Juçara Marçal: entre picotes, processos e parafernálias
Disco novo da artista carioca chega quebrando literalmente tudo
por Debora PillAtualizado em 29 set 2021, 10h50 - Publicado em
28 set 2021
21h56
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adeiraadaaa!
Irrompe em nossa existência terrestre Delta Estácio Blues, segundo disco solo – porém coletivo – de Juçara Marçal, artista imensa que dialoga com nossos tempos atuais com maestria extraterrestre. Intenso e profundo, entre inúmeras investigações, provocações e possibilidades, o álbum celebra, através de quintais, samples e synths, o poder dos encontros. É gente, fio e tela por todo canto. E a mais avançada das tecnologias está justamente na costura disso tudo. Todo punch, pitch e pow é trançado com harmonia celestial. Ou seria subterrânea?
Do colo doce das águas calmas até a queda brusca da cachoeira, Juçara e sua turma imprimem vivências de cores distintas numa sonoridade que abarca tudo. Sin perder la fuerza y la ternura, jamás. E através dessa maré sonora que conduz o álbum como um todo, você sente a poesia e a personalidade de cada feat muito presentes. Assim que você dá o play, paisagens de um maracatu – meio abstrato, claro, senão não seria Juçara – já atravessam seus poros. Um tico depois, Bide, Baiaco e Ismael Silva, embalados por uma cuíca psicodélica, puxam uma páia com Robert Johnson. Virando a esquina, uma flor bate sua carteira com graça e sai dançando por aí, deixando um rastro de glitter.
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Ofuscade pelo brilho do brocal, você cai num buraco e corre por passagens secretas. Ali no subterrâneo, assiste a surra que uma fêmea selvagem e acesa dá num macho branco cis. Você mergulha numa calha suja e cai no meio de uma multidão, ao som de beats carnavalescos, e sente o roçar de uma barba no seu cangote: “Oi cat!”. E a mulher barbada te transporta pra outra dimensão. Ali, poeira e poesia. Casa abandonada, melancolia e melodia melosa. Coração e carne viva. De repente, você sente seus poros se abrindo e um suor tomando conta do seu corpo. Num calor do Saara, você está rodeade por isopor, bóia, canga. Uma bolinha de frescobol cai na tua cabeça, já aturdida por caipirinha e ouvido entupido. Você respira fundo e é levade por uma corrente de água doce que te acolhe e renova. Renascimento.
“Tem isso de eu trabalhar muito com gente. De encontro. Todo meu trabalho é por aí. Então, na pandemia, você pode imaginar que foi muito susto, deprê. De não me entender nesse universo de telas. Mas você vai se adaptando, respondendo as demandas em função do que se tem”
Desafio e descoberta dão o tom na feitura de Delta Estácio Blues: o aprendizado de se descobrir fazendo, com muita gente e muita tela. No disco, Juçara ocupou, com essa fértil sabedoria do desafio-descoberta, seu espaço de multi-artista. Juçara-compositora atravessa a maior parte das faixas do álbum, com exceção das de Siba, Tulipa, Ogi, Tantão e Brigitte Fontaine. São paisagens e frequências costuradas em uma trança que atravessa dimensões e ganha formas indescritíveis. Um deleite libertário de viagem pelas brechas e processos. De se deixar atravessar por perguntas.
Do quintal de sua mãe em São Sebastião as areias de Bombino, passando por uma percussão e flauta de autor desconhecido na rede, Duke Ellington, o som da porta na casa do Kiko, Danny Brown, descarga da privada, está tudo ali. E Delta Estácio Blues já está rendendo muitos frutos: logo depois da turnê com trinta e um shows pela Europa em novembro e dezembro, ela lança em janeiro o EP com músicas de Alzira E, Jadsa e de sua própria autoria em uma parceria com Clima e Kiko.
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Tenho a alegria de te acompanhar há alguns anos, assim como os terrenos sonoros que se ampliam e a turma que se expande. Inspirada na cacofonia do disco, te convido a me trazer também detalhes dos processos de feitura do Delta Estácio Blues. Ah que legal! Vamos nessa.
Você sempre foi um ser coletivo. Conta um pouco das relações que atravessam a feitura desse disco no contexto da pandemia. Tem isso de eu trabalhar muito com gente. De encontro. Todo meu trabalho é por aí. Então, na pandemia, você pode imaginar que foi muito susto, deprê. De não me entender nesse universo de telas. Mas você vai se adaptando, respondendo as demandas em função do que se tem. Num primeiro momento, eu simplesmente respondia as demandas. “Tem uma trilha? Então aprende a mexer no Ableton Live pra fazer. E é isso”.
