“Será que consigo chegar até sexta-feira com vida?” foi o meme que circulou nesta semana no Twitter e, sinceramente, nos representou bastante. Acho que todos nós estamos vivendo semanas cheias – de trabalho, de notícias, de preocupações. Claro, sempre há as boas notícias, mas continuamos numa pandemia e estamos todos exaustos. Por isso mesmo, relaxar, desanuviar, pensar e fazer outras coisas são de suma importância para nos mantermos no eixo. Preparamos, aqui, uma lista de dicas para abrir a cabeça durante o fim de semana. Gosta de animação? Temos. Quer saber como aquela música que não sai do repeat foi feita? Contamos. Tá querendo aquela dica de série que você com certeza vai gostar? Aqui embaixo. Confira nossas dicas da semana.
Elástica recomenda: aprender, dançar e esvaziar a cabeça
Animações, documentários, séries, álbuns eternos e canais do YouTube para tirar o tédio do seu fim de semana
alê
White Lotus
Provavelmente, alguém da sua bolha já te recomendou essa série essa semana. No último domingo, foi ao ar o último episódio e, depois de assisti-lo, só fiquei com mais certeza de que essa seria minha indicação da semana. White Lotus é uma série que acompanha a estadia de algumas famílias brancas milionárias americanas durante uma semana. O resort White Lotus, no Havaí, hospeda essas famílias e tem um staff composto por locais, pessoas negras e pessoas LGBTQIA+. É tudo meio esquisito, às vezes constrangedor, e a série é desconfortável de assistir durante boa parte dos seis episódios. Desconfortável porque causa um sentimento de vergonha alheia ao escancarar alguns comportamentos da branquitude e mostrar, de forma irrefutável, o que é e como funcionam os privilégios. A trama evidencia alguns comportamentos patéticos da elite e também as opressões que elas proporcionam aos trabalhadores, pertencentes a minorias. Mas tudo isso é feito com humor, em paisagens maravilhosas do Havaí e com uma trilha sonora impecável – destaque para algumas músicas que lembram canto gregoriano e, de alguma forma, fazem perfeito sentido nas cenas em que estão presentes.
Bônus: um dos personagens é interpretado pelo Murray Bartlet, que eu acho possivelmente o homem mais lindo do mundo.
White Louts – Trailer (2021) – HBO Max
Generation Hustle
Infelizmente, a gente que é brasileiro está acostumado a ouvir histórias mirabolantes de golpes, esquemas de corrupção e enredos surreais para enganar os outros. Mas essa série documental mostra que, no mundo inteiro, a indústria dos golpes pode ser sofisticada, milionária e muito, mas muito curiosa. E, ao contrário do que diz a música, não cai apenas quem quer no golpe. Generation Hustle mostra, em episódios independentes, histórias reais de artimanhas que envolvem mudanças de país, corporações bilionárias – como o WeWork – e millennials. O primeiro episódio já mostra uma coisa que, para todo mundo que trabalha no mercado criativo, é muito comum: aquele frio na barriga de propostas freelancers que parecem boas demais para ser verdade. Vale o play.
Generation Hustle – Trailer (2021) – HBO Max
• • • • •
artur
The Rainbow Goblins
O boom causado pelo lançamento do Walkman, em 1979, popularizou a música no Japão. As vidas agitadas das pessoas passaram a ter uma trilha sonora que fosse fácil de ouvir na rua, no metrô, no caminho para o trabalho ou para casa. Longe da erudição, e cada vez mais influenciada pelos ocidentais, a música japonesa inaugurou um pastiche de gêneros que misturava o R&B, o funk e o rock. Chamado de City Pop, o estilo inha até mesmo letras em inglês. Entre os expoentes do City Pop, Masayoshi Takanaka foi um dos maiores guitarristas, um cara que bebeu inclusive na fonte da música brasileira, com um estilo de tocar que lembra Pepeu Gomes, e que lançou um disco chamado “Saudade.” Em 1981, Takanaka lançou “The Rainbow Goblins”, uma viagem de ácido pesada que acaba de completar 40 anos. Trata-se de uma homenagem ao livro infantil italiano de mesmo nome, pintado pelo italiano UL de Rico – também claramente produzido sob efeito de LSD.
