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O íntimo da família Gil

O reality "Em Casa com os Gil", do Prime Video, mostra a trajetória do cantor e como seu legado passa entre as gerações

por Beatriz Lourenço 23 jun 2022 01h07
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(Clube Lambada/Ilustração)

ue Gilberto Gil é um dos ícones da música brasileira, nós já sabemos. Também conhecemos alguns membros de sua família que fazem sucesso por seus talentos, como a chef Bela Gil, a cantora Preta Gil e, claro, José, Francisco e João Gil – que formam a banda Gilsons. O que poucos conhecem é como todos vivem o cotidiano e compartilham seus conhecimentos. 

É por isso que o Prime Video e a Conspiração decidiram criar a série Em Casa com os Gil, que estreia na plataforma no dia 24 de junho. A produção, uma mistura de documentário com reality show, acompanha os bastidores da preparação da família Gil para uma turnê na Europa em celebração aos 80 anos de Gilberto Gil. Ao longo dos cinco episódios, vemos todos os integrantes reunidos em uma espécie de retiro criativo a fim de escolher o repertório para os shows. 

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A ideia é que cada um escolha uma música e diga o que ela significa para si. A dinâmica, que funciona como um amigo secreto, mostra a importância da relação entre irmãos, netos, tios e até bisnetos – capaz de nos tirar algumas lágrimas. “A gente ter crescido podendo estar perto da sua obra foi uma aula de vida. São tantas coisas sensíveis que ela traz que é um privilégio fazer parte disso. Ela desperta curiosidades que talvez não teríamos se não a ouvíssemos”, diz José Gil em um dos episódios. 

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(Amazon studios/Divulgação)

A casa, no interior do Rio de Janeiro, também é palco de discussões sobre temas como o racismo no Brasil, a forte influência da cultura afro na sociedade e a história das músicas que fizeram sucesso no país todo. Um dos momentos mais marcantes acontece quando Preta fala sobre os padrões estéticos e a pressão da sociedade pela aparência perfeita. “Precisamos refletir sobre nossos valores, nos conhecer e nos amar como somos. Durante a pandemia, tive mais contato comigo mesmo e pude sentir a minha pele. A gente se critica e se cobra o tempo todo. Mas por quê?”, questiona.

“Precisamos refletir sobre nossos valores, nos conhecer e nos amar como somos. Durante a pandemia, tive mais contato comigo mesmo e pude sentir a minha pele. A gente se critica e se cobra o tempo todo. Mas por quê?”

Preta Gil
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(Amazon studios/Divulgação)

Entre conversas, curiosidades e ensaios diários, a dinâmica da família é apresentada enquanto cada um conta como legado de Gil é transmitido entre as gerações. “O papel da arte é nos envolver nesse terreno do sentimento, da percepção e da presença do espírito”, diz o músico enquanto reflete sobre a densidade de suas canções. Outra cena imperdível é a do cantor relembrando as memórias da ditadura e do quão difícil foi atravessar um período de saudade, medo e repressão enquanto estava exilado em Londres. Para quem está curioso, saiba que a segunda temporada já foi confirmada! Antes do lançamento, participamos de uma coletiva de imprensa e selecionamos as melhores respostas da equipe sobre Em Casa com os Gil:

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(Amazon studios/Divulgação)

De onde surgiu a ideia da série?
Andrucha Waddington, diretor geral: Me sinto membro da família e a gente já é parceiro durante 30 anos, essa é uma continuidade de um trabalho longo. A ideia veio da Preta e se tornou um projeto que foi abraçado pela Prime Video. Estávamos prontos para sair em uma turnê e logo veio a pandemia, aí usamos esse tempo para criar essa temporada, que é uma mistura de documentário com reality show. Essa é uma família que dá uma aula para o Brasil sobre amor, aceitação e vida. A série também mostra como a arte e a cultura são importantes para o nosso país. 

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(Amazon studios/Divulgação)

Qual foi o maior desafio para a família?
Gilberto Gil: Foi oferecer uma jornada audiovisual com sons e música que fosse interessante para o público. Além disso, a necessidade de ter alguma coisa que fosse palatável para quem fosse assistir, no sentido contemporâneo, do filme e da televisão. Tentamos pensar em que medida nossa família poderia suprir esse papel de nos apresentar como artistas e uma família real ao mesmo tempo. Na medida em que aceitamos esse desafio e nos propusemos a esse trabalho, encaramos profissionalmente a ideia e deu tudo certo. 

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Há momentos em que vocês discutem sobre racismo e diversidade. Como vocês acham que isso chega para outras famílias brasileiras?
Preta Gil: A gente fala muito sobre representatividade e nossa família é muito diversa. Essas questões são naturais e discutidas no íntimo do nosso cotidiano. Sempre falamos sobre o que cada um passou em sua respectiva geração. Tentamos passar isso da forma mais leve possível e acho que as famílias poderão se identificar.

Gilberto Gil: Tentamos passar um valor familiar para elas e, principalmente, para aqueles embriões de famílias – essas que estão começando agora. 

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(Amazon studios/Divulgação)
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O que podemos esperar da segunda temporada?
Malu Miranda, Head de Conteúdo Original Brasileiro para o Amazon Studios: Tem toda essa parte que a primeira temporada nos proporcionou, de olhar para o íntimo. Mas a segunda mostra a turnê da família, o ser humano voltando para a vida social e todo mundo viajando junto por vários países. Poder ver a vida na estrada e os amigos que encontramos pelo caminho será muito bom. A segunda temporada será cheia de pessoas e com muito menos roteiro e mais espontaneidade.

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(Amazon studios/Divulgação)

Como a paternidade atravessou sua construção como ser humano e artista?
Gilberto Gil: É muito conhecida a frase que eu disse para a minha mãe quando criança quando ela perguntou o que eu queria ser na vida: queria ser musgueiro e pai de menino. A ideia da paternidade foi inspirada pelo modo como a paternidade, a maternidade e a fraternidade se davam na minha família. Eu nasci e cresci pronto para ser pai.

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