Aí você vai também entendendo como se encontrar com as pessoas. Então o disco, na verdade, é um disco de encontros virtuais. Com as pessoas que já faziam parte do rolê, como é que uma coisa que a gente sempre fazia todo mundo junto, pulsando junto? É muito computador, muita tela. Eu pedia pro Thiago gravar o sax daquela musica, ele mandava, e era isso. Mas funcionando dentro de uma linguagem, de uma sonoridade que você já conhece.
“É isso aí de você descobrir no fazer: tanto as possibilidades de construir sonoridades pra você cantar, como de mudar sua voz por conta do som que está rolando”
Eu já tinha proximidade com todas as pessoas de alguma forma. Era sempre alguém que, por algum motivo, a gente se encontrou em algum momento. O Paulo Santos, por exemplo, é um cara que foi assim. O Paulinho do Uakti. Ele participou de uma musica que vai fazer parte do EP que sai depois do disco. Adoro Uakti, e a ideia de chamar ele veio do encontro com o Paulo no som que a gente fez com a Sun Ra Arkestra que ele participou, eu vi o jeito dele tocar… E a gente se divertiu muito na turnê pelo interior de São Paulo. Foi muito uma coisa de tornar mais forte o contato que já havia sido estabelecido. Isso foi feito nesse processo pandêmico.
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O Catatau também, que já era próximo. A gente já tinha se encontrado em vários momentos mas não tinha feito um som juntos. Aí em “Lembranças Que Guardei”, do jeito que ele mergulhou na musica, ele acabou fazendo o arranjo inteiro! (risos). É engraçado porque foram criadas outras parcerias, sabe? Já sinto o Catatau como alguém que daqui a pouco vamos fazer outra história juntos, Paulinho a mesma coisa, então é todo mundo que já estava junto como o Rodrigo Campos, o Siba… É muito legal. Processos, né. A gente vai entendendo como funciona e fazendo a coisa rolar nesse bololô todo (risos).
É justamente os processos que me interessam! Pegando esse gancho, me fala das suas experiências como rainha dos botões, Tantão, etc. Isso. O Tantão é um ponto onde essas coisas foram surgindo. Não é que surgiram nesse disco agora. De novo, processos! Quando eu resolvi fazer o disco da Brigitte, foi bem aquele momento “Bom, do jeito que eu e Kiko pensamos em fazer esse disco, a certeza é que vai demorar!” (risos). Foi nesse processo que eu tive a ideia de fazer o show da Brigitte. A gente começou a pensar no disco novo em 2017 e o show da Brigitte Fontaine a gente fez em 2018. Bem ali no meio dessa história, descobrindo possibilidades, já brincando com eletrônicos, synths… Eu já estava brincando com eles em outros momentos, no improviso livre e tal. E, nesse show da Brigitte, era o Kiko tocando sampler, a Thaís Nicodemo no piano preparado e eu no synth e no pedal Voz Touch, que é um pedal digital que já possibilita brincadeiras. Inclusive a musica do Tantão é justamente esse pedal que eu uso pra usar uma voz gravíssima. No show era divertidíssimo porque as pessoas levavam um susto, de repente, do nada vinha um “Oi Cat!”.(em voz grave) (risos) Então é isso aí de você descobrir no fazer: tanto as possibilidades de construir sonoridades pra você cantar, como de mudar sua voz por conta do som que está rolando. Fui descobrindo isso nesse show da Brigitte.
Aí eu já tinha comprado a SP404, já tinha usado em alguns momentos e pra esse disco ela foi o brinquedinho master plus diamond. (risos) Porque a SP tem uma coisa muito rustica do ponto de vista eletrônica. Ela é dos primórdios… Até o jeito de você tocar, de apertar o botão, é tudo meio tosco. Acho até que um pouco da cacofonia do disco tem a ver com a coisa de ser esse sampleador e não o MPC que é mais sofisticado, tem mil outros recursos. Mas o que eu gosto da SP é que tem um som ótimo e também essa rusticidade. Você está trabalhando com eletrônico mas tem algo de selvagem nela (risos). Que eu acho interessante.
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“Acho que um pouco da cacofonia do disco tem a ver com a coisa de ser esse sampleador e não o MPC que é mais sofisticado, tem mil outros recursos. Mas o que eu gosto da SP é que tem um som ótimo e também essa rusticidade. Você está trabalhando com eletrônico, mas tem algo de selvagem nela (risos)”
Seguindo nos processos, conta um pouquinho das costuras sonoras através desses brinquedinhos todos. Uma Disneylândia dos botões, né? Eu ia gravando em casa: pegava o vinil, gravava um pedaço de um negócio. Daí isso virava um elemento que a gente ia colocar numa base x ou y. E isso que você falou da Disneylândia dos botõezinhos, teve esse processo que é um pouco mais usual, quando você pensa em montar no computador, cabos e fios e tudo vai pra base. Mas no processo de fazer o show que veio muito desafio e descoberta – como é que eu toco esses botões? Porque o synth, por mais que tenha o formato dos botõezinhos, as notas estão num teclado. Pra você tocar a SP, você tem que disparar um pad. E isso é um negócio! Como é que você faz isso de um jeito musical? Foi um aprendizado. Está sendo, na verdade. A gente gravou o primeiro show que vai ser de apresentação do disco e vai vir logo depois do lançamento. A gente vai lançar o disco dia 30 e, no dia 7, a gente faz a apresentação desse show que a gente gravou lá na casa Natura. E é isso. O show é aprender a tocar o disco (risos).
