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Bienal do livro: 3 perguntas para Conceição Evaristo

A linguista e escritora, que participa do evento, conta como os livros podem transformar o mundo

Por Beatriz Lourenço
Atualizado em 8 jul 2022, 14h03 - Publicado em 8 jul 2022, 13h47

O retorno presencial da Bienal Internacional do Livro, em São Paulo, está sendo um sucesso. Segundo a organização do evento, era esperada a venda de 600 mil ingressos mas, até o momento, mais de 1 milhão foram vendidos. Na programação deste ano há mesas temáticas, sessão de autógrafos e estandes de diversas editoras, como Companhia das Letras, Globo Livros, Rocco e Aleph.

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No local, os visitantes também encontram um espaço infantil e o Salão de Ideias, que traz grandes nomes para gerar discussões atuais sobre questões de relevância social e cultural – temas como biodiversidade, representatividade LGBTQIA+ e imigração estão em pauta. Portugal é o país convidado e a Bienal conta com uma lista de atividades especiais que reúne ​​escritores como Valter Hugo Mãe e Matilde Campilho.

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A escritora e linguista Conceição Evaristo participa de uma mesa com Itamar Vieira Junior neste sábado, dia 09, às 10h. Essa é uma oportunidade de conhecer sua produção literária, que é essencial porque mostra a realidade e valorização da cultura afro-brasileira, além de refletir sobre a ancestralidade e a memória. Pensando nisso, conversamos com a autora, que compartilhou a importância dos livros para a construção de um mundo melhor.

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Indique um livro para os nossos leitores?
Indico o que estou lendo no momento: Solitária, de Eliana Alves Cruz. Com maestria própria de quem sabe lidar com as palavras, a escritora nos apresenta uma obra contundente, que nos permite captar o tanto que a sociedade brasileira, ainda na contemporaneidade, é herdeira de posturas e visões arraigadas no poder da casa-grande. Duas personagens protagonizam a cena narrativa, exemplificando a luta de mulheres trabalhadoras domésticas na afirmação de seus direitos e na busca do reconhecimento de suas dignidades como pessoas. Ler esta obra é um exercício prazeroso e um necessário dever.

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Qual foi o melhor lugar que a literatura te levou?
Eu diria que o melhor lugar que a literatura me levou foi aos países africanos que tive oportunidade de conhecer um pouco: Moçambique, África do Sul, Senegal e São Tomé e Príncipe. Em cada um desses lugares, me bastava ver as pessoas no próprio hotel, entorno, nas ruas, para eu ter a sensação de que estava vivendo um reencontro. Era experimentar um sentimento de retorno ao primeiro lar, a uma casa antiga, cujas lembranças se conservam mal adormecidas na minha memória.

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Como os livros podem transformar o mundo? Como um livro transformou o seu mundo?
Não sei se os livros podem efetivamente modificar o mundo. Uma guerra pode, uma pandemia pode… E são acontecimentos que modificam o mundo para o pior. Dizem que a pandemia, nos colocando frente à frente com a morte, nos tornou mais humanos. Pergunto, será? Mas o livro, uma história lida pode modificar o mundo interior de quem lê. O livro pode ser um lugar de desaguamento de revoltas, de desespero, como também ser um lugar de construção de crença, de busca de solução, de encontro de esperanças para quem escreve e para quem lê. Uma personagem pode me fazer descobrir que somos iguais, me irmanando com as dores dela e das pessoas semelhantes a ela. O livro transformou meu mundo me ajudando a crer que a vida está para além do que aparenta ser.

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