As discussões de gênero têm se ampliado nos últimos anos, levando informações essenciais para promover uma sociedade mais empática e igualitária. Se você já se deparou com a sigla LGBTQIAPN+ e não soube o que o N significa, estamos aqui para te ajudar.
A letra se refere ao termo “não binário”, que representa cerca de 2% da população adulta brasileira de acordo com um levantamento feito em 2021 pela Faculdade de Medicina de Botucatu – FMB da Universidade Estadual Paulista (UNESP).
Mas, apesar de não ser uma luta nova, ela ganhou destaque no ano passado após Demi Lovato e Bárbara Paz declararem que não se identificavam como homem ou mulher. “Tenho orgulho de informar que me identifico como pessoa não binária. Dito isso, eu oficialmente vou mudar meus pronomes para They/Them”, escreveu Demi nas redes sociais. Aqui no Brasil, os pronomes neutros não fazem parte oficialmente da língua portuguesa, mas tem se convencionado usar “elu” ou “ile” para identificar pessoas não binárias.
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Antes de ir direto ao assunto, precisamos explicar o que é gênero e binaridade. Segundo o manual de diversidade da Diversity Bbox, o primeiro é um conjunto de representações, papéis sociais e comportamentos construídos socialmente a partir da diferença entre os corpos – que servem como indicadores culturais da identidade pessoal e social de alguém.
Já o segundo é usado para descrever a ideia de que existem apenas duas possibilidades: homem e mulher. Essas classificações são atribuídas no nascimento com base nos genitais e geram uma expectativa social de performance. Ah! E se você ainda não sabe, pessoas cisgênero são aquelas que que se identificam com o gênero que lhe foi atribuído ao nascer.
O que significa ser uma pessoa não-binária?
De acordo com o site LGBT Foundation, criado para aumentar a inclusão de pessoas LGBTQIA+ nos espaços sociais, pessoas não binárias sentem que sua identidade de gênero não pode ser definida dentro das margens do binarismo. Em vez disso, eles entendem seu gênero de uma maneira que vai além de simplesmente se identificar como homem ou mulher.
Algumas dessas pessoas podem se sentir confortáveis na comunidade trans por acreditar que esse é um espaço seguro para estar com outras pessoas que não se identificam como cisgênero, mas nem sempre é o caso.
Não-binariedade e gênero fluido é a mesma coisa?
Ainda segundo o LGBT Foundation, como o conceito de não binarismo inclui qualquer pessoa que não se encaixe na narrativa tradicional de homem ou mulher, as comunidades não binárias são incrivelmente diversas. Há possibilidades como: gênero queer, gênero fluido, agênero, gênero neutro, bigênero, pangênero, multigênero, intergênero, entre outros.
Isso quer dizer que há quem se identifique como homem e mulher ou nenhum dos dois. Além disso, elus podem sentir que seu gênero é fluido, ou seja, flutuam de acordo com os momentos de sua vida. A própria Demi Lovato declarou no último mês que voltou a se identificar com o gênero feminino. “Quando me deparei com a escolha de entrar em um banheiro e dizer ‘mulheres’ e ‘homens’, não senti que havia um banheiro para mim porque não me sentia necessariamente como uma mulher”, explicou. “Recentemente, tenho me sentido mais feminina, e por isso adotei ‘ela’ novamente”.
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Qual é a importância da linguagem neutra?
A forma como você se refere a alguém é uma demonstração de respeito e empatia – e sim, usar os pronomes corretamente tem a ver com isso. Se a pessoa está passando por um momento em que se identifica mais com o gênero masculino ou feminino, o melhor jeito de se referir é usado “ele” ou “ela”.
Via de regra, o ideal é apostar na linguagem neutra, já que ela é inclusiva e assegura a existência de todos os corpos. Quando a discussão sobre esse tema começou no meio virtual, a ideia era usar terminações como o @ ou o X. No entanto, isso não é acessível para pessoas com deficiência visual, já que alguns leitores tecnológicos não entendem as palavras escritas dessa forma, além de não ser factível na linguagem oral. A melhor opção, portanto, é inserir o artigo “e” no final das palavras e os pronomes ile/elu.
No mundo afora, o pronome “they” foi reconhecido pelo dicionário britânico Oxford Dictionary e pela editora norte-americana Merriam-Webster como a maneira de fazer referência a pessoas não binárias. Por conta disso, ele foi, inclusive, escolhido como a palavra do ano, em 2019. “Embora as pesquisas geralmente sejam motivadas por eventos no noticiário, o dicionário também é um recurso primário para obter informações sobre o próprio idioma, e a mudança no uso do ‘they’ tem sido objeto de crescentes estudos e comentários nos últimos anos. As buscas por seu significado aumentaram 313% em 2019 em relação ao ano anterior”, afirmou a publicação inglesa.
Glossário da inclusão
Já que ainda estamos todes aprendendo, você pode consultar este guia da Diversity Bbox se tiver dúvidas. Abaixo, veja alguns termos e significados que estão no glossário da inclusão:
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Binaridade de gênero: Termo usado para descrever a ideia de que existem apenas duas possibilidades: homem e mulher. Essas classificações são atribuídas no nascimento com base nos genitais e geram uma expectativa social de performance.
Cisgênero: Alguém que se identifica com o gênero que lhe foi atribuído ao nascer. Cisgênero é um termo que foi cunhado para poder diferenciar pessoas trans de pessoas cis.
Gênero: Conjunto de representações e papéis sociais e dos comportamentos e atributos socialmente construídos a partir da diferença entre os corpos, e que servem como indicadores culturais da identidade pessoal e social de alguém.
Identidade de gênero: Gênero com o qual uma pessoa se reconhece, que pode ou não estar de acordo com o gênero que lhe foi atribuído em seu nascimento.
Queer: Termo de variados significados. Já teve sentido pejorativo e hoje em dia pode ser utilizado como adjetivo, verbo (queering), substantivo, identidade, orientação afetivo-sexual e identidade de gênero (como na identificação gender queer ou gênero queer). Termo oposto à cis-heteronormatividade.
Transgênero: Termo guarda-chuva usado para descrever pessoas que não se identificam com o gênero atribuído no nascimento, como mulheres trans, homens trans e travestis, incluindo pessoas que ainda se identificam como transexuais (termo em desuso em muitos países) e também pessoas não-binárias/gênero não-conforme ou queer (termos que as pessoas que não são inteiramente homem/mulher ou masculinas/femininas usam para descrever sua identidade de gênero). “Trans” é a abreviação frequentemente usada.
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