Em tempo: O YouTube tem um canal foda com diversos discos de Ambient japonês na íntegra. Se chama Should be asleep, e é isso mesmo. Bom para aqueles momentos em que você precisa desacelerar ou desligar. Um registro incrível dos primeiros experimentos da new age no país asiático, quando a música eletrônica era muito mais difícil de se fazer.
• • • • •
laís
ODDTAXI
Uma morsa motorista de táxi num mundo habitado por animais antropomórficos acompanha um caso de polícia em que foi envolvido por acaso. O anime tem 13 episódios e um final surpreendente que estava na nossa cara desde a abertura. A história é muito mais efetiva porque é um anime e dialoga com toda uma tradição de desenhos-de-pessoas-bicho que povoou a minha infância, apesar de ter personagens com bem mais nuances que as tartarugas ninja.
ODDTAXI – Opening | ODDTAXI
AnomaLisa
O filme de Charlie Kaufman é outro exemplo de história que é melhor por ser contada no formato em que foi feita – uma animação stop-motion. A trama se beneficia da estética da animação quadro a quadro, fragmentada e um pouco estranha, fugindo do lugar-comum que liga a técnica ao público infantil. O personagem principal do longa é um escritor babaca famoso que se depara com uma mulher, Lisa, que prende sua atenção, uma anomalia – AnomaLisa.
ANOMALISA – Trailer (2015) – Paramount Pictures
• • • • •
joão
Duda Beat – Por Trás da Música
Com título em homenagem a um momento icônico da Thalia (<3) no Programa do Gugu, Duda Beat lançou seu segundo álbum de estúdio em 2021 intitulado Te Amo Lá Fora. Diferentemente do seu álbum de debut Sinto Muito, os novos visuais e sonoridades se encontram em lugares mais obscuros e misteriosos – sem perder o sentimentalismo exagerado que já é marca registrada. Muito synth cremoso e batidinhas ótimas como seu sobrenome promete envolvem um álbum que é um dos meus favoritos do ano – as que não saem do repeat são: “Meu Pisêro”, “Tocar Você” e “Decisão de Te Amar”.
Contudo, minha recomendação é pra quem gosta de entender um pouco mais sobre produção musical mesmo sem tocar nenhum instrumento ou conhecer qualquer interface de programas de edição de aúdio, como eu. Desde a primeira vez que ouvi o álbum, a mistura única de gêneros e estilos me chamou muita atenção e, ao que tudo indica, Duda me ouviu e resolveu explicar como tudo aconteceu. Há três dias, a cantora postou em seu canal no Youtube um vídeo de quarenta minutos conversando com os produtores Lux & Tróia sobre todo o processo de criação de “Nem um pouquinho” seu último single.
P.S.: Aproveita que já é sexta e faz um drinkinho pra ouvir o álbum e dançar dentre de casa mesmo enquanto não dá pra amar lá fora.
• • • • •
kareen
Chave Quinze
Ocupar e vivenciar espaços em grandes centros urbanos, principalmente de bicicleta, é impensável para muitas mulheres até hoje. A violência no trânsito e o assédio são fatores determinantes, além da cultura da bike ser majoritariamente masculina. Há mais de uma década, grupos de pedais femininos vêm quebrando essa lógica e abrindo caminho, como o Pedalinas, um dos primeiros de SP, organizado pela cicloativista e mecânica Talita Nogushi.
Foi lá que ela conheceu Gabriela Kato e, juntas, em 2015, lançaram o primeiro vídeo deste canal, um espaço dedicado a mulheres falando de bike. São vídeos de todo tipo de reparo, de forma descomplicada (você encontra playlists por tema: marcha, freio, gancheira), além de tutoriais, ferramentas, dicas e reviews de produtos. Quer comprar uma bike e não sabe por onde começar? Tem. É nerd e quer dicas de leituras ou de games? Tem também. Elas ainda trazem minas inspiradoras do mundo da bike para bate-papos sobre cicloviagem, ciclismo de estrada, mtb, etc.
Esse é o espaço para nós. É dar o play, aprender a trocar pneu e depois se aventurar.