uem mora na Inglaterra e possui mais de 16 anos de idade em 2021, poderá responder, voluntariamente, pela primeira vez na história do país, perguntas censitárias especialmente pensadas por aquele governo para conhecer a orientação sexual e a expressão de gênero do seu povo. O IBGE deles se chama Escritório para Estatísticas Nacionais (ONS, na sigla em inglês) e se preparou por 15 anos para esse momento. No Reino Unido, além da Inglaterra, o País de Gales também aplicará o mesmo questionário.
“Qual das opções a seguir melhor descreve a sua orientação sexual?”, diz a pergunta 26 do censo, deixando a pessoa escolher entre: (A) heterossexual, (B) gay ou lésbica, (C) bissexual ou (D) outra orientação sexual, sendo que neste caso há um campo em branco para ela se descrever como julgar mais apropriado. A pergunta 27 avança: “o gênero com o qual você se identifica é o mesmo do seu registro de nascimento?”, com as respostas (A) sim e (B) não, com espaço para que o cidadão diga qual é a sua própria expressão de gênero.
No Brasil, não vai ter nada disso. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) até foi provocado pela Aliança Nacional LGBTI+, no dia 25 de julho do ano passado, a tomar uma atitude quanto ao apagamento das lésbicas, gays, bissexuais, trans, travestis e intersex da principal pesquisa brasileira sobre o seu próprio povo. Questões simples, como as do censo inglês, terão que esperar mais dez anos para serem feitas. A população LGBTQIA+ paga impostos, mas é deixada de fora do censo. Deveria ser diferente, não?