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Lubrificantes canábicos: aprenda a fazer o seu

A maconha pode ser ferramenta perfeita para explorar sua sexualidade de uma maneira saudável e extremamente satisfatória. Vem entender melhor essa relação

por Girls in Green 14 fev 2022 23h06

A sexualidade e a maconha são dois tabus que têm muita história para contar – e que, quando unidos, podem trazer experiências intensas. Não acredita? Pois bem, existe muita ciência por trás disso: estudos mostram que mulheres que usam a cannabis antes do sexo apresentam aumento da libido, orgasmos melhores e menos dores e desconfortos durante o ato.

Toda essa magia levou uma infinidade de marcas a desenvolver lubrificantes canábicos, que prometem todo o borogodó da plantinha diretamente nos pontos que mais interessam.

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E não é de hoje que nós, seres humanos, observamos essa maravilhosa relação entre a cannabis e a saúde sexual e reprodutiva. Seus primeiros usos ginecológicos datam de aproximadamente quatro mil anos atrás, nas regiões do Egito e da Mesopotâmia. Depois, na Ásia e na África, mais textos detalham inúmeras receitas contendo sementes, flores, caules e extratos usados para a saúde feminina.

Hoje em dia, já sabemos que muitos dos usos, que vão desde as finalidades afrodisíacas até o alívio de cólicas menstruais, têm respaldo científico. Para te deixar por dentro de tudo isso, enchemos esse texto de informações importantes e, de quebra, vamos dar uma receitinha de lubrificante canábico para você fazer em casa e aproveitar todos esses benefícios.

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(Arte/Redação)

A ciência por trás dos canabinoides e do sistema reprodutor

Para entender a relação entre a maconha e o sexo, precisamos entender o nosso sistema endocanabinoide. Hoje, já sabemos que ele conta com uma série de receptores espalhados pelo nosso corpo a partir do sistema nervoso central, periférico e imunológico.

Dois tipos de receptores canabinoides são bem importantes: os receptores canabinoides 1 (CB1) e os receptores canabinoides 2 (CB2). Os receptores CB1 são altamente expressos nos tecidos do útero e outros órgãos não reprodutivos. Já os receptores CB2 são encontrados em vários tecidos, incluindo pulmão, intestino, pâncreas, pele e também do útero. Além de modular a dor, esse sistema tem papéis importantes na redução de inflamações e na promoção de um bom funcionamento do organismo como um todo.

Ao consumir maconha – de qualquer forma que seja – os canabinoides interagem com esse sistema através desses receptores, o que gera inúmeros efeitos e benefícios, como:

– Alívio nos sintomas da síndrome pré-menstrual e transtorno disfórico pré-menstrual. Descobertas sugerem que a nossa querida plantinha pode reduzir problemas de sono, irritabilidade e dor nas articulações e, portanto, desempenhar um papel útil em alguns dos sintomas associados à TPM ou TDPM.

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Ajuda em casos de menstruação dolorosa ou dismenorreia. O CBD é conhecido por relaxar os músculos e ajudar com espasmos musculares, podendo auxiliar especialmente quem sofre com fortes cólicas durante o período menstrual. O grande foco é no CBD, mas o THC também pode desempenhar um papel importante ao potencializar os efeitos do CBD.

Tratamento da endometriose. Estudos apontam que pacientes com endometriose têm níveis mais baixos de receptores CB1 em seu tecido uterino, e menos receptores e ativação diminuída desses receptores podem levar ao agravamento da dor. Portanto, aumentar a ligação a esses receptores é importante, e isso torna a maconha uma opção de tratamento incrível.

Diminuição de dores pélvicas crônicas (ou DPC). Uma investigação científica de 2018 apoia o uso de cannabis para ajudar pacientes com DPC que não responderam às opções de tratamento padrão. Os pesquisadores concordam que, por ser uma opção eficaz para tratar a dor crônica, a plantinha pode ser uma opção segura para pessoas que lutam contra o distúrbio.

Redução dos sintomas da menopausa. Muitas pessoas com sintomas relacionados à menopausa também relatam benefícios com o uso da maconha. Um estudo baseado em pesquisa realizado em 2016 descobriu que ela alivia problemas de sono, irritabilidade, depressão e dores nas articulações.