Como está a formação do show? Sou eu, Kiko, Cabral e a Alana Ananias. A Alana toca sampler e bateria, o Cabral baixo e synth, e eu e Kiko nos botões de sampler e synths. E o Kiko na guitarra também. Imagina! A base do Siba, por exemplo: tem uma parte na música que é o maracatu, ainda que quase abstrato, e tem todas as coisas que o Cadu trouxe de sonoridade. Quem toca o quê? Claro, as partes do baixo o Cabral toca. Mas a parte de sampler, quem toca o quê? Tinha até uma brincadeira que o Kiko fazia que era “Bom, vou fazer a feirinha do sampler” e colocava um doc com todos samplers e a gente ia escolhendo “Ah, acho que vou disparar esse”. Então é isso, eu disparava uns, a Alana outros e a gente na banda busca entender agora como isso se torna algo fluido, musical. Porque uma coisa é você gravar algo e isso se torna musical por todo o aparato tecnológico que você tem. Outra coisa é isso virar instrumento, você toca no vai da valsa, como se diz. (risos) Então é muito prazeroso! De novo descobrindo coisas pra aprender a fazer. Bem massa.
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E o banco de samples segue sendo atualizado? Sim, já está rolando! Por exemplo, na musica que tem participação do Thiago França, ela tem uma coisa africana, tanto de guitarra quanto de percussão, que quando a gente fez, dialogou de um jeito mais fluido na gravação. No show não temos o Thiago então os espaços abertos por não ter o sax já foram motivo pra eu ir lá e achar um negocinho do synth. Aí o Kiko também já virou um parque de diversão de possibilidades…
Uma coisa é você disparar do jeito que está na gravação e meio fazendo o reflexo disso. Outra é ali os quatro tocando junto e perceber “Opa, aqui nesse espaço eu posso tocar esse negócio aqui, vai compor de um jeito legal”. Então isso só começou! Foi só o primeiro show e já deu pra sacar que tem inúmeras possibilidades de tocar: de uma coisa que um estava fazendo começa a dobrar aqui, uma coisa que o Kiko estava fazendo no synth eu já sigo dobrando aqui e aí fazemos os dois… E aí ele faz metade, já virou… Já está no caminho, digamos (risos).
Fala um pouco do que alimenta esse banco de samples. Nossa Senhora! Difícil de falar! Muita coisa africana, guitarrinha do Bombino, percussão e outras coisas que a gente pegou na internet, de ouvir no You Tube e pensar “Nossa que legal essa flauta!”. Tudo quase no aleatório. Modo aleatório! De ir descobrindo, mesmo. De se propor ouvir. Por exemplo: a gente comprou uns dez discos no camelô da esquina ali perto de casa. Aí traz esses dez LPs e começa a ouvir. “Olha essa faixa que interessante!” “Nossa que legal esse som, o que será isso?” “Não sei mas é legal”. “Nossa, esse som de orquestra”. E assim vai. Tem coisas africanas que a gente já amava e ainda ama. E tem coisas que a gente descobriu, que a gente nem sabe direito o que é. E tem os discos que a gente tem em casa. Tem também coisa que a gente foi criando, mesmo: o Kiko pegava a guitarra ou o baixo e fazia uma linha. E isso virava uma coisa que fazia parte da própria base ou ia virar melodia como parte da canção. Teve uma época que eu pensei em dar um nome meio ALEA pro disco, porque era um processo meio aleatório o nosso. No final, eu desisti porque não dava conta! (risos) Mas tinha esse dado de aleatório que faz parte, de você se abrir pras possibilidades.
“No processo de fazer o show veio muito desafio e descoberta – como é que eu toco esses botões? Como é que faz isso de um jeito musical? Está sendo um aprendizado. O show é aprender a tocar o disco (risos)”
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Aqui na casa da minha mãe mesmo, eu estava no quartinho do fundo, fazendo a quarentena ano passado e fica bem do lado da lavanderia que tem uma torneira que fazia um barulho sensacional! Aí eu ia lá e gravava a torneira. (risos) “Olha que legal esse som! Vai servir.” Aí tinha o som da descarga da privada. “Nossa, que som legal!”. Ou na casa do Kiko o som da porta… “Grava o som dessa porta!” E tudo vira material. (risos) É muito rico, é um poço sem fundo de possiblidades. Porque você pega um som, você pode distorcer, mudar o pitch, colocar efeitos e virar outra coisa, é um universo gigante de frequências, de sons de paisagens, de colorido. E acho que o disco é um pouco a soma disso, dessas escolhas que foram feitas, dessas referências gigantes de tanta coisa. E a gente deu um jeito de concatenar tudo isso dentro de uma base. E aí essa base vai trazer esses coloridos todos, que é o colorido do quintal da minha mãe junto com o disco do Duke Ellington, que juntou com guitarra do Kiko com um efeito de voz que eu gravei… É um pouco disso tudo. A cacofonia vem dessa soma toda aí de coisas! (risos).
