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Elástica recomenda: homenagens, rebeldia e pós-apocalipse

Um tributo à artista britânica Sophie, um podcast que te ensina a fazer qualquer coisa e séries para se distrair (ou ficar com uma pontinha de medo)

por Redação Atualizado em 4 fev 2022, 17h53 - Publicado em
4 fev 2022
00h52

Nem acreditamos que as recomendações do nosso time finalmente voltaram! Em janeiro, tivemos alguns Recomendas especiais – fizemos uma seleção da 25ª Mostra de Cinema de Tiradentes e listamos sete séries com protagonismo trans para comemorar o Dia Nacional da Visibilidade Trans. Agora, junto com o início de fevereiro, voltam as nossas dicas sobre o que fazer, assistir, ouvir, ler e aproveitar no final de semana. E, hoje, começamos com uma série em que qualquer semelhança (assustadora) com a realidade não é mera coincidência. Station Eleven fala sobre a vida depois de uma pandemia mortal que dizimou quase toda a população do planeta Terra. Avisando desde já para não dar gatilho!

Mas como não queremos pesar o clima, também tem uma homenagem para a cantora britância Sophie, morta há pouco mais de um ano, que deixou saudade para os fãs de pop. Também tem um review rápido sobre a volta de Rebelde, um podcast que te ensina a fazer praticamente qualquer coisa (!) e um canal no YouTube com trilhas sonoras perfeitas para RPG e outros jogos, um universo incrível de produtores musicais e bandas de todo o mundo, dos trevosos aos bardos de outras eras, das cantigas de natureza até ambientações sombrias para histórias de terror. Então, como diria o melhor amigo dos motoristas: tudo pronto, vamos?

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(Station Eleven/HBO Max/Reprodução)

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Station Eleven
Como seria o mundo se um vírus tivesse dizimado praticamente toda a população humana da Terra? Como reconstruir e repovoar um planeta? Mais do que isso: será que um evento de extinção em massa seria a oportunidade perfeita para repensar conceitos como o capitalismo ou os poucos sobreviventes ficariam ainda mais cruéis e gananciosos com o pouco que sobrou? Qualquer semelhança com a realidade pandêmica que vivemos hoje – em escala bem menor, é preciso dizer – não é coincidência. Essa série da HBO Max, que estreou no dia 16 de dezembro do ano passado e tem 10 episódios, mostra a realidade das pessoas que sobreviveram a esse vírus mortal 20 anos depois do “fim do mundo”, mesclando cenas do presente e do passado dos personagens para construir um roteiro bem amarrado e, por vezes, emocionante. 

O núcleo principal é uma trupe itinerante de músicos e atores, que levam arte e alegria para os pequenos vilarejos que se formaram depois do colapso das grandes cidades. Aqui, uma menção honrosa ao figurino, com roupas construídas a partir de luvas de goleiro ou pernas de calças jeans, uma coisa menos Mad Max e muito mais vida real.

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Baseada no best-seller homônimo de Emily St. John Mandel, Station Eleven tem diálogos que fazem pensar e surpreendem pela delicadeza, mostrando que, em um cenário pós-apocalíptico, não só a sociedade como conhecemos pode acabar, mas nossa humanidade também. É uma visão bem menos fantástica e sci-fi do que as séries e filmes de zumbis, o que torna tudo assustadoramente mais possível. Se você não acredita em mim, acredite, então, nos críticos do Rotten Tomatoes, que avaliaram a série com 98% de aprovação: “Station Eleven recompensa os espectadores pacientes com uma afirmação perspicaz e tematicamente rica de que – mesmo no pós-apocalipse – o show deve continuar.”

Elástica recomenda: homenagens, rebeldia e pós-apocalipseElástica recomenda: homenagens, rebeldia e pós-apocalipseElástica recomenda: homenagens, rebeldia e pós-apocalipseElástica recomenda: homenagens, rebeldia e pós-apocalipseStation Eleven, na HBO Max

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(Dungeon Synth Archives/Arquivo)

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Dungeon Synth Archives
Desde que começamos a trabalhar em nossas casas, a música voltou a ocupar um grande espaço na minha vida. Passo o dia todo com o som ligado. Com a correria dos dias, é difícil ouvir canções com letras, acabo ficando com a cabeça bagunçada. Por isso, fui a fundo no universo dos sons instrumentais. Meu algoritmo do YouTube é tão bem treinado que pula de new ages japoneses a hard bops norte-americanos com facilidade. Acontece que eu sou nerd, e meu algoritmo também é treinado para encontrar coisas sobre jogos de videogame e RPG.

