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Made in Weed: 5 mercados canábicos inovadores

Nem só de flores vive o mercado canábico, e a regulamentação é um prato cheio para as novidades. Essas são algumas das possibilidades que envolvem a planta

por Girls in Green Atualizado em 11 ago 2022, 18h41 - Publicado em 2 ago 2022 22h39
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(Clube Lambada/Ilustração)

rensado, soltinho, óleo… que maconha dá pano para manga a gente já sabe. Mas, em um mercado legal, as possibilidades de inovação são inúmeras! Enquanto aqui estamos enrolados com a proibição e entraves burocráticos que pouco nos permitem, lá fora, em muitas partes do mundo, a indústria canábica se ramifica em incontáveis braços. Inclusive, o Marijuana Business Daily estima que ela pode agregar mais de 160 bilhões de dólares na economia dos Estados Unidos até 2025.

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E não é só a maconha que conhecemos que tá com tudo. O cânhamo, versão da planta com até 0,3% de tetrahidrocanabinol (o famoso THC), pode virar plástico, papel, tecido, materiais de construção e mais de 10 mil outras aplicações. Tudo isso enquanto absorve mais carbono do que emite durante todos os processos que requer – do plantio ao manejo e processamento.

Para você ter uma ideia: essa planta já esteve em tudo, desde a primeira versão impressa da Bíblia até as caravelas que vieram da Europa até as Américas.

Mas, falando do presente (e do futuro), podemos dizer que a maconha é o momento. E, se você ainda a associa somente ao beck, tá bem por fora do que anda rolando! Vamos explorar 5 dessas novidades que vem ganhando espaço na onda verde.

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(Redação/Arte)

Skincare de maconha

Sim, a maconha entrou com tudo no mundo dos cosméticos. Produtos do ramo são uma grande possibilidade para quem deseja aproveitar tudo que a planta oferece – sem necessariamente chapar.

A pele é o maior órgão do corpo humano, e tudo o que ela absorve também é distribuído pelo nosso corpo, e vários estudos descobriram os benefícios do canabidiol (CBD) tópico em seu cuidado. Adicionar o ingrediente na rotina de beauté pode aliviar os sintomas associados à acne, coceira, vermelhidão e inflamação, de acordo com uma análise recente de pesquisas existentes.

Resumindo, seus principais benefícios são:
Regular a produção e o acúmulo de sebo nos poros, uma das principais causas da acne.

Promover uma hidratação mais profunda e duradoura, para dar adeus à descamação.

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Combater fungos e bactérias, que também podem causar problemas para quem busca uma pele de bumbum de neném.

O potencial antioxidante, que pode resultar em uma pele mais saudável, iluminada, hidratada, com menos manchas e menos propensa ao envelhecimento precoce.

Com tudo isso, o que não falta são empresas querendo se aproveitar do hit. Bom para a gente, que adora um momento bem relaxante com a plantinha e pode, agora, unir dois prazeres! Ainda assim, é fundamental ter cuidado com o que se compra para não levar gato por lebre – principalmente se você for importar um produtinhos e pagar caro por isso. Procure por marcas confiáveis, que contem com certificado de testagem dos canabinoides na fórmula! A The Body Shop e a High Beauty são alguns exemplos confiáveis para quem está pesquisando.

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(Redação/Arte)

A cannabis (tá) na moda

Tá achando que maconhista só usa camiseta do Bob Marley? A presença da maconha na indústria da moda tem possibilitado que as pessoas (quase que literalmente) vistam seus baseados. Ou algo por aí…

Para falar disso, precisamos falar do cânhamo, que dá origem ao que é considerado um dos tecidos mais ecológicos que existem. A planta leva apenas de três a quatro meses para atingir a maturidade, e um único espécime produz 220% mais fibras do que uma planta de algodão. A hemp precisa de muito pouca água para crescer e é naturalmente resistente a pragas. E o melhor? Suas raízes realmente protegem o solo de toxinas e da erosão.

Ou seja: o cânhamo é forte, e as roupas de cânhamo seguem a mesma linha. O tecido tem sido aprimorado e é perfeito para climas quentes, pois é muito respirável e possui ótimas propriedades antibacterianas.

Marcas internacionais, como a Patagonia, a Levi’s e até a Nike, já estão desenvolvendo produtos à base da fibra do cânhamo — e a gente tá adorando o movimento!