E imagino que vocês em turnê, viajando por aí, esse banco de samples vai ganhar muitas novidades. Total! Porque uma coisa é a gente ali, eu e Kiko pensando na história. Depois passa pro Renato Godoy que traz outra carga de informação. Aliás isso foi muito legal com o Renato, porque ele foi muito criativo na mixagem. Não foi simplesmente colocar no plano: ele interferia, a gente queria que ele interferisse. E foram sempre interferências incríveis, magníficas, as vezes a gente até se assustava! Eu lembro que a primeira que ele fez a Crash, eu estava muito acostumada com o som do bounce, que você grava, põe no computador, pra aprender a letra, ali, do jeito que foi gravada. E aí veio a mix e eu levei um susto “Socorro o que que é isso? Mudou muito! E ficou muito mais legal!”. Porque ele tira umas coisas e traz outras mais pra frente, muda os planos, e isso dá um outro corpo pra musica, e vai somando. E o Felipe Tichauer que fez a master, já dá um outro gás, põe a musica em um lugar de punch. Tem uma força que também é a máster que consegue dar, então foi muito esse processo de soma total. A distância, mas foi!
“A capa também foi isso, de ir descobrindo a medida que o trabalho ia surgindo. Eu tinha certeza que era pela foto que a gente iria chegar nela. Só não sabia como. A capa foi toda construída assim, de bate e volta com a Manu Eichner, abrindo a câmera, tomando café… É um trabalho incrível”
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Fala sua relação com a imagem nesse disco. Desde a capa magnificamente desconcertante de Crash feita pela Manu Eichner como o clipe absurdo da Ana Júlia Theodoro que atravessa a gente no estômago. Desde o começo eu pensava na Manu, justamente por ela ter essa coisa de juntar, de pegar texturas diferentes. Eu lembro da gente no meio da pandemia, eu fui visitar ela na Casa Liquida, ela estava lá experimentando coisas. Lembro de chegar, ver as coisas dela na parede e ficar muito impressionada com isso dela misturar texturas. Tinha a tinta forte, em cima da tinta o papel, o rabisco, um monte de informação que ela conseguia de alguma forma trazer pra uma imagem forte. Eu falei “Nossa! Acho que isso tem a ver com o disco que a gente está fazendo!”.
Então a gente já tinha as fotos da Aline, mas eu achei que chamar a Manu traria isso de juntar vários elementos numa imagem. Então todo trabalho foi nesse sentido. Foi bem rico de conversas o processo. Ela estava em São Sebastiao, eu fui lá, as fotos todas espalhadas pela casa, experimentando cores… Daí ela mandou uma primeira imagem, eu achei que não era aquilo. Processos, né? E foi muito louco, porque ela mandou essa primeira imagem e eu tive certeza do que eu não queria. E daí eu soube o que queria! Então foi isso, de ir descobrindo a medida que o trabalho ia surgindo. Eu tinha certeza que era pela foto que a gente iria chegar na capa. Só não sabia como. A capa foi toda construída assim, de bate e volta com ela, abrindo a câmera, tomando café… É um trabalho incrível
E você vê a Manu na capa também. Acho demais essas presenças que atravessam todo disco, do som a imagem. Sim. Você vê a personalidade da pessoa muito presente. E ao mesmo tempo é o disco Delta Estacio Blues. Eu canto a musica da Tulipa e ela está ali, quase na minha voz. Ao mesmo tempo está muito dentro da sonoridade do disco. Acho que as imagens também trouxeram isso. No caso da Ana Julia eu também achei que tinha tudo a ver! O registro dela, o jeito dela filmar, também é feito de picotes, imagens recortadas, tudo fragmentado, frenético. Tinha tudo a ver com Crash: a potencia que ela trazia nas imagens tinha a ver com a potencia das imagens que o Ogi construiu na letra. Então foi madeirada certeira!! (risos)
Te agradeço demais por mergulhar nas frestas do disco comigo. Adorei! Tudo isso faz parte da construção do disco. E muitas vezes por conta de um jeito de se levar a entrevista, essas coisas ficam de fora. Pra mim, também é muito legal falar desses detalhes bobos! (risos). Eles são muito a cara do disco.
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