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(Arte/Redação)

Foco na sexualidade

Além de ajudar em todas as situações mencionadas acima – o que, por si só, já pode promover a saúde sexual de muitos pacientes em situações desconfortáveis –, a maconha ainda se mostra extremamente benéfica para quem deseja potencializar seu prazer.

Quem já experimentou esse tipo de produto conta que ele ajuda a aumentar o apetite sexual, mas existem evidências de que essa qualidade afrodisíaca não é apenas um efeito colateral do relaxamento ou mesmo da chapadeira. A aplicação direta de canabinoides na vulva provoca esse engrandecimento sem apresentar efeitos psicoativos perceptíveis, e a gente vai explicar melhor o motivo.

Quando você experimenta excitação sexual, o sangue corre para o seu clitóris e vagina, dando abertura, alongamento e lubrificação. Da mesma forma, quando você aplica fitocanabinoides diretamente na vulva, eles também aumentam o fluxo sanguíneo. Esse efeito de vasodilatação é também a razão pela qual os olhos das pessoas podem ficar avermelhados quando ficam chapados. Loucura, né?

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De acordo com pesquisas sobre a vasodilatação nos olhos, o THC estimula a liberação de outros neurotransmissores, particularmente o óxido nítrico (NO). O óxido nítrico faz com que o músculo liso dos vasos sanguíneos relaxe, ao mesmo tempo em que os vasos sanguíneos dilatam e incham com sangue. Esse processo é o mesmo dos medicamentos para disfunção erétil para homens, que também funcionam liberando óxido nítrico.

Por isso, o lubrificante de cannabis não é só para pessoas com útero, e pode ser incrível para qualquer um – independente da sexualidade, do gênero ou qualquer outro fator.

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E vamos de receita!

O lubrificante canábico é basicamente uma extração feita na gordura. Já que os canabinoides são lipossolúveis, eles são transferidos para o óleo de coco com o tempo de cozimento. A alta temperatura também é responsável pelo processo de descarboxilação, que ativa a sua erva, dando a ela seus poderes psicoativos e terapêuticos. Com isso em mente, você vai precisar de:

– 100g de óleo de coco fracionado (MCT), especial para uso cosmético
– 5 a 10g de cannabis, dependendo da potência que você quiser fazer
– Termômetro de cozinha
– Um pote de vidro
– Gaze para coar

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(Arte/Redação)

Passo a passo
– Combine o óleo de coco e a cannabis. Aqueça os dois juntos, em fogo baixo

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– O cozimento pode ser feito de várias maneiras: em banho-maria numa temperatura baixa, por um período de quatro a seis horas, mexendo ocasionalmente; ou em uma panela simples em fogo baixo por pelo menos três horas, mexendo com frequência. Dessa segunda forma, a mistura é mais suscetível a queimaduras

– Ao longo do processo, a temperatura do óleo não deve exceder 118°C. Para controlá-la, use o termômetro de cozinha

– Depois do tempo de cozimento, coe a mistura com uma gaze (sem apertá-la) e guarde o óleo em um potinho de vidro

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Cuidados e dicas das Girls

– Nosso principal alerta é: nunca use nada à base de óleo de coco junto com camisinha! A fricção enfraquece o látex, e faz com que o mesmo estoure. Muito cuidado nessa hora – os preservativos são essenciais para prevenir ISTs, DSTs, hepatites e HIV. Saiba também que o óleo de coco também pode danificar brinquedos de silicone.

– Coe sua misturinha com cuidado. Se você apertar a gaze, vai transferir matéria vegetal para o óleo – o que pode diminuir a durabilidade total do lubrificante canábico

– O prazo de validade do seu lube é de aproximadamente dois meses, e pode ser estendido com refrigeração.

– Lembre-se: usar uma cannabis de qualidade (ou pelo menos limpinha) é fundamental para que os efeitos sejam positivos e não acarretem problemas para a sua saúde. Se for usar prensado, lave e seque bem a amostra antes de fazer a receita

– Também é ideal usar o óleo apenas durante seu período de validade. Afinal, melhor não torcer pela sorte nesses casos!

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– Experimente o lube solo ou em boa companhia, durante as preliminares, explorando seu corpo ou do parceire. Por experiência própria, garantimos que vale a pena!

Não esquece de voltar para nos contar o que achou. Afinal, a gente adora trocar experiências e acrescentar ainda mais – seja na busca pelo prazer, pela intimidade ou pelo conforto com a própria sexualidade.

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