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Haxixe e concentrados…

…podem até não parecer uma novidade. Afinal, estima-se que a primeira extração canábica tenha surgido há muitos e muitos anos atrás, só não se sabe ao certo quando. Mas muito mudou desde o nascimento do charas, o haxixe mais tradicional do planeta.

Existem três técnicas bastante populares para fazer concentrados nos Estados Unidos, onde tais produtos dominaram o mercado legal (e o paralelo também). A maconha pode ser embebida em álcool ou um solvente, onde os ingredientes ativos dos tricomas da planta são dissolvidos.

A cannabis ainda pode ser filtrada em uma malha fina, o que permite a passagem dos tricomas. Em métodos mais modernos, a planta é mergulhada em água gelada e filtrada em bolsas, resultando no chamado ice ou bubble hash, que a gente ama.

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Atualmente, um grama de hash de alta qualidade, feito sem o uso de solventes, pode ser mais caro que um grama de ouro.

A popularização e o aumento da qualidade dos concentrados não apenas deu origem a um mercado por si só, como também impulsionou a criação de diversos outros. Um exemplo disso é a empresa Papa & Barkley. Eles utilizam extrações para produzir:

Tinturas e óleos;

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Comestíveis;

Tópicos como cremes, pomadas e adesivos transdermais.

Outra ala completamente nova é a de equipamentos para consumo. A Puffco é um caso de sucesso: desde 2013, o CEO Roger Volodarsky decidiu unir design, tecnologia e engenharia para criar vaporizadores especiais para os amantes de concentrados. Com várias premiações, inclusive como produto revolucionário no universo canábico, esse nicho de mercado está constantemente se desenvolvendo e criando mais objetos de desejo.

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Plástico de maconha?

Pois acredite se quiser. O bioplástico de maconha — ou melhor, de cânhamo — não é imaginação, é realidade. Na verdade, ele é bem melhor do que a nossa realidade atual por inúmeros motivos. Afinal, estamos nos acabando em microplásticos.

O plástico pode ser feito através da celulose, e o caule do cânhamo, por ser composto por até 85% de celulose, é indicado como o material perfeito para nos livrar dos derivados de petróleo. O bioplástico de cânhamo lida com a maioria dos problemas de plástico convencional:

O material é reciclável;

Se não for reciclado, se biodegrada em seis meses;

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Não é tóxico;

Sua produção não está associada à extração de combustíveis fósseis.

Além disso, o bioplástico de cânhamo supera o polipropileno comum em termos de resistência. É 3,5 vezes mais potente, além de muito mais leve! Por essas e outras que estudiosos o apontam como “o futuro do plástico”.

Você já pode repetir com a gente: tudo que é feito de plástico pode ser feito de maconha.

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(Redação/Arte)

Maconha de comer!

Não é para mastigar o beck, não: no mundo dos comestíveis canábicos, ou edibles, o que não faltam são opções de delícias feitas com maconha. Em países ou estados onde a planta é legalizada, os produtos alimentícios se tornaram um mercado bastante amplo, que vai desde empresas que fazem gummies (aquelas balinhas de gelatina que a gente a-d-o-r-a), cookies, brownies, bolos e todos os tipos de delícias imagináveis. Hoje, já existem até mesmo chefs especializados em cozinhar com canabinoides e combinar os terpenos e sabores da comida com o da nossa plantinha amada.

Já existe até série sobre isso. A Netflix produziu a Cooked With Cannabis, que é basicamente um Masterchef da chapadeira! O programa mostra diferentes chefs canábicos fazendo suas próprias extrações e criando pratos muito loucos para deixar os jurados no brilho.

Mas isso também vem com seus problemas.

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Desde que os comestíveis canábicos foram regulamentados e passaram a ser vendidos em dispensários, alguns tipos de problemas foram relatados. Pacientes que aparecem em emergências hospitalares após a ingestão de alimentos apresentam mais sintomas psiquiátricos e cardiovasculares do que aqueles que fumam ou vaporizam maconha, de acordo com um novo estudo da Escola de Medicina da Universidade do Colorado.

A gente acredita que fortalecer todas essas indústrias depende, primeiro, de fortalecer o acesso à informação de qualidade. Afinal, nada melhor do que um consumidor bem consciente para fazer com que os negócios canábicos decolem — inclusive por aqui.

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