Se você é brasileiro, muito provavelmente você vive colado no celular. Não apenas porque, todos os dias, o desgoverno, a CPI da covid e outros absurdos que aparentemente só acontecem no Brasil pipocam na tela do seu smartphone, mas porque o brasileiro não costuma ter muitos limites mesmo – e os dados comprovam. De acordo com dados da pesquisa Global Mobile Market Report, feita pela consultoria Newzoo, o Brasil é o quinto país no mundo com maior número de smartphones – um total de 109 milhões de aparelhos, o equivalente a mais da metade da população.
Junto com a comodidade de ter aquela comprinha online, a conversa com o/a crush, o mapa pra chegar em casa e as redes sociais – tudo à distância de um toque –, vem também mais uma ameaça para a nossa saúde mental. Isso porque muita gente tem sentido uma angústia, ou até um medo, meio inexplicável de ficar longe do celular. Batizado de nomofobia, ou no-mobile, esse fenômeno vem crescendo rápido e é mais uma camada da dependência digital que há algum tempo muita gente tem notado – em si mesmo ou nas pessoas próximas. A Digital Turbine, empresa de desenvolvimento de apps e marketing digital, divulgou dados mostrando que 20% dos brasileiros não passam mais do que 30 minutos por dia longe do celular. Parece assustador ou estranhamente familiar? Ou os dois?
Além dos avanços tecnológicos que não param, a pandemia também contribuiu – e muito – para o aumento da nomofobia por aqui. O estudo da plataforma de mídia revela que 92% dos brasileiros compram online e, desse percentual, 30% intensificou esse hábito desde que a covid-19 chegou no país. Isso ajudou muito a gente a ficar em segurança durante os piores momentos desse período, mas nem tudo são flores quando boa parte das nossas relações fica restrita à tela de um dispositivo.
“Aparelhos celulares com as mais altas tecnologias surgem todos os dias e isso só reforça uma necessidade de estar sempre perto deles, pois ali se resolve tudo: trabalho, estudos, entretenimento e compras. Por isso, quando nos percebemos distante dele é como se deixássemos de viver ou de estar conectado com o mundo”, explica o professor de psicologia Davi Alves, da faculdade Pitágoras.