Foi numa dessas que cai pela primeira vez no canal Dungeon Synth Archives, dedicado a reunir discos feitos por grupos que denominam seus estilos como: Dungeon Synth (é claro), Dark Ambient, Horror, Fantasy Ambient, Medieval Ambient, entre muitos outros. É um universo incrível de produtores musicais e bandas de todo o mundo, dos trevosos aos bardos de outras eras, das cantigas de natureza até ambientações sombrias para histórias de terror.

Com cada vez mais gente jogando mesas de RPG old-school em formatos online, canais como o Dungeon Synth Archives são ferramentas poderosas para ajudar a criar o clima perfeito para o mestre e os players. Não só isso, é um repositório de seleção impecável de músicas que talvez você nunca fosse conhecer.

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Elástica recomenda: homenagens, rebeldia e pós-apocalipseElástica recomenda: homenagens, rebeldia e pós-apocalipseElástica recomenda: homenagens, rebeldia e pós-apocalipseDungeon Synth Archives, no Youtube

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(How to/Reprodução)

laís

How to!
Nesse podcast, alguém pede ajuda semanalmente para fazer uma coisa que parece muito difícil e a equipe vai atrás de um especialista que possa ajudar. Já teve de tudo: pastor que queria ser mais bem-humorado, mãe que perdeu o contato com o filho e gostaria de retomar a relação, pessoas que querem ter mais energia depois do almoço, gente com cachorros descontrolados ou famílias anti-vacina… Normalmente, mesmo que você não se reconheça no problema da vez, algumas pérolas ficam e a jornada é leve e divertida, mesmo nos tópicos mais pesados. 

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(Sophie Xeon/Reprodução)

joão

SOPHIE
Meu primeiro recomenda do ano é uma saudade e uma homenagem. Dia 31 do mês passado, completou-se um ano da morte inesperada da DJ, produtora e artista completa Sophie Xeon. Me lembro exatamente quando o Alê, colega de redação, me enviou a notícia da tragédia e eu li semi-acordado e perplexo em um domingo de manhã.

A artista havia sofrido um acidente fatal ao ir admirar a lua cheia em uma trilha de madrugada, em Atenas. Só me toquei realmente da importância de Sophie para mim nesse momento. Foi um sentimento muito estranho perder alguém que foi tão valiosa na minha vida sem que ela nem soubesse. Acredito que esse tenha sido um sentimento dividido entre todes que eram fãs e escutavam Sophie. Ela transformou para sempre a música pop, aproximando-se ainda mais da música eletrônica e experimentando tudo com fofura, estranheza e liberdade. A primeira mulher trans a ser indicada ao Grammy cunhou um novo gênero musical – o Hyperpop – e também trabalhou com Madonna, Arca, Rihanna, Charli XCX e outras grandes artistas. 

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Por isso, minhas recomendações, além da sua discografia instigante, são algumas. A primeira é uma entrevista de 2018 de  Sophie para o canal de TV Tracks em que ela resume muito de sua visão artística, seus processos de criação e sua identidade. 

PS: Tem uma carta escrita após a sua morte por um de seus amigos mais próximos, criador do selo PC Music e também produtor, A. G. Cook que é um belo – e triste – retrato da amizade deles. Outra entrevista interessante foi a de Vince Staples sobre a amizade dos dois em que ele descreve Sophie como “muito única, muito luminosa e incrivelmente destemida”. Gosto muito de ver como amigos se expressam sobre amigos, há algo muito genuíno e humano nessas relações, garanto que depois de ler você vai querer mandar mensagem pras amigas chorando e dizendo “te amooo”. 

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Espero que Sophie seja pra sempre celebrada. Me lembro dela em toda noite de lua cheia <3

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(Rebelde/Divulgação)

bia

Rebelde
Pode tirar a gravata do armário e desempoeirar aquele pôster que eu sei que você ainda tem porque a primeira temporada de Rebelde chegou na Netflix. Calma! Esse não é um remake, mas uma continuação da novela mais amada entre os jovens dos anos 2000. Em vez de Roberta, Miguel, Diego, Lupita e Giovanni, acompanhamos a saga de oito adolescentes que querem ganhar o concurso de música do colégio Elite Way School. 

No novo elenco, a atriz brasileira Giovanna Grigio brilha com um espanhol perfeito e muito estilo interpretando a popular Emília. Já Lizeth Selene, que dá vida a baterista Andi, ganhou os corações do público pela personalidade forte e looks memoráveis. Além de rever a injustiçada Celina como diretora, outro ponto positivo da narrativa é a diversidade: atores e personagens LGBTQIA+ finalmente foram escalados (mas podem chamar mais, porque ainda é pouco).

O sentimento que a série nos traz do começo ao fim é a nostalgia. Em todos os episódios, lembramos das músicas, das cenas e de amores antigos por meio das referências. Por aqui, já estou esperando a segunda temporada e decorando as letras das novas canções.

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🥠  biscoito da sorte 🥠

Ser nerd é bom demais.

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