manhã desta sexta-feira, 25 de junho, amanheceu fria lá fora, mas com estreia boa que esquenta o coração. É que, a partir de hoje, a série Manhãs de Setembro, produção original brasileira da Amazon Prime Video, finalmente está disponível em mais de 240 territórios. Dirigida por Luis Pinheiro e Dainara Toffoli, com a ideia original de Miguel de Almeida, a série conta a história de Cassandra – interpretada por Liniker, primeiro trabalho da cantora como atriz de cinema –, mulher trans que, depois de 30 anos, dois meses e 19 dias, finalmente consegue alugar sua própria quitinete no centro de São Paulo. O dia, muito especial, acaba tendo uma reviravolta surpreendente: é também a data em que Leide (vivida pela impecável Karine Teles), figura do passado de Cassandra com quem ela ficou por apenas uma noite, aparece em sua porta com Gersinho, um garoto de 10 anos, filho que Cassandra nunca soube que tinha.
A primeira coisa a se dizer sobre a série, que tem apenas 5 episódios, é que o gosto de “quero mais” só aumenta à medida que você devora os capítulos. Em um contexto em que o público está acostumado a consumir histórias de pessoas LGBTQIA+, em especial sobre pessoas trans, pautadas pela narrativa da transição, da violência e da superação, Manhãs de Setembro destoa dessa linha ao trazer um enredo que fala sobre autonomia, independência, família, amor e afeto. “Enquanto pessoa trans e preta, assisto esse conteúdo e aprendo que é possível ser quem eu sou. A gente tem a saúde mental muito complicada, especialmente nos dias de hoje. Ter uma representatividade pautada por afeto, família e amor traz esperança, algo que a gente precisa como sociedade”, explica Alice Marcone, uma das roteiristas por trás da história de Cassandra. “Isso é importante não só para pessoas trans e pretas, mas para a sociedade como um todo. Essa série vai chegar nos lares do Brasil e do mundo trazendo realidades que sempre foram muito marginalizadas, excluídas. Ao construir uma ideia de família e de afeto, que se relaciona com a sociedade como um todo, a gente cria inclusão, transforma o mundo a partir disso.”
“Enquanto pessoa trans e preta, assisto esse conteúdo e aprendo que é possível ser quem eu sou. A gente tem a saúde mental muito complicada, especialmente nos dias de hoje. Ter uma representatividade pautada por afeto, família e amor traz esperança, algo que a gente precisa como sociedade”
Alice Marcone, roteirista
O diretor reforça a fala de Alice e completa, afirmando que a intenção sempre foi levar a discussão e a representatividade para pessoas trans para um novo lugar, uma evolução da pauta. “Além disso, ter uma protagonista preta e trans nesse momento obscuro de extrema direita também é importante. Nosso presidente barrou grana de cinema para projetos como esse. Os streamings como a Amazon Prime Video nos dão liberdade para propor a personagem que a gente quiser, e isso valida esse afeto”, pontua Luis.