são produtoras de narrativas sobre o país. “É o evento mais importante e mais vendido do país. São narrativas sobre a gente, mas por muitos anos os brancos falaram o que eles entendem de preto e decidiram como essa festa tem que ser. Esse enredo [da Beija-Flor] na mão de um branco seria uma coisa, na minha mão é outra coisa, na mão de um outro preto que tem uma outra vivência é outra coisa”.

Apesar das pessoas brancas serem maioria em todos os espaços de poder no Brasil, André acredita que a desvalorização da cultura de escola de samba deixa esse processo ainda mais complexo. “A galera se acha no direito de aloprar, sabe? O tempo inteiro a escola de samba é colocada num lugar de ridicularização, num lugar de superficialidade”. Apesar de toda a invisibilidade e racismo, hoje o Carnaval movimenta 4 bilhões de reais na economia do Rio de Janeiro. Segundo a prefeitura, são mais de 2,1 milhões de turistas na cidade neste período.

“A galera se acha no direito de aloprar, sabe? O tempo inteiro a escola de samba é colocada num lugar de ridicularização, num lugar de superficialidade”

André Rodrigues
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(Portela / Gustavo DOmingues / Riotur/Reprodução)

O desfile de escola de samba não é um simples festival, defende o pesquisador Mauro Cordeiro, é um espetáculo de múltiplas expressões artísticas construídas durante um ano inteiro. Para ele, a desvalorização e tentativa de embranquecimento da cultura das escolas de samba só reflete a perseguição que a cultura negra tem em toda a diáspora africana.

“É um espetáculo que contempla múltiplos saberes, múltiplas técnicas, múltiplas formas de expressão artística. Por isso, é tão pujante, tão vibrante, tão apaixonante e, por isso, se transformou neste símbolo tão distintivo da cultura nacional que é resultado direto, importante reforçar, da construção de negros e negras.”

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