Tags Relacionadas
artistas
“A Hora da Estrela”: um retrato duro e delicado da invisibilidade social
Macabéa busca felicidade em São Paulo, mas o destino cruel a transforma em estrela apenas no instante final de sua vida.

Continua após publicidade
Lançado em 1985, o filme A Hora da Estrela, dirigido por Suzana Amaral, é uma das mais fiéis e potentes adaptações da obra de Clarice Lispector. A direção sensível e a atuação memorável de Marcélia Cartaxo, no papel de Macabéa, transformaram a produção em um marco do cinema brasileiro.
Macabéa, uma jovem alagoana que migra para São Paulo em busca de oportunidades, é retratada em sua simplicidade, ingenuidade e invisibilidade diante de uma cidade que não a enxerga. Amaral constrói a narrativa com rigor realista, acompanhando os pequenos gestos da personagem: sua solidão, sua fome de afeto e sua crença quase infantil em um futuro melhor.

O filme não se furta a mostrar a dureza dessa existência. Em certo ponto da trama — e aqui cabe um breve spoiler — Macabéa acredita finalmente encontrar o caminho da felicidade, mas o destino lhe reserva um desfecho cruel, que dá sentido ao título: é somente na tragédia que ela se torna protagonista de sua própria história.
Mais que um drama individual, A Hora da Estrela escancara a desigualdade social e a indiferença de uma metrópole com seus excluídos, tornando-se uma crítica atemporal sobre o Brasil que insiste em esquecer os invisíveis.
Publicidade