uando analisamos a história da arte, percebemos que as mulheres estavam sempre nos bastidores. Eram representadas pelo olhar masculino, ou precisavam do pai ou marido para assinar suas próprias obras. Até hoje, isso reverbera, já que elas não ocupam nem metade do espaço dos museus quando comparadas aos homens.
Em 2017, o coletivo artístico Guerrilla Girls, que luta por mais inclusão de mulheres na arte, realizou uma pesquisa no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MASP) e apontou que 60% dos nus de seu acervo são de mulheres, enquanto as obras de autoria feminina constituem apenas 6%. Como forma de reparação, o local abriu as portas, em 2019, para duas mostras com trabalhos feitos exclusivamente por elas: “Histórias das Mulheres” e “Histórias Feministas”. Nesse mesmo caminho, a Pinacoteca do Estado de São Paulo promoveu a exposição “Mulheres radicais: Arte latino-americana 1960-1985”, que apresentava trabalhos de 120 artistas, entre elas as brasileiras Lygia Clark e Lygia Pape.
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Para que a inclusão não pare por aí, a curadora e publicitária Marina Bortoluzzi, que também é uma das fundadoras do Instagrafite, criou o projeto Women on Walls, que funciona há dois anos como um programa de capacitação para mulheres artistas. “Ao perceber a falta de igualdade de gênero nesse meio, senti que precisava fazer algo para que elas tivessem mais visibilidade”, conta Marina à Elástica. “Passamos por diversas situações de machismo no cotidiano e ficamos fora do circuito. Assim, a solução que encontrei foi eu mesma criar novos circuitos.”
Inicialmente, estavam programadas as aulas presenciais em São Paulo, mas por conta da pandemia, foram migradas para o espaço digital via Zoom e com transmissão ao vivo pelo Youtube. Entre os assuntos abordados estão feminismo, ancestralidade e técnicas de trabalho. As professoras, por sua vez, têm uma vasta experiência na área: há nomes como Hanna Lucatelli, Criola, Nina Pandolfo, Carollina Lauriano e Mag Magrela.
“Passamos por diversas situações de machismo no cotidiano e ficamos fora do circuito. Assim, a solução que encontrei foi eu mesma criar novos circuitos”